quinta-feira, julho 01, 2010

Sobre ser imoral

Um tapa na cara - página 112 do livro A Alma Imoral, de Nilton Bonder. Citação: "Pessoas atormentadas pelas transgressões da alma muitas vezes se questionam: Mas você tem bem mais do que necessita, porque colocar tudo em risco?". 

Quantos desejos deixamos de concretizar com medo de por em risco o estabelecido até então. Aquele castelo de tijolinhos, colocados um a um, com tanta dificuldade e em tanto tempo de trabalho, arriscar tudo por que? 

E então, o conformismo. 

Não arriscamos, na maioria das vezes, com o medo das mudanças não serem favoráveis e destruir o que foi conseguido com tanto empenho e dificuldade. Mas, ao mesmo tempo, tememos também a incapacidade de não vivenciar tudo o que queremos, afinal ninguém quer viver para cumprir tarefas e fazer delas algo desejável e prazeroso não é fácil. 

O que a moral nos impõem ou que impomos a ela? Quem diz o que é certo e errado? É o corpo que sofre por querer transgredir ou a alma que atormenta o corpo? 

Nada é o correto e todos são errados. 

Um homem está em uma encruzilhada e pergunta a um garoto que brinca na estrada: "Garoto, qual o caminho mais fácil?", o garoto sorri e lhe diz: "depende, existe o caminho curto e longo e o caminho longo e curto", o homem sem entender, decide seguir o caminho curto e longo. Logo ao entrar na estrada pode visualizar o local onde deseja chegar, porém, existem muitos obstáculos que devem ser ultrapassados, obstáculos que acabam por tornar o caminho curto em longo... 

Nós temos mania de optar pelo fácil, mas sem imaginar o quanto isso pode nos custar até que cheguemos onde queremos. Aqueles que optam pelo difícil muitas vezes são julgados como loucos, inconseqüentes, irresponsáveis... Até os sonhadores, são vistos como lunáticos, que não enxergam a realidade e tomam para si as cores de um mundo melhor. Muitos gênios da humanidade foram chamados de loucos, porque suas ideias e criações não eram consideráveis "aplicáveis", ou talvez porque, na realidade, eles estivessem contestando o modelo de vida atual, os dogmas, as crenças, o próprio estabelecimento... E sabemos que, quando contestamos podemos ofender seriamente, principalmente aqueles, defensores do estabelecimento e da moralidade.... 

Talvez seja por isso que ofendemos a nós mesmos tantas e tantas vezes. Mas antes sentir-se ofendido por ter provocado do que não ofender jamais.   

A transformação ocorre sempre que um indivíduo se percebe como tal, e na condição de não ser obrigado a aceitar as correntes que o prendem, pois desde sempre, temos escolhas. Que caminho você vai seguir: o curto e longo ou o longo e curto? É tudo tão... relativo...