domingo, novembro 14, 2010

A estrada



Quando me coloquei a caminhar objetivando um determinado lugar, percebi que para chegar ao destino existiam diferentes passagens e qualquer uma delas poderia ser tomada. Cada passagem tinha seus perigos, ainda mais por eu não poder retroceder após escolher, e também não era possível dizer qual delas seria a mais "correta", ou a mais sensata... Dessa maneira ficava cada vez mais difícil a decisão final, e fui indo a passos curtos, temerosos e tímidos, atenta a qualquer "sinal" ou presságio de boa e má sorte. O tempo passando e eu decidindo a cada curva... e então na encruzilhada, parei. A partir daqui, os passos curtos e as pequenas escolhas não significariam uma continuidade para duas possibilidades... A partir daqui uma escolha implicaria na falência da outra, e determinaria novas direções dentro da estrada escolhida. Retroceder não era possível, esperar talvez, mas não muito. Embora já tivesse tomado minha decisão, fiquei ali, parada e me sentei num tronco, fiquei espetando folhas secas num pequeno graveto, e quando este se encheu eu as tirei e logo me pus a colocá-las novamente, e novamente, e mais uma vez...
O próximo passo muda muitas coisas, e não sei se por medo ainda não levantei do tronco. De todo modo, isso não é insegurança, mas às vezes temos tanta certeza de algo que passamos a ter medo e duvidar dessa mesma certeza. Dizem que tudo em excesso faz mal. É verdade, eu já espetei folhas demais, está na hora de levantar e continuar caminhando. A estrada é longa, e terão muitas encruzilhadas pela frente. Fiquei até pensando que... talvez se eu ficasse mais tempo aqui, me sentiria tão a par das decisões, que tomaria por escolha me tornar uma folha. Afinal, o vento bate e elas tomam rumo seguindo o curso, não precisam tomar decisões e nem se preocupar em chegar a algum lugar, elas são assim, meio nômades... não são por completo porque não vão pra onde querem e na hora que querem, elas são levadas de chão em chão, ao ar, ao mar... E foi por isso que me levantei depressa. Não cheguei até aqui para deixar que outro decidisse por mim. Pois, cada um de nós é responsável pelo curso de nossas vidas, às vezes nos cansamos de procurar incansavelmente respostas pra tudo, talvez apenas seja preciso sentar e relaxar um pouco, porque somos humanos, e isso é tudo o que sabemos uns dos outros. E agora o que posso dizer, é que aprendi muito com as folhas. Até a próxima encruzilhada.