terça-feira, fevereiro 26, 2008

"Profitez de I'instant"

É só no que tenho pensado - aproveitar o momento. E dá pra incluir tantas coisas nesse simples pensar... Mas é uma idéia que a gente não pode deixar passar, ficar pensando no que poderia, no que seria, no que viria a acontecer... Ah, assim não vale, assim não é aproveitar. Après tout, a vida passa, corre com o menino dos sonhos dos olhos dourados, de mãos dadas com o tempo, que envelhece nosso I'instant e julga nossa alma, põe medo nas nossas vontades, provoca as nossas vertigens, e no fim das contas, somos nós mesmos... Très bien. Mas chega um momento em que nos perguntamos "Pourquoi? Et pourquoi pass?"
Fazer quelque chose de bonito, ainsi fortement beau... Porque sentir o momento e fazer o momento são coisas totalmente diferentes, mas que caminham de mãos dadas.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

O Espelho - Alberto Caeiro


O espelho reflete certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.

Goya - "Las majas"




Na mata.

Ela corria para ele como se seguisse seus passos, pois ele não parava, 'ele nunca pára', pensava ela. Não se importava, sabia o que estava fazendo e para onde estavam indo, sabia que era importante e o ouvia dizer "apenas não se esqueça de quem você é - você sabe..."
Mas a caminhada parecia infinita, um piscar de olhos e sempre a mesma cena, ela correndo e ele indo embora, ela criança e ele 'pai', ela brincando e ele caçando... Ela também lhe dizia "nunca solte a minha mão"... E ele: "sempre vou estar aqui, mas não se esqueça"
Sua voz calma e autoritária ressoava entre as árvores de onde ouvia-se apenas o cantarolar dos pássaros e o suspiro do vento. O lugar onde ele estava agora era vazio, deixou sua força e sensatez nas folhas pra que ela soubesse que ele não foi embora.
Desde então, ao fechar os olhos seus outros sentidos se aguçavam e ela podia ouvir, podia sentir o Pai na natureza, a natureza nela mesma, aos sons do vento, do mar, das folhas estalando, os grilos, os pássaros, a eternidade.

domingo, fevereiro 10, 2008

Conto não...

Tantas histórias pra contar, que fica difícil começar assim sem ser errado. Por isso a gente não começa, muitas opções ou poucas, nunca estamos contentes em começar. Ah, desculpe... Nunca estou.
A gente tem tanto pra fazer que acha que o tempo é pouco, enrola... enrosca... e fica nisso. Porque todo mundo pensa que tudo tem um fim, que o que é bom não é pra sempre, que pra sempre não existe. Por que então as pessoas dizem... pra sempre?
As coisas começam, acabam e começam. Como um ciclo sem fim, porque tudo na vida tem um fim, e pra cada fim existe um começo. Tem mil coisas que passam pela minha cabeça agora, e mil coisas que vão embora. Bom, vou começar por uma delas.... Depois eu conto.