sexta-feira, março 20, 2009

...

Ontem eu tentei ver nas nuvens formas conhecidas como costumo achar, mas vi apenas, formas de nuvens a desfazer-se com o vento. Já era noite e a lua não clareava a abóbada celestial. Meus pés cansados, meu sono inútil e a Brigite que começa a apertar-me as entranhas, já me faziam ânsia da ausência da casa minha. E na minha companhia, um amigo para acalmar os males anímicos e contar os defeitos do mundo na constante preguiça alheia.
Debates filosóficos sobre a risada das focas, histórias da pulga e sua forte resistência ao dominar o sono, palavras de Caeiro, sobre enxergar nas cousas a diferença daquilo que havia sido antes. Porque o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto. E entre tanto, a discussão da felicidade, das correntes que nos prendem ao mundo capitalista e infame, da (in)segurança constante nos homens que não saberiam sem ela viver, e falar disso como pássaros, cantando felizes em suas gaiolas, ah, pobres pássaros! Que não conhecem da felicidade o tamanho céu que lá fora espera, com suas garras sim, seus predadores e medo, mas com toda a liberdade impagável. E ainda os amores mal compreendidos, inseguros deles próprios. A escassez de coragem, do salto ou mergulho dos corações solitários, que vivem o martírio de um relacionamento sem troca, alheio do sentimento verdadeiro, da comunhão entre ambos, ligados apenas pela aceitação um do outro.

"Amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor." (Maiakovsk)

E hoje eu entendo o verdadeiro valor da troca.

quarta-feira, março 18, 2009

Momento anti-romântico.

Às vezes acontece. E isso se reflete nos textos, o que sentimos, o que pensamos, mas nem sempre o que verdadeiramente acontece. Estou numa fase um tanto quanto "anti-romântica" como têem percebido nos últimos textos, mas, nunca estive tão apaixonada. Isso porque eu sou assim! Não sou das mais românticas dessa geração, bem, estou longe de ser. E porque a vontade de escrever sobre isso? Hum. Algo me inquieta. E excepcionalmente hoje.
Falemos de romantismo, do amor, das convenções, das trocas, do respirar o mesmo ar, de trocar suor, unir os corpos, bem, aí já fomos parar na questão: "Sexo ou Chocolate?"
Eu continuo com os dois.

Papéis trocados.

- Bem, depende de a quê você se refere.
- Mas como assim se você sabe muito bem ao que me refiro?! Ontem, quando estava sozinha, você..
- Ah sim! Ontem. Mas querido por que tanto ciúmes, precisa confiar mais em mim.
- Ah então você confirma! Eu nem disse nada e você já está me dando as respostas!
- Mas você acabou de me dizer, sobre ontem, e não, eu não estava sozinha.
- Viu... Ah, não estava? É claro que não estava, eu sei disso muito bem, estava na reunião do conselho, cercada por tantos e tantas...
- Eu estava com o Paulo.
- O quê?! Mas e a reunião? E seus deveres lá, suas obrigações?
- O Paulo participou da reunião e depois fomos tomar um café.
- E você me diz isso assim, com tanta naturalidade? O que quer que eu pense?
- Que eu tenha beijado Paulo.
- Beijou?
- Beijei.
- ............E você diz que eu preciso confiar mais em você? E agora, simplesmente, secamente, me diz isso. E por que o Paulo?
- Bem, recaídas acontecem.
- E eu? Onde fico nessa história toda? Significo algo pra você?
- Eu te amo.

quinta-feira, março 12, 2009

Nem tudo é o que parece ser.

Você se lembra de quando nós nos conhecemos, quando entre tantos trocamos olhares, assim, sem a intenção de algo permanente... Sem a idéia de que um dia nossos lábios dançariam aquela música, nossos corpos se uniriam naquele calor momentâneo. Aquele calor, presságio de um comprometimento mútuo de nós dois. Sim, e eu te sussurrava palavras doces, de vontade, você me arrepiava com toda aquela improvisação espontânea do teu suor.. Ah! Escorriam pequenas gotas por todo teu corpo e eu me apaixonei quando nos provamos um ao outro. Quando num momento mágico nossos lábios se encontraram entrei em êxtase, a primeiro instante, tomei-te em mim com receio, era algo novo, algo que nunca havia sentido. E as pessoas apostavam na gente, sim, até hoje! Diziam que nós combinávamos, e então sempre nos encontrávamos, e cada instante era como no começo, e eu me apaixonei. Me apaixonei perdidamente, e você não faz idéia do quanto foi difícil quando descobri que nem tudo é o que parece ser. Que nós nos prendemos a pequenos detalhes, detalhes de nós mesmos e das circunstâncias e de todo um processo que envolve o mundo, mútuo e comprometedor... O tempo passou, eu deixei de te ver, foi preciso, pois dizem que quando amamos devemos nos sentir nas nuvens, não que eu não sentisse, não, não era isso, mas meu vício por você aumentou a ponto de eu não poder mais deixar-te, queria ir onde estava, seguir teus passos, provar-te a todo instante, tocar-te, tomar-te em mim! Oh, e quando compreendi que isso não seria mais possível, que muitos já estavam contra nós, que desejavam nossa separação, oh! Você não sabe a dor que isso me causou, mas fui forte, agüentei nossa distância, superei a saudades e nunca deixei de pensar em você, nunca. Agora, livre novamente, venho pedir-te... Volta pra mim... Volta que não mais suporto essa separação, sei que é amor, nunca tive tanta certeza! É como nos grandes romances e como dizem os poetas... Amor só é bom se doer. Ai! Vem aqui...

- Ô Eliseu... Pára de conversar com a cerveja... Tava engraçado, mas já deu né?!!!

quarta-feira, março 11, 2009

Hoje. Excepcionalmente Hoje.

Nada me chama atenção. Nada me convém contar. Escrever. Apostar. Porque hoje. Excepcionalmente hoje. Estou cansado. Tenho as pernas condoídas da corrida na madrugada. Ontem. Quando corria. De um dia para o outro. Corria pensando em. Excepcionalmente nada. Pensando em porquê eu deveria estar pensando em algo. E naquele momento. Excepcionalmente naquele momento. Eu percebi que isso seria impossível. Pois eu havia tentado tirar conclusões. Mas por quê? Que tolice! Por quê temos essa mania. Excepcionalmente essa. De repetição. De querer e buscar significado pra tudo. De querer respostas. De querer compreender o universo. De saber como se faz o mundo. De imaginar que para cada grão DEVE existir uma explicação. Ah! Eu estou inapto para tal façanha. Condoído das idéias. Da pressão interior da alma. Mas como. Se nem ao menos a certeza de uma alma eu tenho? Ah! Mas hoje. Excepcionalmente hoje. Eu não acredito em Deus! Mas eu li Alberto Caeiro. E se Deus é as flores e as árvores. E os mares e sol e o luar. Então eu acredito! E hoje! Excepcionalmente hoje. Acredito em tantas coisas. E. Tudo. Inclusive o Nada. Me chamam atenção.

segunda-feira, março 02, 2009

Especial pra mim...


É acordar com o sol batendo no rosto e saber que tenho mais um dia pela frente
É conseguir pegar o ônibus no meu horário, mesmo que tenha que correr pra isso
É distinguir sons como o cantar de um pássaro entre os prédios da cidade cinza
É encontrar formas interessantes cada vez que olho pro céu
É ter muitas dúvidas sabendo que não tenho resposta pra maioria delas
É sorrir sozinha quando me lembro de algo engraçado ou bonito
É me emocionar todas às vezes que assisto Amèlie Poulain
É comer frango com as mãos e me lambuzar de manga
É tomar banho de chuva sabendo que a sombrinha está na bolsa
É olhar fotos antigas com pessoas queridas e lugares sempre lembrados
É ter um animal preferido, e adorar todos os outros
É visitar amigos, abraçar queridos, amar amores
É não reter as lágrimas, e deixar que elas passem
É desejar estar com você em todos esses momentos.