quinta-feira, maio 28, 2009

PALAVRAS VELADAS

Queridos leitores,

É com imensa satisfação que convido vocês para o lançamento do livro PALAVRAS VELADAS, que reúne poemas de vários autores, inclusive meus.
Participei de uma seleção e meus poemas foram aprovados. O livro foi organizado com base no seguinte critério: registrar a atualização do mais velho propósito da poesia, que é dizer tudo (o amor, a morte, a esperança, a revolta, a sensualidade).

Mais informações sobre o evento no site http://www.andross.com.br/eventos.htm
O livro está disponível para compra/reserva no site da Livraria Cultura
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2800327&sid=2019527771152062561340253&k5=51FBCC3&uid=

Gostaria de agradecê-los, escrever é como atuar, não existe razão se não há troca.

Beijos e abraços!

Amanda Pereira

sexta-feira, maio 22, 2009

A noite

Ei, deixe a porta do quarto entreaberta quando esperar por mim
Tranque-a assim que eu entrar
Deixe aceso o abajur, com aquela luz azul
Pra iluminar o espaço, assim posso te ver dormir
Posso te ver sonhar
Ei, não se esqueça de me ninar
Me embalar nos teus braços, me cobrir de beijos
E rir comigo à nossa felicidade
Não se importe se eu te acordar
Falando, rindo ou te empurrando...
Depois eu volto a te ninar
Eu volto a te ninar.

quarta-feira, maio 20, 2009

À Francesa - Marina Lima

Meu amor se você for embora
Sabe lá o que será de mim
Passeando pelo mundo a fora
Na cidade que não tem mais fim
Hora dando fora hora bola
Uma irresponsável pobre de mim
Se eu te peço para ficar ou não
Meu amor eu lhe juro
Que não quero deixá-lo na mão
E nem sozinho no escuro
Mas os momentos felizes
Não estão escondidos
Nem no passado e nem no futuro
Meu amor não vai haver tristeza
Nada além de fim de tarde a mais
Mas depois as luzes todas acesas
Paraísos artificiais
E se você saísse à francesa eu viajaria muito muito mais

sexta-feira, maio 15, 2009

"Em pedaços"

"Quando pegamos apenas migalhas de felicidade, apenas restos, e logo os perdemos, como se dá comigo, pouco a pouco vamos nos tornando duros e maus..." diz Macha, personagem de "As Três Irmãs" (Anton Tchekhov - 1901).
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Eu avistei um vaso, ele quebrou-se
Eu reuni seus cacos
Juntei-os todos, pus no bolso, não
Joguei-os fora, deixei na rua
Eu fui embora
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"Enquanto esperamos... É preciso viver, é preciso trabalhar. Somente trabalhar." diz Irina, irmã de Macha.
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Foi o que eu quis, ir embora
Machuquei os dedos
Cortei-me em segredo
Mas todos sabem
Que era só o medo
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"Minhas queridas irmãs, nossa vida ainda não terminou. Viveremos" diz Olga, a outra irmã.
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Meu medo calou-me a boca
Naquele momento
Respirei o ar que sumira
E cuspi as palavras no vaso
Nos restos... Do vaso
Minhas mãos trêmulas
Ergueram os pedaços
Juntei-os todos, pus no bolso, sim
Cortei-me
Soltei na mesa e os reconstruí
Destruir para construir
Pedaço por pedaço
Pedaço por...
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"De que vale a pena se esforçar se tudo é em vão?" diz Irina.
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Não importa quantos sejam
Não importa quanto tempo leve
Nem quantas feridas cause
Me importa terminar...
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O vazio persiste dentro daqueles que não compreendem o espaço
É preciso conhecer-se para completar-se.
Despir-se às máscaras do improvável
Não é fácil, é doloroso.
É preciso cair, quebrar-se em pedaços
Reunir-se em si e compreender o outro
O que hoje são apenas cacos
Amanhã poderá ser um belo mosaico
De possibilidades infinitas... De possibilidades...
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E assim diz Sartre: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você."

segunda-feira, maio 11, 2009

Para uma ética de convivência

A não comunicação entre as partes fora muitas vezes discutida como causa de desestruturação, seja entre amigos, familiares, desconhecidos, conhecidos...
Existe um manual para o bom relacionamento entre as pessoas? Como evitar as brigas, as discussões desnecessárias, tantas vezes por bobagens, tantas vezes incompreensíveis?
O motivo disso tudo é claro, um mesmo problema é visto por várias ou, ainda que duas pessoas, de maneira diferente. Cada um posiciona-se de uma maneira perante um fato ocorrido, ainda que exista concordância, alguém, em algum momento discordará, pelo simples fato de que somos criados com valores herdados de uma população, em uma casa, com uma família, a nossa sociedade. Recebemos informações e somos estimulados a aceitá-las, para manter a "ordem" e estimular seu desenvolvimento. Onde nos dizem o tempo todo o que é certo e errado, ético ou não, onde existe julgamento, injustiça e preconceito.
O que leva dois adultos a discutirem assuntos sem solução? Ambos sabem onde se encaixa o problema, sabem que não vale a pena... Ainda assim, brigam feito galo disputando quem grita mais alto. E quando alguém tem razão, outros teimam em aceitar, buscam meios de encontrar falhas naquilo dito, mas não se preocupam em avançar com novas propostas de solução. Mas também, como julgar quem tem razão?
Essas desavenças são presentes em todos ambientes, acontecem no trabalho, em casa, nos estudos, acontecem entre pessoas, onde há pessoas. E existe solução?
Bom, quando alguém a encontrar por favor me avise, mas enquanto não, acredito que ouvir mais, respirar fundo e buscar compreender antes de qualquer coisa, são de grande ajuda, pelo menos tem sido para mim, ainda que às vezes aconteçam escorregões.

sábado, maio 09, 2009

Ponto final

Conto-lhe um... dois, três, mil... mas UM é o bastante.
É o que já conheces, mas não enxergas.
Serás miope? Ou sofres de cegueira crônica?
Os versos muito dizem, para aqueles que quiserem deles tirar algo
Contradizem a vontade dos que querem diferente
Tens vontade de que acabe? Não dê certo como ocorreu-lhe?
Pois continue assim, se mordendo, rindo, debochando
Continue perdendo o tempo, se lamentando
Poste a réplica, se explicando
Encontre um meio para dizer o contrário
Saiba, é inegável, sei, e não sinto nada
Tenha raiva até seus últimos dias
Deseje sua morte por uma vida sem alegria
O tempo demora a passar? Ou passa depressa em tua vida?
Não culpe, não julgue, não se meta
Lamente-se apenas por lamentar-se e deixar que esse tempo passe
Sem histórias, sem vida...
Conto-lhe um... dois, três, mil... mas UM é o bastante.
É ponto final.

terça-feira, maio 05, 2009

Ali, meu lugar...


Ah como seria bom se
Ali, bem ali naquele lugar eu
Estivesse a vontade para não ouvir não
Escutar, fechar os olhos e também não ver não
Ver o que se passa o que se
Ouve, tanto barulho por nada
Houve tanto barulho por nada
Mas ali, bem ali naquele lugar ouço
O barulho do meu travesseiro que
Conversa com meu peito apertado sobre a
Cama, ingrata noite com pesadelos e
Dores nos ouvidos, nos olhos das lágrimas
O barulho incomoda, o silêncio... Era apenas silêncio...
E ali, bem ali eu desejava presença de falas, não
Mais o silêncio, não mais solidão e só não estava
Conversei com as paredes, a porta e a janela, fiz
Barulho com as falas, as conversas solitárias
Conversei e briguei até lembrar o sono nos olhos e
A saudade dos sonhos... Bateu-me o medo da realidade e
Começaram os pesadelos
Acabou sem nenhum bom dia... Bem ali, ali...