quinta-feira, dezembro 23, 2010

Feliz Natal e um próspero ano novo!

Amigos,

Deixo aqui meus sinceros votos de felicidades a todos, que neste Natal mais abraços possam ser dados e que este ano que chega seja muito melhor do que o passou, e assim seja sempre.

Beijos e abraços,
Amanda.

domingo, novembro 14, 2010

A estrada



Quando me coloquei a caminhar objetivando um determinado lugar, percebi que para chegar ao destino existiam diferentes passagens e qualquer uma delas poderia ser tomada. Cada passagem tinha seus perigos, ainda mais por eu não poder retroceder após escolher, e também não era possível dizer qual delas seria a mais "correta", ou a mais sensata... Dessa maneira ficava cada vez mais difícil a decisão final, e fui indo a passos curtos, temerosos e tímidos, atenta a qualquer "sinal" ou presságio de boa e má sorte. O tempo passando e eu decidindo a cada curva... e então na encruzilhada, parei. A partir daqui, os passos curtos e as pequenas escolhas não significariam uma continuidade para duas possibilidades... A partir daqui uma escolha implicaria na falência da outra, e determinaria novas direções dentro da estrada escolhida. Retroceder não era possível, esperar talvez, mas não muito. Embora já tivesse tomado minha decisão, fiquei ali, parada e me sentei num tronco, fiquei espetando folhas secas num pequeno graveto, e quando este se encheu eu as tirei e logo me pus a colocá-las novamente, e novamente, e mais uma vez...
O próximo passo muda muitas coisas, e não sei se por medo ainda não levantei do tronco. De todo modo, isso não é insegurança, mas às vezes temos tanta certeza de algo que passamos a ter medo e duvidar dessa mesma certeza. Dizem que tudo em excesso faz mal. É verdade, eu já espetei folhas demais, está na hora de levantar e continuar caminhando. A estrada é longa, e terão muitas encruzilhadas pela frente. Fiquei até pensando que... talvez se eu ficasse mais tempo aqui, me sentiria tão a par das decisões, que tomaria por escolha me tornar uma folha. Afinal, o vento bate e elas tomam rumo seguindo o curso, não precisam tomar decisões e nem se preocupar em chegar a algum lugar, elas são assim, meio nômades... não são por completo porque não vão pra onde querem e na hora que querem, elas são levadas de chão em chão, ao ar, ao mar... E foi por isso que me levantei depressa. Não cheguei até aqui para deixar que outro decidisse por mim. Pois, cada um de nós é responsável pelo curso de nossas vidas, às vezes nos cansamos de procurar incansavelmente respostas pra tudo, talvez apenas seja preciso sentar e relaxar um pouco, porque somos humanos, e isso é tudo o que sabemos uns dos outros. E agora o que posso dizer, é que aprendi muito com as folhas. Até a próxima encruzilhada.

sexta-feira, outubro 15, 2010

De que adianta gritar quando todos são surdos?!

Ontem ouvi pessoas discutirem sobre delírio, não somente aquele que denominam loucura, mas muitos outros, como ciúmes, fé, medo, enfim... Delírios causados pela mente. O assunto já me chama a atenção pelo fato de, ser muito delicado, porque existem coisas que julgamos ser erradas, ou delírios como diziam, mas que apenas estão fora dos nossos padrões sociais. Um exemplo, se um índio aparece na cidade todos irão o admirar e o julgar, mas o mesmo ocorre se um executivo, um homem da cidade, aparece em uma tribo. Ou seja, as diferenças variam de acordo com o meio e os costumes de cada sociedade. Mas voltando aos delírios, algo me chamou muito mais a atenção, foi quando falaram sobre os jovens, e sobre se apaixonar. "Quem se apaixona delira de amor e se ilude porque a realidade é outra" ou "os jovens sofrem de delírios quando descobrem o mundo, pois querem abraçar tudo e mudar o que acham que é errado". 
Sou jovem, sou excessivamente apaixonada, pela vida, por quem amo, pelo que faço e pelo que tenho vontade de realizar. É desestimulante não ser compreendida, ou pior, pensar que um dia talvez irei dizer que todos estavam certos enquanto eu sonhava bobagens. Não, não é nisso que penso. Sou jovem, tenho os pés no chão e a alma solta nas nuvens, e se tem algo que detesto é ouvir que um sonho, seja meu ou de qualquer outra pessoa, é ilusão. 
O que é difícil não é impossível, e o que é fácil não tem valor. Quando um jovem pensa assim ele quer mudar o mundo porque acredita que pode, porque o que é de graça não vale a pena, valoriza aquilo que dói, que se conquista mesmo com perdas, porque marca, cicatriza, e vale a pena. O que é material se descarta com o tempo e é substituivel, mas a alma não descarta as boas lembranças e realizações, pelo contrário, registra tudo em detalhes, inclusive as desilusões. Há quem prefira não sonhar para não se iludir, mas e a desilusão de não ter vivido uma realização já sonhada?!   
Quando alguém nos diz pra parar de sonhar, de pensar bobagens, não sabe que essas bobagens podem gerar grandes ideias e soluções no futuro, porque é possível. 
Sonhar não é delírio, é viver, é ter fé e esperança, é lutar e nunca deixar de acreditar. Ninguém nunca disse que seria fácil, o importante é equilibrar mente e coração, e escolher nem com um nem outro, e sim com os dois. 

quinta-feira, setembro 30, 2010

O corpo fala

O trem demorou a passar, foi uma diferença de pelo menos 12 minutos em relação aos outros dias. Entrei. Sentei. Li. Desci do trem. Perdi meu ônibus. Foi uma diferença de pelo menos 12 minutos que se estendeu por 30 minutos. Sentei. Aguardei. Foi aí que vi um grupo de mudos se comunicando. Sempre achei interessante a linguagem de sinais. Dizem que todos devem aprender inglês, porque é o idioma universal, mas eu acho que deveríamos aprender libras porque é a linguagem do nosso corpo, é o que todos temos em comum. Afinal, falar inglês não me proporciona a experiência de me comunicar com um mudo ou surdo. 

Acho que os trens atrasam porque precisamos que os minutos se estendam. Eu teria perdido aquela deslumbrante apresentação se estivesse no meu horário. Era como um Ballet, com o fundo musical de buzinas e um cenário poluído. Uma moça gesticulava intensamente as mãos, passando sobre a cabeça, dando voltas, subindo e descendo em ritmos acelerados e calmos... Os rapazes a acompanhavam e esperavam seu momento para expressar. O interessante nessa linguagem é que aprendemos a ser pacientes, cada um tem a sua vez de se pronunciar. Se todos decidirem gesticular ao mesmo tempo, seria impossível compreender. Temos que ouvir, ou melhor, ver o outro falar. 

Só ganhei ao perder tempo. 

terça-feira, setembro 28, 2010

Hoje choveu

Tenho vontade de chorar.
Tenho vontade de gritar.
Tenho vontade de sair de mim.
Mas de poder voltar.

Quero primeiro querer sem imaginar se o que eu quero é possível
E não primeiro imaginar para depois não querer mais

Algo aqui dentro pulsa.

Hoje mesmo quis fazer tantas coisas
Quis ser dona do meu trabalho
Quis ser dona do meu destino
Quis que ficasse noite com muitas estrelas
Quis que todos pudessem querer coisas boas
Coisas que se realizassem
Quis mudar o mundo! 

Mas sempre descubro que é ilusão
Não me conformo! Não me conformo! 
Também não sei como começar

Quero ajudar
Quero tentar
Não tenho medo de cair e me machucar
Tenho medo de não conseguir ajudar

É lamentável 
Não querer mais lamentar
E não saber como é o primeiro passo
Afinal como é?

Como se faz para andar? 
Afinal como é?

Como se faz para ensinar?
Afinal como é?

Faz uma semana, que todos os dias pela manhã, eu vejo o homem sentado na mala, sem rumo, sem identidade, sem expressão alguma. Todos os dias, e sem mudanças. Mas hoje, ele era um homem diferente, um homem sentado na mala, sem rumo, sem expressão alguma que segurava um guarda-chuva. Um guarda-chuva quebrado e rasgado. 

segunda-feira, setembro 27, 2010

O que é maior

Procure por medo e o encontrará.
Já a solidão não.
Aqui não há, senão esta já escrita e outra noutro verso.
Isso, se dessa maneira a procurar.
Pois há quem diga - que ela está mesmo quando não está.

Curioso, no mínimo curioso. É também Subjetivo.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Desfaleço

Na sala, vazia, me havia, me havia. 

Ora, então não estava vazia se lá me havia.
Que sentido bobo o de haver, pois é possível estar e não estar. Como se diz, quando estamos num lugar, porém noutro.
Ah, pra quê complicar?! O que dizia?! Ah, sim...

Na sala, não vazia, me havia, me havia.
E existia tanto de mim que eu não cabia.
Gritei, mas nem minha palavra eu ouvia. 
As paredes apertavam-me os lados, a fronte e os tímpanos. Zunia tudo, o mundo, dentro de mim. 
E eu me havia, me havia assim. Toda zunida e muda, com o corpo gordo, pesado em cima de mim.
Na sala pequena, miúda, eu me via.
O aperto no peito, me assaltava querendo explodir. 
Não tinha espaço pra tanto de mim, não podia fugir.

Oh! Ali, bem ali... Está a porta. Mas é tão pequena. 
E eu crescia, crescia.
E a porta. Era porta. Permanecia imprópria. Somente porta. 
Tudo estava assim a minha volta.
E eu crescia, crescia.
A porta, não.

Pois sim, sou eu, minhas divagações a cerca de outro alguém que é, senão eu mesma, ou você, ou outra pessoa desconhecida. Divagações?! Não deveria divagar sobre o que me é importante. Pois sou eu, a gorda, que sente o peso da existência mútua, do que é ser humano. 
Pois sim, sou eu, quem mais?! Senão eu, que vejo a porta, a alguns passos, mas não a abro. Pequena, pequena porta. Serei eu tão grande que não consigo sair de mim?!
Pois sim, sou eu, eu mesma, que não sei se Sou ou do que se trata quando afirmo que não é de mim, de dentro de mim, que cresce, ou que explodi uma vez por dia, uma vez mais, todo dia, a vontade de caber em algum lugar. 

Eu. Eu me havia, me havia.

Pronto. Te passo. Está pronto.

Não. Não tanto.
Nem. Nem pouco.
Acho. Um outro.
Pronto. Tem ponto.
Muda. A regra.
Letra. Do ponto.
Coisa. Me dá.
Outro. Te passo. 
Pronto. 

segunda-feira, setembro 20, 2010

(Des)ajuste

Milhares de pensamentos me vem à mente, mas não consigo esboçar nenhum no papel. Será que me falta vontade? Não, isso é o que mais há. Talvez seja esse o motivo de minha persistência em não dizer tudo aquilo que ainda desconheço. Pois penso, mas quando escrevo não penso mais. E assim tem sido esses tantos meses: brandos, brancos, banidos de qualquer entusiasmo lingüístico.
Ah! Se a escrita fosse minha profissão, eu já estaria sem emprego, pois sem o da palavra já estou praticamente.
Não me lembro disso ter me ocorrido anteriormente, lembro-me, pois, que estive ausente em inspiração, mas esta não tardou a voltar e eu não demorei a esboçar tudo o que ela me permitia. Porém, não me recordo de ter permanecido tantos meses com entusiasmo, imaginação e sem saber como descrevê-los no papel. Isso tudo me é frustrante.

-         Ora! Aqui estou novamente, escrevendo, mesmo que sobre o meu sentimento de escrever.
-         Isso não se pode considerar.
-         E por que não?
-         Onde estão os contos, as fábulas, as crônicas? Onde está a poesia?
-         Antes de tudo está em nós.


Talvez o difícil seja encontrá-la. Talvez ela desapareça em certos momentos, como quando estamos felizes ou apaixonados. E talvez isso se dê porque estamos tão transbordantes dela, que não a vemos, apenas a sentimos. Eu vejo tantas imagens. Quando tendo transformá-las em letras, elas se dissolvem e eu as perco. Como o vento que desmancha um desenho de nuvem no céu. 

Ontem eu descobri...

Que as células procarióticas possuem uma estrutura muito simples, diferentemente das células eucarióticas, que possuem envoltório nuclear e são compostas por diferentes tipos de organelas.

Que gosto de música clássica, óperas e música instrumental. O lírico me acalma, me faz vibrar e querer sair bailariando por onde estiver.

Que brócolis além de possuir mais nutrientes que couve-flor é mais interessante, ainda mais quando temperado com alho e refogado na manteiga, hummm...

Que Emile Zola, o principal expoente do naturalismo na Europa, acreditava que se o teatro não fosse naturalista não poderia então, existir.

Que pensar em solidão e não se sentir solitário é praticamente impossível.

Que no Reino dos animálias encontramos os grupos dos invertebrados e dos vertebrados. No que diz respeito aos vertebrados, encontramos as aves, os peixes, os répteis e os mamíferos no grupo predominante dos Cordadas, e no que diz respeito ao Filo dos invertebrados... Ainda estou descobrindo.

Que se eu levar marmita para meu trabalho todos os dias, vou economizar em torno de R$ 50 reais por semana.

Que é super interessante e divertido aprender inglês com o Groover e Cookie Monster da Vila Sésamo. To sing with Groover: Around Around Around Around... Over, Under and Through, Near and Far... And too... Cookie Monster said: Food. He’s a big eater. 

Que não precisamos ter um motivo para escrever, pode-se escrever sobre a própria motivação por exemplo.

terça-feira, agosto 17, 2010

Fuga

Não lembro de tudo, lembro do fim, do que é mais recente... o restante esqueci, não sei. Lembro que corriam... ela era pequena, devia ter talvez 12 anos, estava com alguém, eles corriam muito rápido.

Era uma pedreira... tinha pedras por todas as partes, e cercas de arame como redes, tinha pessoas empurrando carrinhos.... além de correr eles subiam pelas cercas... pulavam os obstáculos.

Tudo parecia uma brincadeira, talvez estivessem fugindo.

quinta-feira, julho 01, 2010

Sobre ser imoral

Um tapa na cara - página 112 do livro A Alma Imoral, de Nilton Bonder. Citação: "Pessoas atormentadas pelas transgressões da alma muitas vezes se questionam: Mas você tem bem mais do que necessita, porque colocar tudo em risco?". 

Quantos desejos deixamos de concretizar com medo de por em risco o estabelecido até então. Aquele castelo de tijolinhos, colocados um a um, com tanta dificuldade e em tanto tempo de trabalho, arriscar tudo por que? 

E então, o conformismo. 

Não arriscamos, na maioria das vezes, com o medo das mudanças não serem favoráveis e destruir o que foi conseguido com tanto empenho e dificuldade. Mas, ao mesmo tempo, tememos também a incapacidade de não vivenciar tudo o que queremos, afinal ninguém quer viver para cumprir tarefas e fazer delas algo desejável e prazeroso não é fácil. 

O que a moral nos impõem ou que impomos a ela? Quem diz o que é certo e errado? É o corpo que sofre por querer transgredir ou a alma que atormenta o corpo? 

Nada é o correto e todos são errados. 

Um homem está em uma encruzilhada e pergunta a um garoto que brinca na estrada: "Garoto, qual o caminho mais fácil?", o garoto sorri e lhe diz: "depende, existe o caminho curto e longo e o caminho longo e curto", o homem sem entender, decide seguir o caminho curto e longo. Logo ao entrar na estrada pode visualizar o local onde deseja chegar, porém, existem muitos obstáculos que devem ser ultrapassados, obstáculos que acabam por tornar o caminho curto em longo... 

Nós temos mania de optar pelo fácil, mas sem imaginar o quanto isso pode nos custar até que cheguemos onde queremos. Aqueles que optam pelo difícil muitas vezes são julgados como loucos, inconseqüentes, irresponsáveis... Até os sonhadores, são vistos como lunáticos, que não enxergam a realidade e tomam para si as cores de um mundo melhor. Muitos gênios da humanidade foram chamados de loucos, porque suas ideias e criações não eram consideráveis "aplicáveis", ou talvez porque, na realidade, eles estivessem contestando o modelo de vida atual, os dogmas, as crenças, o próprio estabelecimento... E sabemos que, quando contestamos podemos ofender seriamente, principalmente aqueles, defensores do estabelecimento e da moralidade.... 

Talvez seja por isso que ofendemos a nós mesmos tantas e tantas vezes. Mas antes sentir-se ofendido por ter provocado do que não ofender jamais.   

A transformação ocorre sempre que um indivíduo se percebe como tal, e na condição de não ser obrigado a aceitar as correntes que o prendem, pois desde sempre, temos escolhas. Que caminho você vai seguir: o curto e longo ou o longo e curto? É tudo tão... relativo... 

quarta-feira, junho 23, 2010

Sobre o processo de Desconstrução

Coloco aqui minhas considerações sobre o processo vivido até então, com a peça de teatro Fragmentos Tchekhov.

Existem diversas maneiras de se construir um espetáculo, uma delas, e talvez a mais comum, é a construção a partir da dramaturgia. No caso da obra citada, um início foi somado a outros, reunindo diferentes fragmentos até a sua composição final. 

A escolha do texto, a distribuição das personagens, os jogos teatrais, as experimentações em cena, o ator como elemento fundamental, a pesquisa cênica e tantas outras questões..., na verdade, não são o que quero descrever aqui. 

O processo a que me refiro, é o processo interior, que acontece dentro de cada indivíduo ao se deparar com o novo, o inusitado, ao surpreender-se com descobertas, que muitas vezes estiveram ali e só puderam ser vislumbradas quando confrontadas. 

Então mergulhem comigo, mas não me compreendam.
Compreendam a vocês mesmos.  

FRAGMENTANDO 

Destruir para construir. 
Essa é uma expressão 'chave' na peça, presente tanto na forma épica (de como a peça foi estruturada) quanto em sua própria dramaturgia. 
Para se destruir é necessário que exista algo já construído. Ou seja, para um fim é necessário um início. 

Pois bem, prazer Tchekhov. 

Um dramaturgo preocupado em falar de seu tempo, de pessoas comuns e acontecimentos comuns. Tchekhov questiona a inércia em "As Três Irmãs" através da inércia. As personagens que constituem a família demonstram bem esse papel, ao fazer Nada quando vêem todas expectativas desmoronando sobre seus sonhos, ao fazer Nada, antes mesmo que a expectativa surgisse. 
Ter expectativas pode parecer bom, mas se elas existem, e em grandes quantidades, corra e evite aquilo que pode se tornar cômodo - a espera. Ter expectativas, às vezes, pode provocar a inércia.
Perante tantas desilusões, as irmãs, o irmão Andrei e sua mulher Natacha, mergulham na solidão de suas expectativas, cada um com aquilo que não conseguiu, e talvez porque nunca tenham de fato tentado.

Somado à dramaturgia de Tchekhov, foram empregadas notícias cotidianas, de publicações em jornais e revistas. Discussões sobre um novo estudo sobre o câncer de mama, liberação da maconha nos Estados Unidos, proibição da caça às focas na Rússia e tantos outros acontecimentos declamados na peça, de maneira sucinta e tão somente, informativa. 

Outra peça chave são as cartas da atriz e esposa de Tchekhov, Olga Knipper, onde ela narra os ensaios, a preparação para sua estreia na peça "As Três Irmãs" e nos mostra coisas tão próximas da vivência em um espetáculo. A vivência que não se resume entre ator e espectador, mas sim a todo um conjunto de pessoas e questões que estão fortemente ligadas ao que queremos enquanto profissionais e ao que queremos pra vida. Há uma passagem em particular que me chama muito a atenção: "porque não fui capaz de defender o meu ponto de vista?". Quantas vezes nos deparamos encurralados com questões para as quais sabemos as respostas, mas na hora H, no momento crítico que é quando a questão é formulada, não sabemos respondê-la. E momentos depois, após a reflexão temos uma luz, uma espécie de esclarecimento quanto a questão, mas então, nada mais seria válido, pois já se teria passado a oportunidade ou o direito de resposta. Bem, depois de tantas vezes ter acontecido comigo, aprendi que de todo não foi perdido, pois pude pensar com calma e obter as melhores respostas, ainda que para mim mesma. Talvez, ter todas as respostas na ponta da língua seja apenas mais uma maneira de massagear o ego. Respirar, refletir e conviver é essencial.  

E por falar em convivência, surge o último (e também primeiro, entenda-se que não existe uma seqüencia lógica) tema abordado na peça. A desestruturação familiar. Praticamente todos os elementos são diretamente ligados a essa questão. Desconstruímos um texto, selecionamos as personagens que constituem a família e questionamos a desestruturação familiar. Aqui, foram empregados depoimentos particulares dos próprios atores. Foi engraçado. Em um determinado momento do processo o diretor (Samir Signeu) pediu aos atores que escrevessem sobre "família", o que viesse à mente. No momento da leitura, nos deparamos com a coincidência em dois sentidos: ao ler a carta de outro ator nos identificamos muito e ao ler as cartas em conjunto percebemos que todas, em sua essência, eram bastante incomuns. Por quê?! É bom quando somos confrontados com o imprevisível, somente depois de nos perguntarmos e de refletirmos poderíamos responder. Na minha opinião falar de família é como falar de Deus. Por exemplo: pegue cinco religiões, elas tentarão se explicar por diferentes apontamentos o que levará ao mesmo lugar - Deus. E quando falo em Deus falo sobre a essência, pois este pode ser representado por Buda ou pela própria alma. Então creio que, qualquer outro indivíduo que passasse pelo processo que passamos se identificaria com as mesmas questões, claro que, me refiro às questões de identidade, pois cada processo é único e o conceito que leva à desestruturação familiar é universal, pois se trata das relações humanas de convivência. 

A soma desses depoimentos aos fragmentos de Tchekhov tem um contraste muito forte, assim como as notícias. A verdade é que tudo é muito cotidiano, muito próximo à realidade atual, às perspectivas da nova geração. Tudo foi construído para o hoje que também será o amanhã, se assim continuar. A obra de Tchekhov, do século passado, é tão atual quanto as notícias e a realidade familiar apresentadas na peça. Nesses depoimentos a mesmice é questionada através da mesmice

Isso é Tchekhov.

Se você assistiu aos depoimentos e achou tudo muito parecido, então você captou a mensagem. 
Se você assistiu e se identificou com algum deles, então você também captou a mensagem.
Se você assistiu e não se identificou com nada e ficou incomodado, então você também captou a mensagem.

O que importa é que a transformação aconteceu, o incômodo, a percepção, a atenção. E para nós, que apresentamos esse trabalho sem a pretensão de agradar ou torná-lo "fácil' (comum), é extremamente importante ouvir o que vocês, espectadores, têm a dizer. E por isso, agradeço a todas as considerações que ouvi até então, foram todas críticas construtivas, que com certeza contribuíram e muito para a formação de todo um pensamento liberto, após tempos de reflexão.

O movimento aconteceu, e isso basta. Questionar é o ponto inicial para se formular a resposta, mas antes, é preciso se sentir incomodado e saber sobre o que se questiona.

sexta-feira, junho 18, 2010

Ciclo

O vento soprou forte
Folhas secas caíram para que novas pudessem surgir
O verde emaranhado ao marrom dos galhos
O refúgio dos pássaros nos ninhos altos
A secura da ausência das chuvas
Tudo isso
Tudo junto
E tanto mais está por vir...

Se com isso quero dizer algo?
Sim.
Que as folhas nascem, crescem e morrem. 

É simples... 
E nos diz tantas coisas...

quarta-feira, junho 09, 2010

Culpa do tempo

Se eu tivesse mais tempo, remontaria em meus pensamentos diversas formas de dizer o que quero dizer sem que se perceba (talvez eu mesma) o que quis dizer. Mas não tenho tido, culpado o tempo.
Quando sobra um espaço, tão somente pequenino, uma brecha, uma vaga... oh já entenderam... mas se me sobra esse tempo, eu então o dividiria em mil pedaços para que sempre sobre um pequeno espaço. Será? 
Mas se dessa forma, se dividindo o tempo, eu teria então frações mínimas de proveito diário, não podendo gozar tranquilamente do tempo que me restou... ah... então eu prefiro o tempo escasso inteiro... assim é curto, mas aproveito quando o encontro, quando me encontra o provo inteiro e fico a esperar o próximo tempo. 

A quem diga que nós homens mortais, sempre encontraremos desculpas para explicar a falta de tempo com tantas coisas, até mesmo das quais gostamos de fazer, e às vezes as desculpas são a própria falta de tempo.

Queria poder dizer mais, mas há de se aproveitar todo o tempo.

segunda-feira, maio 10, 2010

TEMPORADA PRORROGADA!

Para quem não pôde assistir a peça Fragmentos Tchekhov eis uma nova oportunidade!
Prorrogamos para 13 de junho, e estamos com muitas novidades!


Na próxima semana, dias 15 e 16 de maio, a venda de ingressos será promocional - R$ 5,00. Venda direta no Teatro. Saiba mais www.teatroaugusta.com.br

CONTO COM VOCÊS!

segunda-feira, abril 19, 2010

Peça "Fragmentos Tchekhov" - até 09 de maio de 2010!

Caros leitores,

Sou integrante da Epifania Companhia de Teatro e gostaria de convidá-los para assistir ao espetáculo "Fragmentos Tchekhov" que está em cartaz no Teatro Augusta.

Fragmentos Tchekhov é uma montagem experimental que reúne as estéticas teatrais de Bertolt Brecht (teatro épico) e Jerzy Grotowski (teatro pobre), trabalhadas sobre as frustrações vivenciadas pelas personagens que constituem a família de “As Três Irmãs”. A encenação dialoga com notícias do cotidiano, partes da obra e correspondências de Tchekhov, além de depoimentos dos próprios atores. Ao mesmo tempo em que a montagem é desenvolvida, abri-se espaço para a discussão de um tema comum e universal - a desestruturação familiar.

Em “As Três Irmãs” Tchekhov desmascara o homem, mostrando suas diferentes faces e seu medo para tomar decisões. É implícita a fragilidade humana e, ao mesmo tempo, a força que ela tem para destruir.

São apresentados os pontos de vista das personagens que constituem a família em "As Três Irmãs". Olga, Macha e Irina, as irmãs, vivem na expectativa de que algo mude e temem não realizar seus sonhos; concentravam suas esperanças no irmão Andrei, que após o casamento com Natacha, perde toda a iniciativa e acomoda-se. Não concretiza o sonho de ser professor e torna-se um viciado em jogos.


O espetáculo também dialoga com Pina Bausch, bailarina e coreógrafa, criadora do teatro-dança, que influenciou vários coreógrafos no mundo todo, inclusive no Brasil.
 
As fortes cores dos figurinos, a máscara neutra e a sonoplastia utilizada no espetáculo contrastam com a obscuridade do cenário.

Tchekhov é o autor que presta atenção nos detalhes, no mínimo, na concisão. Ao invés de monumentalidade, o simples, o direto, o objetivo. Uma cena, alguns gestos, algumas frases. E, dessa forma, o desnudamento do mais íntimo do ser humano. Tchekhov acreditava que o teatro deveria falar de seu tempo;
Fragmentamos sua obra, trabalhamos  com importantes e diferentes estéticas teatrais sobre ela, incluímos depoimentos nossos e notícias do cotidiano. Estamos falando do nosso tempo.  

Conto com a sua presença!


ESPETÁCULO: Fragmentos Tchekhov
TEXTO/DIREÇÃO: adaptação e direção Samir Signeu, de trechos da obra de Anton Tchekhov, principalmente de “As Três Irmãs”.
ELENCO: Adriano Dlugosz, Amanda Pereira, Andressa Brasil, Luana Costa, Márcia Funabashi e Simone Carvalho.
Gênero: Drama.
Local: Teatro Augusta – Sala Experimental
Capacidade da Sala: 50 lugares
Duração do espetáculo: 60 minutos
Dias e Horários: Sábado às 21hs e Domingos às 19hs.
Preço do Ingresso: R$.20,00 e R$.10,00.
Classificação etária: recomendado para maiores de 14 anos.
TEMPORADA: de 10/04 a 09/05, sáb às 21h e dom às 19h.
REALIZAÇÃO: Epifania Cia. de Teatro
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Amanda Pereira e Luana Costa
DESIGNER GRÁFICO: Márcia Funabashi
FOTOGRAFIA: Birgit Schrader
APOIO TÉCNICO: Evandro Pires
ASSESSORIA DE IMPRENSA: Luciene Balbino

segunda-feira, março 29, 2010

O não romântico

Perguntava sobre paixão, sobre amor
Dizia não ser romântico
Talvez, um não merecedor
Um sujeito mau
Intencionado
Um sujeito suspeito
Escolhendo as palavras
Os gestos, a fala
Escolhendo todo o tempo
As frases, que já prontas
Foram cuspidas delicadamente
Em voz grave
Com poucas pausas
À moça a seu lado.

Tímida, afetuosa
Roia as unhas
Enquanto o ouvia falar
Sobre a gravidade de amar
Sobre as entregas, as súplicas
A futilidade presente na convivência
Falava sem parar
E a cada frase, entre pausa e outra
Seus olhos se cruzavam
Deixando que o silêncio terminasse a frase
E a frase fosse enfim, encerrada em um beijo.

Ele emudeceu.
Ela sorriu e disse: "como é possível um não romântico, ser tão amável com as palavras a ponto de me fazer acreditar, ser o mais romântico que já conheci..."

segunda-feira, março 08, 2010

Mais que um

Um trabalho em conjunto não deve ser realizado somente por um, a concepção de grupo não deve ser entendida por um, as ferramentas não devem ser disponibilizadas somente por um, é sempre mais que um quando se trata de trabalho em equipe, é sempre pelo menos dois, que formam um conjunto.

É sempre mais que uma palavra para formar a frase.
É sempre mais que uma pessoa para formar um casal. 
É mais que um para vivenciar uma grande paixão.
É preciso mais que um quando se está doente.
É mais que um quando se quer um abraço. 
É mais que um para dividir a felicidade.

Porque felicidade se constrói em conjunto.

quinta-feira, março 04, 2010

Meus pés sairam do chão...

...flutuei por minutos, segundos, nem sei... Naquele lugar, onde agora existe apenas em minha lembrança, encontrei tanta gente, e nesse momento reflito sobre o que escrever se eu nem sei o que aconteceu. Sei que flutuei... Talvez por milésimos de segundos e por isso não lembre ao certo como foi, o que fiz, lembro só que flutuei...

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Tic-tac

Era tarde, mas não tão tarde
Na verdade era manhã, duas horas
Na verdade a hora parou
Não havia tempo
O ponteiro não trabalhava
Na verdade a pilha acabou
E a menina conseguiu dormir
Por tanto cansaço, esgotou
O tempo, voltou
Tic-tac
Tic-tac
Mas o sono dela
Fugiu
Levou consigo o travesseiro
O lençol e os bons sonhos daquela noite
Era cedo, mas não tão cedo
Na verdade era manhã, duas horas
Tic-tac
Tic-tac
A menina acordou.

Mais uma noite

Até onde um sonho pode ser real? Tão real a ponto de não se dar conta se está dormindo ou acordado. E tão incomum. 
Ouvi dizer que vemos aquilo que queremos, ou estamos preparados para ver.
Tocamos em algo concreto por acreditarmos ser concreto. Isso não é misticismo, espiritualismo ou qualquer outro ismo... Se trata de física! A física das possibilidades, é filosofia no mundo das ideias de Platão! 
De todo modo, e sem ceticismo, há o que a ciência não pode provar. Há uma força que age sobre todas as outras, uma força na qual se acredita sem precisar provar. Cada um, em sua sã consciência, a intitula como quer, e escolhe a verdade que deseja acreditar, embora todas levem a um mesmo destino, ainda que ninguém saiba explicar, ou prove. 


O que importa é que todos podem sentir.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Um dia menina...

Um dia menina me chama na cama, da cama caio saio me levanto pro dia nascer depois de mim...
Ainda assim menina confusa cabeça e bicuda se esconde por trás das constelações mais lúcidas do meu jardim.
Que menina travessa de brinde de peito me dá um sossego saber dela enfim,
Existe menina brinca, pula, sacode pra gente não ser mais gente. Pra aprender a ser gente...

Ser

Nunca é tarde para sermos aquilo que gostaríamos de ser
Ser o que na realidade já somos
Ser, e não se importar com o verbo nem as nominações que ele pode levar
Ser objeto direto, indireto, simples, conjugado ou não
Ser apenas, e talvez unir orações
Ser porém, o ser das questões
O sujeito que é
O sujeito ativo
O sujeito simples, composto
O sujeito oculto
Descoberto no verbo
Ou não
Ser não importa o quê
Desde que livres para conjugar o verbo
Na oração que quisermos

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

A estrela do Norte

Pela rua asfaltada ele vai caminhando
Cabisbaixo olhando pro chão
Feito pedregulho todo despedaçado
Ora outra faz espio longo em uma direção
Foi lhe dito que não duraria
Que a estrela brilha forte no Norte
Mas habita na gruta de pedraria
Foi lhe dito que tudo tem sua hora na morte
Que tudo acaba com o tempo, e o tempo
Até a dor dissolve
Até a dor escolhe
Foi lhe dito tanto, que o tanto ficou grande
A ponto dele esquecer os astros
Olhar pro céu e ver só rastros
Da fé que ele teve um dia

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Somos mutáveis

As ideias nos mudam constantemente, de acordo com o momento, com as circunstâncias, com as convivências, com as experiências... De acordo com as próprias mudanças.



O que não pode ser mudado é a ideia de que estamos sempre mudando. 

Marina Marina

Marina nasceu muda
Mas muda de não saber falar
Não muda de não poder falar

Marina nasceu cega
Mas cega de não saber ver
Não cega de não poder ver

Marina nasceu surda
Mas surda de não saber ouvir
Não surda de não poder ouvir

Marina perguntou pra mim
Qual o problema dela ser assim

Problema nenhum pequena Marina
Problema não tem, quem vai te julgar?
Problema é o mundo que vira, Marina
Problema é de quem procurar.

Curtinhas (papo manjado)

Os brothers:

- E aê?
- E aê?!
- Suave na nave?
- Sereno no remo.
- Só.
- Que manda?
- Na paz.
- Só.
- E as novas?
- Nada demais.
- Maneiro.
- Só.
- Só fica nisso?
- Só.

Os manos:

- E ae rapá que que tá pegando?
- Puta meu, tá osso.
- Fala ae, pode confiá, cê sabe que é meu mano.
- Sei lá cara, se eu falá pode sê que fique pequeno pro meu lado.
- Ó maluco, sê você num falá, vai fica mais pequeno ainda.
- Caramba cara, cê acabou de falá que eu podia confiá, que era meu mano.
- Peraí rapá, não vem com historinha pra cima de mim não, cê tá ligado que o barato é loco, e a minha paciência é curta.
- Ta bom, ta bom.
- Então, que que tá pegando?
- Porra cara, sei lá. To com medo de ir pro inferno?
- Que papo é esse meu irmão?
- Cê tá ligado né cara, a gente não samo bom, a gente vamo pro inferno véio.
- Cala essa boca rapá, a gente sua... ó... Se alguém tivé que ir é você, eu tô na limpa com o Cristo, bato lá na porta dele quando chegar minha hora e se o Tio Pedro não me aceitá rapá... Bala nele, um abraço.
- Cê ainda faz piadinha com o lance...
- JC é brother rapá, relaxa que no inferno nóis já tamo.

Um tal Moisés e um tal Noé:

- Moisés, você sabe que o mundo vai acabar em água não é?
- Pelo andar da carruagem... Acredito que sim, mas o que tem isso Noé?
- Bem, eu estava aqui pensando com meus cabelos brancos... Por que não montamos uma sociedade?
- Sociedade?
- Sim! Por que não abrimos um negócio?! "Salvem-se! Quem puder!"
- Tá de brincadeira.
- A galera que acredita que o mundo acaba em 2012 está investindo nisso, existem até grupos construindo acampamentos próximo aos picos mais altos do mundo.
- Sim, ouvi dizer, os Estados Unidos estão até vendendo kits sobrevivência.
- Então meu chapa, essa é a hora. Somos conhecidos, você abre o mar e eu encho a arca! 
- Fechado! 
- ....
- Más... Noé...
- Sim?!
- O que vamos fazer com o dinheiro depois que o mundo acabar?!

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Novo dicionário solto "Ordenei que a ordem fosse passear"

Tarde: é tarde demais.
Cedo: é ceder às tentações tentáveis!
Tentação: é quando tentamos tantas vezes até perdermos a conta.
Conta: todo mundo tem que pagar.
Pagar: cada um tem o que merece.
Merecer: sinônimo de... merecer.
Sinônimo: alguém inventou e disse que era o mesmo que uma outra palavra.
Palavra: conjunto de sílabas.
Sílabas: um conjunto delas forma uma palavra, e um conjunto delas uma frase e...
Hierarquia: eu já disse, até na lingüística!
Lingüística: reunião das coisas que a língua diz.
Reunir: juntar tudo.
Tudo: é muita coisa.
Muita coisa: é coisa prá caramba.
Caramba: é quase palavrão.
Palavrão: uma palavra grande.
Grande: no sentindo de "palavrão" significa "grande o estrago que pode causar"; ou apenas maior comparado aos outros.
Outros: vocês que estão lendo por exemplo.
Você: pronome pessoal.
Pessoal: Mor galera!!!
Galera: Festa!!!!
Festa: Tô indo pra uma!
Fui: Conotativo de saída, desaparecimento, adeus, até logo, até mais, voltarei em breve, mas depois da festa, e assim por diante. 

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Bobagens pra começar

Todas as pessoas têm suas manias, e cá, eu sempre falei sobre as minhas. Faz tempo que não escrevo, porque não sabia o que escrever. Nesse espaço não só compartilho poesia, contos, crônicas... Compartilho a minha vida, as minhas manias. Então que seja.


Aí vão algumas situações que sempre, ou agora, ou ontem observei:

Imagine um dia de semana chuvoso e uma rua, ou melhor, uma calçada cheia de transeuntes segurando guarda-chuva. Sempre comparei alguém que sabe dirigir com alguém que está nessa calçada se desviando de cinquenta guarda-chuvas por quadra. Bem, eu me saio muito bem nas calçadas de São Paulo, com ou sem guarda-chuva nas mãos, mas nas ruas, tenho medo. Ainda não sei dirigir.

Uma vez me disseram que pessoas que roem as unhas têm tendências suicidas, e naquele momento várias coisas passaram por minha cabeça. 1) Que bom que eu já havia parado de roer unhas. 2) Mas não me lembrava de ter tentado ou tido vontade de me matar. 3) A pessoa que me disse começou a roer as unhas. 4) Será que ela tinha vontade de se matar e isso foi uma forma de pedir socorro? 5) Bom, tenho a escolha de roer ou não roer as unhas, mas só os suicidas escolhem como morrer. 6) Isso quando dá certo.
Enfim.

Já reparou que quando alguém te oferece uma bala não deve ser por educação, quer dizer, é uma forma mais educada de dizer que você está com mau-hálito.

Estive pensando nas ciências exatas! No porquê do 4 +4 ser igual a 8 e não a 10. No porquê da fração fazer parte dessa ciência mesmo que seu resultado nunca seja exato. E na lógica de eu ter pensado em todas essas coisas tão bobas e sem destino.

E por falar, pensei também no fim do mundo. Bem, todas as pessoas devem pensar no fim do mundo, ou no fim da vida. O que você faria se te restasse um dia? Mas podemos não acordar amanhã. Então porque não aproveitar desde já!

Conseqüentemente pensei na morte, não na minha, mas na dos outros. Pensei no medo e na dor da perda. Pensei em ajudar e como ajudar e se posso ajudar e que não existe tempo pra pensar tanto, que deve haver mais pra agir depressa, mas falta algo, um impulso, mais credibilidade, mais esperança, mais sonhos, falta algo que estou procurando. Na verdade quando encontrar, vou procurar novamente. Essa busca não acaba, porque a vida continua. E que maravilha que continua.