Milhares de pensamentos me vem à mente, mas não consigo esboçar nenhum no papel. Será que me falta vontade? Não, isso é o que mais há. Talvez seja esse o motivo de minha persistência em não dizer tudo aquilo que ainda desconheço. Pois penso, mas quando escrevo não penso mais. E assim tem sido esses tantos meses: brandos, brancos, banidos de qualquer entusiasmo lingüístico.
Ah! Se a escrita fosse minha profissão, eu já estaria sem emprego, pois sem o da palavra já estou praticamente.
Não me lembro disso ter me ocorrido anteriormente, lembro-me, pois, que estive ausente em inspiração, mas esta não tardou a voltar e eu não demorei a esboçar tudo o que ela me permitia. Porém, não me recordo de ter permanecido tantos meses com entusiasmo, imaginação e sem saber como descrevê-los no papel. Isso tudo me é frustrante.
- Ora! Aqui estou novamente, escrevendo, mesmo que sobre o meu sentimento de escrever.
- Isso não se pode considerar.
- E por que não?
- Onde estão os contos, as fábulas, as crônicas? Onde está a poesia?
- Antes de tudo está em nós.
Talvez o difícil seja encontrá-la. Talvez ela desapareça em certos momentos, como quando estamos felizes ou apaixonados. E talvez isso se dê porque estamos tão transbordantes dela, que não a vemos, apenas a sentimos. Eu vejo tantas imagens. Quando tendo transformá-las em letras, elas se dissolvem e eu as perco. Como o vento que desmancha um desenho de nuvem no céu.
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