terça-feira, outubro 07, 2014

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...de vez em quando eu volto aqui, releio escritos antigos, reflito, escrevo, apago, e escrevo como agora. Talvez esse seja mais um texto não publicado, ou não. A pergunta que eu sempre me faço é "por que parei de escrever?"... mas logo na sequência me dou conta de que sempre escrevi por prazer, por esporte. Simplesmente gosto, gostava, sei lá. Já escrevi sobre tantas coisas...
É sempre um exercício muito bom retornar e reler esses escritos. É como colocar um papel em uma garrafa, lançá-la ao mar, sem a certeza se voltará a ler o que tem em seu conteúdo, e um dia, você encontra a garrafa e vê que o que estava nela permaneceu ali, intacto, sobreviveu ao tempo, à sua espera. Já aqui basta um clique, mas como não costumo ler os mesmos textos sequenciais, é sempre uma viagem retornar a esse espaço sagrado e repleto de histórias minhas, suas, e tantas outras não menos importantes. Bem, boa noite.

sábado, junho 18, 2011

Solesmero - o peixinho verde sol

Era uma vez um peixinho verde que vivia nas margens dos rios, e que tinha o sonho de conhecer o oceano. Sempre fora lhe dito que o oceano era para os grandes e corajosos, e que sendo assim, ele morreria antes mesmo de chegar perto. O tempo passou e o peixinho acostumou-se às lentas ondas que se formavam no leito, ao pôr do sol contemplado por segundos e ao silêncio dos seus companheiros, que quase nunca tinham histórias para contar. Sempre tinha um ou outro que se aventurava para o oceano, às vezes por força de vontade outras por força da maré, mas eles nunca voltavam para contar como fora sua jornada.
Um certo dia, que o pôr do sol durou menos do que o de costume, o peixinho percebeu que havia algo muito diferente. Ele nadava mais depressa, e até fazia piruetas, dava saltos e podia enxergar por segundos o que acontecia lá fora, e mesmo que lhe faltasse o ar, era o que ele mais gostava de fazer. Aconteceu que, em uma dessas vezes, ele deu um grande salto e quando retornava à água pôde ver o seu reflexo... Suas barbatanas cresceram e sua calda se esticou, ele estava maior, mais forte e mais colorido... Suas barbatanas antes verdes, se  transformaram em uma mistura de tons que ele nunca havia visto. Sentiu uma súbita vontade de nadar o mais depressa que poderia, nadou, nadou, nadou, sem olhar para onde estava indo, era mágico saber que podia fazer tudo aquilo, mas então ele parou. Olhou para uma vasta imensidão escura e vazia, ouvia ruídos como  um canto assombrado. Nadou para perto das algas e sentiu vontade de se esconder. O medo tomou conta de si, e sentiu uma vontade súbita de voltar ao seu lar, seguro e pequeno. Ele não se lembrava do caminho de volta. Passou ali, escondido, algumas horas. Então percebeu que lá fora amanhecia quando os raios do sol tocavam a água. De repente tudo se acendeu, e outros peixes começaram a sair de seus esconderijos nadando em direção à superfície. Era tudo, tão, tão colorido e imenso. Eram cores, coisas, e peixes que ele nunca soube que poderiam existir. Maravilhado com tudo aquilo, perguntou para um outro peixinho que passava onde ele estava, esse deu risada e respondeu "olá peixo litorâneo, você está no oceano". Uma sensação estranha tomou conta de si, ele começou a se lembrar de tudo o que ouvira falar do perigo oceano, então ele o julgou perigo e tentador por toda sua beleza, mas mal pôde contemplar ao seu redor que logo os peixes aceleraram a nadadeira, e se puseram em silêncio nas frestas, nas algas, em qualquer canto. O pobre peixinho não entendia o que se passava até que avistou ao longe uma silhueta de um peixei enorme, se aproximando com uma velocidade que ele nunca havia visto. Era um tubarão, o mais temido inimigo dos peixes. Imóvel pelo medo o peixinho só pôde se encostar em uma pedra que estava atrás de si, o tubarão parou à sua frente e o encarou por alguns segundos, de repente um raio de luz que atravessava as águas do imenso oceano, bateu na rocha onde se encostava o peixinho, e fez reluzir uma luz verde resplandecente por toda sua volta, a luz era tanta que cegou o tubarão que pôs-se a fugir. Os peixes saíram de seus esconderijos para contemplar as escamas do peixinho verde, que se tornavam também douradas e metálicas, a ponto de clarear toda a sua volta. O peixinho então ficou conhecido por Solesmero, um peixe cor de esmeralda que virava sol quando a luz chegava à ele. 

terça-feira, abril 05, 2011

Hoje

Eu gosto do hoje e sou feliz agora.
Não que ontem não tenha sido bom, ou que o que espero de amanhã não seja o fantástico.
Ontem foram as perdas e as conquistas; prá amanhã são muitas perspectivas... mas hoje, hoje é o dia inteiro. É o resultado de tudo o que foi plantado, hoje é o que ACONTECE agora e nesse instante... Acontece o que imaginei ontem e o que nunca passou pela minha cabeça, acontece o que estou pensando pro amanhã e que ainda são apenas ideias... Coisas soltas prontas pra cair na terra e crescer. E hoje... só tenho a agradecer tudo e todos por tudo, sou feliz só por estar respirando HOJE. 

Meu hoje é muito especial. Repito isso todos os dias.

quinta-feira, março 17, 2011

Em movimento.

Eu parei de escrever
Eu parei de aprender outro idioma
Eu parei de estudar um personagem
Eu parei tanta coisa que não queria parar
...
Eu queria parar o tempo
Só pra parar de parar
...
Os sábios dizem que tudo a seu tempo
Mas ainda estou aprendendo a esperar.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Analice

Analice é bruta, porém com muita sensibilidade.
Analice tem mania de ver o que não é, e ouvir o que ninguém disse.

Analice me viu.
Analice me ouviu.
Analice não falou nada.

Muda boba Analice.
Analice muda nada.
Na água é que nem peixe.
Bonita, ligeira, calada.

Analice me viu.
Analice me ouviu.
Analice não disse nada.

O absoluto do relativismo

Ser absoluto ou relativo? O que implica é o grau em "ser" e não o ser "o quê".

Ser simpático com um tom de grosseria.
Ser ingênuo com pouco de malícia.
Ser estúpido sem perder o "Q" no doce.
Ser humilde e dar espaço ao egoísmo.

É fato que o excesso prejudica.
É certo que beber pouco não sacia.
E o "Q" de apetece.
E o quê?

Ser tranquilo e gritar e gritar mais.
Ser ridículo e sorrir o rosto.
Ser real com muita fantasia.
Ser palhaço triste de tão feliz.

E ser.
Isso explica.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Feliz Natal e um próspero ano novo!

Amigos,

Deixo aqui meus sinceros votos de felicidades a todos, que neste Natal mais abraços possam ser dados e que este ano que chega seja muito melhor do que o passou, e assim seja sempre.

Beijos e abraços,
Amanda.

domingo, novembro 14, 2010

A estrada



Quando me coloquei a caminhar objetivando um determinado lugar, percebi que para chegar ao destino existiam diferentes passagens e qualquer uma delas poderia ser tomada. Cada passagem tinha seus perigos, ainda mais por eu não poder retroceder após escolher, e também não era possível dizer qual delas seria a mais "correta", ou a mais sensata... Dessa maneira ficava cada vez mais difícil a decisão final, e fui indo a passos curtos, temerosos e tímidos, atenta a qualquer "sinal" ou presságio de boa e má sorte. O tempo passando e eu decidindo a cada curva... e então na encruzilhada, parei. A partir daqui, os passos curtos e as pequenas escolhas não significariam uma continuidade para duas possibilidades... A partir daqui uma escolha implicaria na falência da outra, e determinaria novas direções dentro da estrada escolhida. Retroceder não era possível, esperar talvez, mas não muito. Embora já tivesse tomado minha decisão, fiquei ali, parada e me sentei num tronco, fiquei espetando folhas secas num pequeno graveto, e quando este se encheu eu as tirei e logo me pus a colocá-las novamente, e novamente, e mais uma vez...
O próximo passo muda muitas coisas, e não sei se por medo ainda não levantei do tronco. De todo modo, isso não é insegurança, mas às vezes temos tanta certeza de algo que passamos a ter medo e duvidar dessa mesma certeza. Dizem que tudo em excesso faz mal. É verdade, eu já espetei folhas demais, está na hora de levantar e continuar caminhando. A estrada é longa, e terão muitas encruzilhadas pela frente. Fiquei até pensando que... talvez se eu ficasse mais tempo aqui, me sentiria tão a par das decisões, que tomaria por escolha me tornar uma folha. Afinal, o vento bate e elas tomam rumo seguindo o curso, não precisam tomar decisões e nem se preocupar em chegar a algum lugar, elas são assim, meio nômades... não são por completo porque não vão pra onde querem e na hora que querem, elas são levadas de chão em chão, ao ar, ao mar... E foi por isso que me levantei depressa. Não cheguei até aqui para deixar que outro decidisse por mim. Pois, cada um de nós é responsável pelo curso de nossas vidas, às vezes nos cansamos de procurar incansavelmente respostas pra tudo, talvez apenas seja preciso sentar e relaxar um pouco, porque somos humanos, e isso é tudo o que sabemos uns dos outros. E agora o que posso dizer, é que aprendi muito com as folhas. Até a próxima encruzilhada.

sexta-feira, outubro 15, 2010

De que adianta gritar quando todos são surdos?!

Ontem ouvi pessoas discutirem sobre delírio, não somente aquele que denominam loucura, mas muitos outros, como ciúmes, fé, medo, enfim... Delírios causados pela mente. O assunto já me chama a atenção pelo fato de, ser muito delicado, porque existem coisas que julgamos ser erradas, ou delírios como diziam, mas que apenas estão fora dos nossos padrões sociais. Um exemplo, se um índio aparece na cidade todos irão o admirar e o julgar, mas o mesmo ocorre se um executivo, um homem da cidade, aparece em uma tribo. Ou seja, as diferenças variam de acordo com o meio e os costumes de cada sociedade. Mas voltando aos delírios, algo me chamou muito mais a atenção, foi quando falaram sobre os jovens, e sobre se apaixonar. "Quem se apaixona delira de amor e se ilude porque a realidade é outra" ou "os jovens sofrem de delírios quando descobrem o mundo, pois querem abraçar tudo e mudar o que acham que é errado". 
Sou jovem, sou excessivamente apaixonada, pela vida, por quem amo, pelo que faço e pelo que tenho vontade de realizar. É desestimulante não ser compreendida, ou pior, pensar que um dia talvez irei dizer que todos estavam certos enquanto eu sonhava bobagens. Não, não é nisso que penso. Sou jovem, tenho os pés no chão e a alma solta nas nuvens, e se tem algo que detesto é ouvir que um sonho, seja meu ou de qualquer outra pessoa, é ilusão. 
O que é difícil não é impossível, e o que é fácil não tem valor. Quando um jovem pensa assim ele quer mudar o mundo porque acredita que pode, porque o que é de graça não vale a pena, valoriza aquilo que dói, que se conquista mesmo com perdas, porque marca, cicatriza, e vale a pena. O que é material se descarta com o tempo e é substituivel, mas a alma não descarta as boas lembranças e realizações, pelo contrário, registra tudo em detalhes, inclusive as desilusões. Há quem prefira não sonhar para não se iludir, mas e a desilusão de não ter vivido uma realização já sonhada?!   
Quando alguém nos diz pra parar de sonhar, de pensar bobagens, não sabe que essas bobagens podem gerar grandes ideias e soluções no futuro, porque é possível. 
Sonhar não é delírio, é viver, é ter fé e esperança, é lutar e nunca deixar de acreditar. Ninguém nunca disse que seria fácil, o importante é equilibrar mente e coração, e escolher nem com um nem outro, e sim com os dois.