quarta-feira, setembro 30, 2009

Repararam que estamos sempre esperando?

Esperando o ônibus da escola pensando na prova terrível de matemática
Esperando completar 18 anos para ser "responsável" ou pelo menos nos sentirmos assim
Esperando o próximo vestibular quando não passamos no primeiro
Esperando um bom emprego, com folga aos finais de semana e um salário razoável
Esperando o aumento de salário e as férias
Esperando encontrar alguém para amar
Esperando encontrar alguém que nos ame
Esperando ter escolhido a profissão certa
Esperando ter dinheiro para comprar uma casa, um carro
Esperando apenas ter dinheiro
Esperando o resultado da loteria acumulada
Esperando o ônibus para o trabalho
Esperando não chegar muito atrasado
Esperando conseguir pagar as contas no fim do mês
Esperando ser um bom pai, uma boa mãe, ou um bom filho
Esperando ter tempo para os amigos no final de semana
Esperando as festas de fim de ano e torcendo para que as semanas passem logo
Esperando que o ano não acabe tão depressa
Esperando alcançar metas e superar obstáculos
Esperando não ter que esperar tanto para ser feliz

Talvez você seja feliz e nem saiba disso por tanto esperar.

terça-feira, setembro 22, 2009

Quando eu era pequena...

Fui até a Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.
Antes de ir a Lua, construí um foguete, chamei meus amigos para me ajudar, mas no final optei por fazer isso sozinha. As peças de papelão eram pesadas, a tesoura mal cabia nas minhas pequeninas mãos. Meu foguete tinha o dobro da minha altura, se hoje eu o visse, só conseguiria vê-lo por fora sem poder entrar.
A decoração era simples, não tinha muitos recursos como tinta e minha mãe me proibia de usar muitas coisas, era desperdício ela dizia. Me contentei com o guache e algumas figurinhas de chiclete, fiz uma janela no alto para ver a Lua de dentro do foguete, para isso eu precisava subir em um banquinho.
Como eu era pequena, sabia que meu projeto de visitar a Lua era demorado, sabia que existia todo um planejamento, eu tinha que construir o foguete, reunir mantimentos e acessórios como casacos quentes e óculos escuros para colocar quando me aproximasse do sol, muita bolacha de chocolate, etc, etc, etc. Depois, deveria escrever uma carta de despedida para meus pais, porque se eu contasse pra eles que estava indo pra Lua, com certeza eles impediriam meus planos e eu continuaria a vendo só da janela do meu quarto.
Foi tão emocionante quando tudo ficou pronto, eu escrevi a carta aos meus pais, na verdade não sabia escrever, então fiz um desenho meu dentro do foguete levantando vôo, eu dava tchau para eles na Terra. Peguei cobertas e bolachas, deixei tudo planejado para partir quando anoitecesse. Construí meu foguete no quintal dos fundos, nada poderia dar errado.
Quando o sol foi se despedindo, eu entrei e tranquei bem a porta do compartimento, subi no banquinho para olhar pela janela e dei a partida nos meus botões improvisados com guache e os chicletes que mastiguei para pegar as figurinhas. Algo deu errado, meu foguete não saía do lugar. Fiquei muito triste, nunca poderia ver a Lua. Meu pai dizia que o que fazia com que os automóveis andassem era o combustível, talvez tenha sido esse o problema, com certeza faria meu foguete voar. Fui dormir decepcionada, guardei minhas coisas e rasguei a carta que tinha feito para meus pais. Fechei os olhos imaginando como seria lá na Lua.
Quando acordei fui até meu foguete, porque sonhei que passei por uma chuva de meteoros quando ia pousar na Lua. Meu foguete não estava mais lá no quintal, minha mãe disse que choveu e ele estava se desfazendo, teve que jogar fora. Então, eu tive a certeza de que estive lá. Estive na Lua e conheci muitos outros planetas.
Um dia me disseram que quem vê um coelho na Lua está apaixonado. Eu estive lá, mas não vi coelho nenhum.
Eu cresci. Me apaixonei. Compreendi.
A gente idealiza aquilo que não tem, pensando que talvez, não possa ter porque está longe. Quando na verdade, está tão perto e sem segredo, em qualquer lugar dentro de nós.
Ainda quando criança, eu sabia que para ir a Lua ou qualquer outro lugar, bastava querer e eu estava lá. A gente cresce e se esquece de muitas coisas, nos prendemos ao que nossos olhos podem ver e nossas mãos tocar, nos limitamos ao provável e ao possível.
Eu estive na Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Voa Voa

Voa longe passarinho. Dizia a senhora sentada no banco.
De frente pro piano, uma caixa de recordações no colo e um sorriso dolorido de saudade no rosto, era o cenário que eu via. Estive lá, com ela, a papear. Ela com orgulho me mostrava fotos, me contava causos, e ria, ria muito, mas com uma felicidade comovente de doer. Ainda que os dentes escancarados improvisando um sorriso engraçado, seus olhos tristes não negavam essa dor. Essa dor que é do passado, das coisas que fez, ou das que deixou de fazer, das recordações que gostaria de ter, das outras que queria esquecer.
De repente uma nota no instrumento... Outra... Uma música. Que beleza. Eu não dizia nada, tive até a impressão de não estar lá. Mas ela me disse: Poderia ter sido tudo diferente, as escolhas não mudam os caminhos, mas sim as pessoas porque cabe a elas escolherem. E por isso, nada poderia ser diferente, porque fui eu quem quis assim. É a vida. E eu gosto muito de como ela é.
Voa longe passarinho, mas voa com sorriso no rosto, um sorriso de satisfação.

Mais uma. Amada.

Quando ela entrou no salão
Todos pararam pra ver
Ver tuas pernas, teus seios,
Teu rebolado faceiro
Teus olhos escuros brilhavam
Não.
Eu só queria um beijo

Tentei segurar sua mão
Ela não compreendeu
Tantas promessas perdidas
Flores, jóias e idas
Teus olhos escuros choravam
Não.
Eu só queria um beijo

sexta-feira, setembro 04, 2009

A musicalidade entre nós

Quando o silêncio é rompido, é como se as pessoas ao redor não o notasse mais. Ele não mais existe. Naquele momento, de alguma forma o som as toca interiormente. Aliás, é isso que faz a música, toca para tocar as pessoas. Elas ouvem a música e sentem a vibração que impulsiona o corpo, e o corpo se move, mesmo que inconscientemente dança. E enfim, músico, música, pessoas... Tudo em harmonia se transforma e se comunica como "milagre". O milagre do som. E quando encontramos alguém, que dança no mesmo ritmo, que pulsa na mesma melodia, nos tornamos compositores, compomos nosso próprio som, sendo nosso de nós dois, e não de um único instrumento. É o milagre.
O milagre do amor.

terça-feira, setembro 01, 2009

Cor


Hoje me sinto assim
Não sei se é bom ou ruim
São lindas cores
Lindas flores
Mas o que eu queria mesmo
Era só uma cor pra mim.

Olha a tradição aí minha gente!

Chegou outro dia
Com rosas coloridas
Beijou a mão da moça
Lhe disse poesias

A moça tão ingênua
Logo se apaixonou
Entregou-se à folia
E então ele a amou

No baile de carnaval
Cantarolavam à sua paixão
E era tanta alegria
Dedilhada em um violão
E era tanta folia
Dedicada a emoção

Mas outro dia
Aconteceu a tradição
A moça sem alegria
Chorou no centro do salão

E nesse mesmo dia
Inundou seu coração
A lágrima surgia
A moça não quis mais ele não

E era tanta euforia
Risada de um batalhão
E era tanta folia
A moça não quis mais ele não.

.

O repetir e repetir desgasta
O dizer desgasta
O não dizer desgasta

Onde estão as palavras que compensam o desgaste?

A ausência sufoca
A presença sufoca
A presença não presente desgasta

A verdade é que nunca estamos satisfeitos.
Eu estou.