sexta-feira, setembro 18, 2009

Voa Voa

Voa longe passarinho. Dizia a senhora sentada no banco.
De frente pro piano, uma caixa de recordações no colo e um sorriso dolorido de saudade no rosto, era o cenário que eu via. Estive lá, com ela, a papear. Ela com orgulho me mostrava fotos, me contava causos, e ria, ria muito, mas com uma felicidade comovente de doer. Ainda que os dentes escancarados improvisando um sorriso engraçado, seus olhos tristes não negavam essa dor. Essa dor que é do passado, das coisas que fez, ou das que deixou de fazer, das recordações que gostaria de ter, das outras que queria esquecer.
De repente uma nota no instrumento... Outra... Uma música. Que beleza. Eu não dizia nada, tive até a impressão de não estar lá. Mas ela me disse: Poderia ter sido tudo diferente, as escolhas não mudam os caminhos, mas sim as pessoas porque cabe a elas escolherem. E por isso, nada poderia ser diferente, porque fui eu quem quis assim. É a vida. E eu gosto muito de como ela é.
Voa longe passarinho, mas voa com sorriso no rosto, um sorriso de satisfação.

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