sexta-feira, outubro 16, 2009

Eu, pequenininha.

Teve um dia que eu quis ser pequenininha.
Oras, mas eu sou!
Não. Eu quis ser menor ainda, de um tamanho que não sei dizer.
Tudo isso nesse dia. Eu queria ir diminuindo e diminuindo até sumir.
Mas aí, no mesmo dia, eu quis crescer. Ficar bem grande pra que pudesse caber tudo que eu sentia. Pra não deixar nenhum pedaço caído por aí.
Depois vi que o melhor foi eu ter ficado do meu tamanho, nem maior nem menor, na medida certa pra aceitar a dor sem guardar a mágoa, no ponto pra sorrir mais uma vez.
Aí chegou o outro dia, e eu não quis ser grande, porque não queria guardar nada pra mim. Eu não quis ser pequena porque queria enfrentar o meu medo sem fugir.
Chegou hoje, e apesar de eu ter (tido) todas essas vontades, sempre soube que aumentar ou diminuir não resolveria as minhas inquietações, mas, agora às vejo com outros olhos, de um ângulo lá de cima, e de um pequenininho ali embaixo.
Às vezes meus medos são tão grandes... E às vezes tão pequenos que não são mais medos, são migalhas minhas que a mamãe varre depois de toda a bagunça.

Fim

No fim da briga
Eu me sentei
Pra assistir a reconciliação

No fim do beijo
Eu abri os olhos
E vi outro beijo

No fim da peça
Eu quis ir embora
Antes que chegasse o fim

No fim de tudo
Eu chorei
Não lembro mais como acabou

Ou quando acaba.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Familiaridade

Me és familiar ou estranho o verbo?
Me és algo que incomoda, dilacera e
Espatifa em minha boca
Quando a ti me submeto

Me és prenúncio de perda
Afeto enganoso
Não, me és um qualquer
Ou mero adjetivo

Adentrai o soluço da caridade
Ouça o lamento único
Onde dizem "cala-te boca"
E depois ouça nunca mais

Me és inteiramente estranho
Quando de mim conheces
Apenas a boca
Enquanto eu... conheço-te todo o resto