José tem quase setenta anos, mora numa terra onde deixou-se perder e não se encontrar. João não tem moradia, não é de ninguém, nem sabe quem é.
José quer voltar para casa, neste momento está sentando em um banco, na estação de trem, cujo único som que ressoa, é sua respiração ofegante. Segura em suas mãos frágeis, com toda a força para não escapar-lhe, a carta de sua filha. João não sabe ler.
A carta que José tem nas mãos, foi postada há cinco anos, sua filha está viva, ainda que há cinco anos, ela ainda pode estar viva. A mulher de José o aguarda em outra estação. João não tem família.
José conseguiu o visto para fazer sua viagem, sua terra esteve em guerra. Após ser separado de sua família há dez anos, não tivera mais notícias. Agora, velho e cansado, tem apenas uma alternativa. João não tem escolhas.
A filha de José está do outro lado do seu destino, ele agora sabe que tem um neto. João não tinha nome.
José tem quase setenta anos, mora numa terra onde deixou-se perder e não mais poderia se encontrar. José conseguiu apenas um visto, pode ir para um destino. Está velho, cansado. Sua mulher o espera em uma estação, sua filha está viva, em outra estação. João não pode esperar.
José chorou. João sorriu.
José partiu. João brigou.
Escolheu João. João morreu.
José não encontrou. João não tinha família.
José chorou. João não mais existia...
3 comentários:
Quantos sao os homens cujo o nme nao eh Joao nem Jose, mas se encotnram no mesmo espaco do tempo.
Muito lindo, parabens novamente.
Bjss linda
Muito bom
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Perfeição!
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