segunda-feira, julho 13, 2009

De olhos bem abertos.

Inda ouço os bons conselhos, ainda que não saiba quem os diga. Se não vejo é por livre e espontânea inexistente escolha. Talvez porque não queira. Assim prefiro. Há quem tape meus ouvidos, ou cubra meus olhos. E também, quem abra portas. Minhas mãos estão girando a maçaneta. Há quem se preocupe com isso, e pense que realmente aconteça. Mas não sabe. Não há o que saber quando se ama. Apenas preocupar-se e isso compreendo. Mas apenas isso.
Tracei objetivo e caminho em direção a ele. Vou adiante sem esquivar-me das gotas com o guarda-chuva na mala. Sei que vou me molhar. Então que seja por inteiro. Vou adoecer. Mas não será até a morte. Assim espero. Não vou escorregar, pois não tenho pressa. Tenho coragem o bastante para admitir que tenho medo. Tenho um caminho a percorrer e não pretendo voltar. Creio que será difícil. Mas nunca estive só. Não estamos. Meus olhos estão abertos, atentos a qualquer pedregulho. Meu corpo todo conversa e canta feliz quando ouço, o que naquele momento me faz chorar. É a felicidade que não procurei. Como o sol que aquece o espírito andarilho, da alma ofegante que em meu corpo habita, com sede, com fome, de vida.
Fecho os olhos quando bem cansados precisam cessar o sono.
Fecho os olhos rapidamente e logo os abro quando eventualmente desejam piscar.
Fecho os olhos quando deito na grama diante do sol que me faz imaginação.
Fecho os olhos desejando logo abrí-los. Sem querer perder nenhum segundo do milagre constante, atentando a todos os sentidos, olhos, boca, nariz, mãos... Se os fechasse agora, nesse instante e assim não pudesse mais abrí-los, os fecharia com a certeza de que se não pude ver ou viver tudo o que sonhei, vi e vivi tudo com a intensidade dos meus sonhos, e eles são reais.

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