terça-feira, setembro 22, 2009

Quando eu era pequena...

Fui até a Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.
Antes de ir a Lua, construí um foguete, chamei meus amigos para me ajudar, mas no final optei por fazer isso sozinha. As peças de papelão eram pesadas, a tesoura mal cabia nas minhas pequeninas mãos. Meu foguete tinha o dobro da minha altura, se hoje eu o visse, só conseguiria vê-lo por fora sem poder entrar.
A decoração era simples, não tinha muitos recursos como tinta e minha mãe me proibia de usar muitas coisas, era desperdício ela dizia. Me contentei com o guache e algumas figurinhas de chiclete, fiz uma janela no alto para ver a Lua de dentro do foguete, para isso eu precisava subir em um banquinho.
Como eu era pequena, sabia que meu projeto de visitar a Lua era demorado, sabia que existia todo um planejamento, eu tinha que construir o foguete, reunir mantimentos e acessórios como casacos quentes e óculos escuros para colocar quando me aproximasse do sol, muita bolacha de chocolate, etc, etc, etc. Depois, deveria escrever uma carta de despedida para meus pais, porque se eu contasse pra eles que estava indo pra Lua, com certeza eles impediriam meus planos e eu continuaria a vendo só da janela do meu quarto.
Foi tão emocionante quando tudo ficou pronto, eu escrevi a carta aos meus pais, na verdade não sabia escrever, então fiz um desenho meu dentro do foguete levantando vôo, eu dava tchau para eles na Terra. Peguei cobertas e bolachas, deixei tudo planejado para partir quando anoitecesse. Construí meu foguete no quintal dos fundos, nada poderia dar errado.
Quando o sol foi se despedindo, eu entrei e tranquei bem a porta do compartimento, subi no banquinho para olhar pela janela e dei a partida nos meus botões improvisados com guache e os chicletes que mastiguei para pegar as figurinhas. Algo deu errado, meu foguete não saía do lugar. Fiquei muito triste, nunca poderia ver a Lua. Meu pai dizia que o que fazia com que os automóveis andassem era o combustível, talvez tenha sido esse o problema, com certeza faria meu foguete voar. Fui dormir decepcionada, guardei minhas coisas e rasguei a carta que tinha feito para meus pais. Fechei os olhos imaginando como seria lá na Lua.
Quando acordei fui até meu foguete, porque sonhei que passei por uma chuva de meteoros quando ia pousar na Lua. Meu foguete não estava mais lá no quintal, minha mãe disse que choveu e ele estava se desfazendo, teve que jogar fora. Então, eu tive a certeza de que estive lá. Estive na Lua e conheci muitos outros planetas.
Um dia me disseram que quem vê um coelho na Lua está apaixonado. Eu estive lá, mas não vi coelho nenhum.
Eu cresci. Me apaixonei. Compreendi.
A gente idealiza aquilo que não tem, pensando que talvez, não possa ter porque está longe. Quando na verdade, está tão perto e sem segredo, em qualquer lugar dentro de nós.
Ainda quando criança, eu sabia que para ir a Lua ou qualquer outro lugar, bastava querer e eu estava lá. A gente cresce e se esquece de muitas coisas, nos prendemos ao que nossos olhos podem ver e nossas mãos tocar, nos limitamos ao provável e ao possível.
Eu estive na Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.

Um comentário:

Fragmentos Betty Martins disse...

._________querida Amanda




{acabadinha de chegar (não da lua.porque ando.quAse sempre por lá!)___mas de férias:=}

...


.pois minha querida_____não deixes que essa criança te abandone.nunca!

________irás conhecer belos e encantados lugares - levada pelas mãos pequeninas "dessa" criança que habita bem.aí______dentro de ti:=)





______________///








beijO_______ternO
b.domingo