quinta-feira, abril 23, 2009

Conto dos Astros


Quando eu era pequena me disseram que cada pessoa tinha sua estrela, que lá estava o brilho do nosso olhar, e que era para o céu que deveria olhar quando estivesse triste.
Eu logo encontrei a minha, tímida, um pouco afastada das outras, com o brilho meio apagado... Ela era diferente.
Todos os dias ao chegar do colégio eu subia as escadas e ia me sentar no murinho da varanda pra ver minha estrela. Passei a conversar com ela, contar meus medos, minhas travessuras, meus gostos. Quando estava nublado eu não conseguia vê-la, tampouco quando tinham tantas e tantas... Mas ainda assim, eu conversava com ela.
Mais tarde me disseram que se tivéssemos pedidos muito complicados era bom pedir pra Lua, ela era grande e ficava longe, ouvia os pedidos quando lá estava e depois sumia pra levar os tantos recados pro Deus dos astros. Mas a ela, só poderiam ser feito três, com tanta gente na Terra, não era possível carregar tantos pedidos. Eu gastei minha cota no primeiro dia, fiz os três pedidos numa tacada só. Se foram realizados? Todos. Eu pensava que ela tinha esquecido meus pedidos, e repetia todos os dias quando ia falar com a minha estrela. Repeti durante anos, até compreender que dependia de mim torná-los possíveis.
Também me disseram pra fazer um pedido quando visse um cometa, que quando chove é Deus torcendo as nuvens, quando venta fecho os olhos e toco as árvores... E quem nunca viu um coelho na Lua? Ele está lá, e eu estou apaixonada!
A primeira vez que vi o mar, vi também quantos olhares brilhavam sobre as águas... Eram tantas estrelas, tanta imensidão que a minha vontade foi mergulhar. Era como se todo o céu estivesse ali... perto de mim, ali, onde eu pudesse alcançar.
Essa noite verei minha estrela, tenho mil e uma coisas para contar...

2 comentários:

Dlugosz Adriano disse...

Minha poeta !!
Adorei ! Adoro .

..... Amo !

Paulo Vilmar disse...

Amanda!
Ouvir Estrelas
(Olavo Bilac)

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite,
enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Beijos!