Andava despreocupado, a caminho na trilha. O sol esculpia o dia com raios alaranjados esparramados sobre os corpos celestes. As flores eram "as flores". Emanavam um perfume exuberante tanto quanto a beleza que as possuía. Sem falar no verde que o cercava a cada dia. Era como se a caminhada o evitasse pra que não lhe desse nada, nem mostrasse. O oposto. Continuou seguindo, às vezes cansava e escolhia uma pedra qualquer para conversar. Elas contavam-lhe histórias incríveis de outros que por ali passavam, e amontoavam-se nelas, como que camas mucamas da noite. Depois do 'descanso e desabafo' correu rumo ao som que chamava. Era barulho da cachoeira tombando no rio adentro pro mar. Desceu, despiu-se, eita água fria! Seus grandes olhos verdes, procuravam na imensidão o "tão" de tudo aquilo. Não demorou a encontrar. Mergulhou como fez várias vezes, e desejou lá sempre ficar. Relutou contra maré, bateu, fez pirraça. Do nada adiantou uma gargalhada. Ria de chorar... Não sabia medo. Suas lágrimas confundiam-se com as gotas doces do riacho. No início eram poucas, pequeninas sem dar gosto. Mas eram limpas, puras e brilhavam no seu rosto. E quando caía, respingava até o mar parar de puxar. Deixou a água. Seus olhos agora vermelhos carregavam o menino do medo que, talvez, conheceu naquele dia. Descobriu uma ferida próxima ao peito, perto, no coração. Abraçou-a envolvente na esperança da cura, doía toda aquela beleza, que simpatia menina criança. Como podia com tanto agrado, ser intocável... Não poderia. Deu as costas na solidão escura do vão. Sumiu.
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