quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Ansiedade

Há não muito tempo, uma certa vontade maior que qualquer outra coisa subia subia sem saber onde ia-dava. Era vontade de gritar, pular, rolar no chão, mostrar palavra, falar gesto, era vontade de tudo! O tudo que a vontade tinha era o nada que não queria que a tivesse. Mas tinha. Era olhar, imitar, criar, e fingir que era. Ou ao menos brincar de tentar.
No agora a vontade é dobrada. Palavra escapa, sulga, chega no pé do ouvido descalço. Olhos parecem não dormir, passam dia da noite sonhando. Eles gostam de sonhar. Viajam pelos mais belos campos cercados de bichos de prantos, e quando param pra observar algo de estranho, só piscam por desespero do cansaço, senão ficariam ali... Na contemplação do imaginário. E as pernas que sem esperar comando já saem rumo encontro do saber-não. Acho que isso explica porque fui atropelada tantas vezes (três!). Bom, o melhor é pensar-não na ansiedade de amanhã. Vamos conversar com a de hoje.

7 comentários:

Anônimo disse...

Amanhã é uma outra conversa!

Batráquio

Anônimo disse...

Para mim o mundo começa dos seus olhos; o resto é imaginação.

(Assunto para um poema)

Ps. Aliás, gostei muito dessas passagens curtas. Você, senhorita Pereira, já leu algo de Clarice Lispector? Acho que tem muito a ver. Saudações de um velho cansado...

Floramante Cardoso (Pode me chamar de Fiora, muito prazer)

Anônimo disse...

"Mas isso são horas de chegar cedo? Dizia para seu marido a mulher-com-seu-amante, acamados..."

Eia, Mandinha! Gostaria de ver um Soneto seu! Que tal? Que tal?

Anônimo disse...

Adendo: A explicação do porquê ter sido atropelada tantas três vezes é ótima! He he. Baita pressa de se viver o amanhã, hein? E eu pensava que era descuido ou desatenção...

Amanda Pereira disse...

Ao Sr. Fiora
De Clarice, só da 'Estrela a Hora', e também algumas citações. Gosto dela, procurarei conhecê-la.


Ao outro - Sinhô Leandro
Ah, meu amigo. A desatenção comigo caminha. É que quando estou atenta no passarinho, é com o zóio da cabeça, e perna-minha não enxerga, vai adiante e tá-nem-aí-não.
Sobre o soneto, quem sabe?!!
Eu é que sei-não.

Tatá disse...

acho que deveria era ler Guimarães. Essas inversões que você teima em usar tá no homi di monte.

Beijo da Tia

Anônimo disse...

É Tia Tatá (com sua permissão), verdade proferida! Eu acho a mesma coisa e a ela já o disse, inclusive deitei nas suas mãos um pequeno exemplar de O Burrinho Pedrês, belíssimo conto de Sagarana.