Olhava adiante à procura de algo. Sentiu uma saudade... Talvez fosse um sonho, uma vontade desconhecida, não lembrada. De certo modo ela a via - Ana: com as mãos palpadas de cócegas, olhos inchados de susto, orelhas pregadas de surdo. Olhava adiante à procura de algo. Não poderia perder o tempo, a hora era precisa, não voltava - só ia. Foi rumo ao guarda-da-roupa, pediu-lhe licença e abriu-lhe a porta. Encontrada a mala, tirou-a pra rua e ajeitou-se-os-pertences. Do nada ouviu uma música, baixinha... Parada. Vinha de uma caixinha, deitada na penteadeira. Era a casa da bailarina, a que girava como que para esquecer seus medos, espantos, tormentos. Com uma saia arcada de rendas, e seu colam rosado de sede, pareceu-lhe menina criança da história, surgindo no alaranjado. Passou correndo, atravessou o quarto como que fuga de espantoso desespero. Parou num canto. Ficou muda.
- Não deveria ter medo por uma coisa tão bonita.
- Mas e se eu não conseguir? E se não dar certo?
- Não vai saber se nunca tentar.
- Dizer é fácil - como todos dizem - até eu.
- Importa o que você diz. (...)
Tormento. Encarou-se. Teve dúvida. E de novo tudo cinza...
Era saudade dela mesma.
- Não deveria ter medo por uma coisa tão bonita.
- Mas e se eu não conseguir? E se não dar certo?
- Não vai saber se nunca tentar.
- Dizer é fácil - como todos dizem - até eu.
- Importa o que você diz. (...)
Tormento. Encarou-se. Teve dúvida. E de novo tudo cinza...
Era saudade dela mesma.
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