- À quem escreves Eufredo?
- És de tua conta D. Benedita?
- És da conta de todos, queira saber!
- Pois bem, escrevo a alguém.
- Pois quem, hein?
- Alguém és teu nome. Alguém da Cunha Machado.
- Oras, não me venha com peripécias, sei muito bem à quem escreves.
- Então porque perguntas?
- Quero a confirmação.
- Mas se já tens tanta certeza.
- A confirmação.
- Então não há certeza alguma.
- Dê-me-a, ou me tiras do sério.
- Estás séria? Pois parece-me muito abatida. A senhora têm ido ao médico, não quero me intrometer, mas apenas acho que...
- Chega! Cala-te infeliz. Sei que escreves pra quêla bruaca da Rita Maria. Desse jeito comprometerá a todos nós. Dê-me a carta. Já.
- Como? Eu? Oras, e és de tua conta futriqueira. O que pretendes tu?
- Entregar-te ao Estado.
- A ele já pertenço.
- Não se faça de besta. És um tolo.
- Que seja.
- És louco? Nossas vidas estão em risco, e tu, comunica-se com aqueles...
- Loucura é não fazer nada diante de tanta injustiça, e saiba que, com ou sem isso, nossas vidas permanecem em risco, viver já é perigoso o bastante mesmo entre quatro paredes, e não há muros, paredes ou pontes que nos escondam. Somos livres D. Benedita, livres. Do próprio Deus o livre arbítrio dizemos ter. E que liberdade é essa, imposta e limitada, "escolha" deixou de existir há muito, somos obrigados a engolir sem vomitar, a sociedade és certa e errado quem vai contra ela, e todos se esquecem que o peixe também é responsável pelo curso do rio. Bem, "sejamos todos bons cidadãos". Oras, dê-me um motivo para não escrever, e eu o respeitarei se a mim, e a meus ideais, me convier.
- (...)
Um comentário:
LINDO,LINDO, ADOREI.
BJOSSSSSSSSSSS.
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