quinta-feira, agosto 21, 2008

Desacontecimentos

É engraçado como as coisas acontecem e desacontecem. Num instante tudo parece exato, logo mais o vento sopra para outros lados e a caminhada começa a tomar outros rumos, outras curvas. Pois é assim na má temática da vida, as coisas não costumam ser exatas, e ainda assim não deixam de ser matemática contada.
Outro dia eu percorria caminhos altos, subi montanhas e vi lindas paisagens, tentei alcançar a plenitude na tranqüila idade dos bem aventurados, mas o tempo fechou lá em cima e eu tive que procurar abrigo, tive que voltar a vida normal, ao tempo real. Não demorou muito pra perceber que não adiantaria fazer o mesmo caminho, que como os pedaços de pão de João e Maria, a natureza se encarregou de ir buscar. A chuva já me lavara, batia-me na cara, forte e com trovões ameaçadores. Tive medo. Muito medo. Tropecei em pedras, escorreguei lá de cima. A queda ia ser feia, ia ser. Mas antes que tivesse sido me lembrei de uma coisa. E embora encharcada, agora não só de água-chuva mas também de água-lágrima, me segurei na pedra, naquela que eu tinha escorregado. Segurei firme, pensando em tudo o que eu estava deixando para trás. Pensando em tudo o que eu amava ou que ainda não conhecia. Me lembrei de que não estava sozinha, nunca estive. E do quanto tudo é tão precioso na minha vida. Subi sorrindo. Sapateando. Subi contente. A chuva batia, mas era pra me lavar de toda sujeira daquela aventura. E quanto as pedras no meu caminho, é como diz o Pessoa "Guardo todas, um dia vou construir um castelo" porque felicidade é bôa, e melhor ainda quando compartilhada.

Um comentário:

Anônimo disse...
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