O trem demorou a passar, foi uma diferença de pelo menos 12 minutos em relação aos outros dias. Entrei. Sentei. Li. Desci do trem. Perdi meu ônibus. Foi uma diferença de pelo menos 12 minutos que se estendeu por 30 minutos. Sentei. Aguardei. Foi aí que vi um grupo de mudos se comunicando. Sempre achei interessante a linguagem de sinais. Dizem que todos devem aprender inglês, porque é o idioma universal, mas eu acho que deveríamos aprender libras porque é a linguagem do nosso corpo, é o que todos temos em comum. Afinal, falar inglês não me proporciona a experiência de me comunicar com um mudo ou surdo.
Acho que os trens atrasam porque precisamos que os minutos se estendam. Eu teria perdido aquela deslumbrante apresentação se estivesse no meu horário. Era como um Ballet, com o fundo musical de buzinas e um cenário poluído. Uma moça gesticulava intensamente as mãos, passando sobre a cabeça, dando voltas, subindo e descendo em ritmos acelerados e calmos... Os rapazes a acompanhavam e esperavam seu momento para expressar. O interessante nessa linguagem é que aprendemos a ser pacientes, cada um tem a sua vez de se pronunciar. Se todos decidirem gesticular ao mesmo tempo, seria impossível compreender. Temos que ouvir, ou melhor, ver o outro falar.
Só ganhei ao perder tempo.