quarta-feira, dezembro 24, 2008

Ano Nuevo, Vida Nueva!!!

Meus queridos,
Ando um tanto quanto ausente dos comentários das belas e tantas postagens nos espaços especiais de vocês, mas asseguro que permaneço com as visitações, ainda que não pronunciadas, eu estou sempre por aí.
Este fim de ano foi um tanto conturbado pra mim, com muito trabalho, mudanças e aprendizado.
Este foi um ano de realizações e conquistas, agitado e cheio de fortes emoções.
É bom viver no extremo das possibilidades, mas melhor ainda é se dar conta de que os extremos não existem, de que somos nós que o criamos, e sendo assim, saber que podemos ir além, sempre além, porque o impossível existe a partir do momento que você constrói essa espectativa, a de não acreditar.
Vivam cada minuto como se fosse o último, respire fundo quando estiver com medo, arrisque sempre, permita-se aos sonhos e vontades, olhe adiante com a espontaneidade de uma criança, olhe para trás com saudade dos bons momentos, com alegria pelas conquistas, valorize cada pessoa que passar por sua vida, ouça cada palavra porque você só pode ouví-la naquele momento, brinde aos dias belos que passaram e não voltarão mais, e aos incertos e arriscados que virão, não sabemos o que acontecerá amanhã, mas sabemos o que podemos fazer hoje.
Agradeço a todos os visitantes por fazerem parte dessa história, todos personagens de encontros e desencontros, todos bem-vindos! E desejo a todos boa virada e mais 364 dias melhores ainda!
Sempre mais.

Tempos Modernos (Lulu Santos)

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
VAMOS NOS PERMITIR

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Por que o céu é azul?!

Cientistas já podem responder essa pergunta...


A resposta está em como os raios solares interagem com a atmosfera. É mais ou menos assim:
Nossa atmosfera atua como uma espécie de prisma onde os raios solares colidem com as moléculas e são responsáveis pela dispersão do azul. Quer dizer, quando olhamos a cor de algo, é porque este "algo" refletiu ou dispersou a luz de uma determinada cor associada a um comprimento de onda. As moléculas estão espalhadas através de toda a atmosfera, de modo que a luz azul dispersada chega aos nossos olhos com facilidade.

Enfim.

É muito mais fácil pensar "porque Deus quis que fosse!"
.
Preguiça.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Valei-me infernais...

Ah, diacho... Que hoje é dia de cana!!! Reza Maria, reza safada!!!
Reza porque eu num volto mais! Hoje caio pra riba, mato o desgraçado com uma facada só.
Anda Maria... Me traga meu facão e o amola-dor...
Ai Maria, anda que mato tu também cadela... Já devia ter te desimado infeliz. Filha d'uma égua... Cadela. Muleca desgramenta. Anda.. Me traga a bendita, já!
...
Que foi Maria? Tu não se mexe. Limpa essas lágrima tonta. Deixa que as coisa há de se resolver. É. Sabe porquê? Porque eu ei de me resolver por elas.. hahahahaha... Mato o desgraçado, hoje mato o diabo se o infeliz me aparece... Aparece infeliz... Vem, cabra safado!!! Ou se ajunta do meu lado ou luta contra mim!
Cala-te Maria. Deus a essa hora, ta tomano banho. Não vai te ouvir.
Reza desgraçada, mas reza pra tu não morre.
Não adianta reza por mim, eu já morri, já to entregue na mão do demo... Já nem ouço a voz dos anjo, já não me lamento com teu pranto Maria.. Já não me interessa mais.
Somo só nois dois nesse mundo infiliz... Pra quê adiar a morte de quem já ta morto?
Maria, porque que tu nunca me responde? Só chora maldita...
Lá vem os home do cangaço, corre Maria, se esconde... Oxe, sai daí mulher... Maria... tu virou bicho, virou palha...
Ahhhh... Tu num é Maria... É demo me fazeno alucinação... Buneco de palha... Demo desgracento... Te mato maldito...
Maria cadê tu? Maria... Ele te levou de mim... Ele... Maria...

Diante de mim

Cresceu.
Agora, a observando aqui de dentro, vejo o quanto a demora foi válida...
Era a mais vazia, as outras em seu redor, zombavam de sua (in)delicadeza... Não possuía flores, nem mesmo folhas... Seca, sólida. Foi a última entre todas. Mas que bonito o resultado.
Ainda ontem uma menina, aprendendo, errando e reaprendendo com os erros, hoje, ainda menina, aprendendo a não deixar de errar.
No chão, folhas secas que dela foram um dia. Nos braços, espírito renovado, abraça o sopro do amanhã contente com o sabor de hoje.
Isso tudo aqui, diante de mim.

Hoje, só mais um dia. Que seja aproveitado como todos foram até hoje.

terça-feira, dezembro 09, 2008

E eu canto.

Liberdade, Liberdade
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Que seja...


A vida nos encaminha para estradas diferentes, escolhas são feitas, todas por nós.
Sou tão livre quanto um pássaro entre as nuvens, e tão preso ao preço que essa liberdade me cobra.
Hoje com as asas abertas e o espírito triste, aconteço, porém, preso ao medo. À procura de rumo, como quem não procura resposta pra nada.
Bicho do mato, bobo, inconseqüente, mas voando. O preço que me cobram é a minha companhia.
Não sou de ninguém, nem assim desejo ser.
Desejo a paz e um abraço sincero.
Não quero amargar com a idéia de pensar em idéias.
Não quero pensar demais, nem deixar de pensar.
Não quero dizer que amo, amei, sou feliz ou estou triste se realmente não estiver.
Não quero não dizer.
A vida nos faz perguntas esquisitas, dá patadas e um beijo é sua resposta.
Não sou vento, nem liberdade, muito menos pássaro preso na gaiola.
A única gaiola que trago comigo, é a que eu mesmo criei...
É fonte do problema e a solução.
Não sufoco por falta de ar, e sim por excesso de ventania.
Mas deixe que seja, e que seja bonito quando chover.
Que seja...

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Patch Adams – O amor é contagioso.

“Não te amo, como se fosse rosas de sal, topázio ou flechas
De cravos que atiram chamas,
Te amo como se amam certas coisas escuras secretamente,
Entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, ocultas, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O delicado aroma que ascendeu da terra.

Eu te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo simplesmente, sem complicações, nem orgulho.
Assim te amo porque não conheço outra maneira.

Senão assim deste modo em que não sou nem és
Tão perto que tua mão em meu peito é a minha.
Tão perto que se fecham teus olhos com meus sonhos.”

...

Eu te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Um amor que inquieta, machuca.
Mas se não dói, não é amor.
Se não é amor. Deixe que seja o que for.
Eu te amo e não sei o que faço.
Te ouvir falar que te magoei...
Sem querer ouvir o que é verdade.
Eu tentei trazer à margem meus sentimentos,
Tentei falar-te, juro.
E só te magoei.
Eu te amei sem saber como, nem quando, nem onde.
Tanto, que reconheço isso em mim., como parte minha.
E que seja bonito quando chover.
E que seja.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Teorema

Queria ter um.
Não.
Queria ter mil teoremas.
Não.
Na verdade não queria ter nenhum.
No fundo esse é um teorema.
No fundo a vida é um teorema.
No fundo não existe fundo pra nada.
Queria ser um.
Não.
Ser mil.
Estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Não.
Na verdade estou feliz em estar aqui.
Não.
Sinceridade acima de tudo!
Franqueza ou fraqueza?
Deveria ser teorema da dúvida.
Da dívida.
Da bronca.
Mas é teorema do teorema.

Eu gosto. "Amor e Sexo"

Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval
Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora

(Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor)

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Tristeza não tem veis.

Tristeza não! Pra lá de mim... Vai vai vai vai... Corre abestada! Nem vem que num tem, aqui dúvida não vinga, dúvida não branda, tristeza nem vem... Vai vai vai vai...
Aaarrrriiii peste! Foge de mim, num vem pra cima que eu mato! Corto em dois, divido em vinte, e deixo o resto pra boizebu come... Aaarrriiii que pica mula daqui... Tristeza num entra, pra tu num tem espaço... Aqui só cabe o que eu quero que caiba! Pica mula daqui abestada!!! Some jumenta que meus dias vão e vem... Tem muita coisa pra acontecê, muitas águas vão rolar, e se for no meu rosto, que seja lágrima de alegria... Sabe porque infeliz?! Infelicidade dá nos zóio de quem deixá entrar... Sou corpo fechado, posso ser carrancudo, mal-humorado, mas triste não! Não digo NUNCA porque é pecado, quem cospe pra cima fica lambrecado da própria saliva, mas tristeza nem pensar... E porquê me irrita?! Some muleca doida, já disse que cá num tem canto pra tu! Escafeda-se da minha vista tristeza injusta, na minha terra, no meu rosto, só tem sorriso, não lhe quero comigo infeliz... Não lhe quero amiga, muito menos inimiga... Tristeza de novo nunca... Eu tô filiz... Não volte pra me fazer chorar... Nesse zóio num tem mais água, tu já enxugou meu medo, agora some... Vai vai vai vai.. Desaparece daqui... Me deixa sozinho infeliz... Tristeza de novo não, pode vir solidão... Mas você de novo não... Aariiiii... Some égua...! Pra longe de minhas vista... Pra longe porque não enxergo... Ô mentira mentirosa a minha! Ô desgraça, arrrriii que já to dizendo besteira... É tu tristeza... É tu me consolando... Some bichinha encrenquera... Desaparece de minha vista, de meus ouvido, desaparece...
...
Tristeza? Ô fia... Num vai não... Fala com eu... Fala um ai, um oi... Tristeza sim... Mas silêncio não...

Uma volta. E os quereres.

Teve um dia que ela não quis voltar pra casa. Assim, já. Ela quis passar a noite caminhando noite a dentro. Quis olhar os enfeites das árvores de Natal na Avenida Paulista. Quis reparar nos brasileiros e nos turistas apaixonados. É que a cidade estava tão iluminada que parecia um presépio de faz de conta. Mas não demorou muito para querer outra coisa. Depois quis que amanhecesse logo pra descobrir os desenhos que se descobriam das nuvens. O tempo não passava. Cada passo um pensamento. Novas idéias. Novas estruturas. Novos sonhos, e com eles novos medos. O farol abriu e ela quis voltar pra casa. A mãe ligou, estava preocupada. Que bom. Ela voltou.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Pra-to-do-dia-"ser-assim"

Quando a gente quer, acontece!
Amigos são assim, são pra ser, ser pra sempre.
Sabe quando você sente que é e pronto, que não pode ser mais porque é tão bom como é agora?
Amigos são assim, são pra ser, ser agora.
Pensamento positivo, coisa bôa! Dito e feito e tenho dito!
Quanta coisa bôa nesse ano repentino...
Quanta coisa vôa sem a gente se dar conta...
Mas a vida é assim mesmo, é ser assim, é "ser ou não ser" e ponto. De interrogação, porque de certo que a dúvida é existente, assim como é certo o mundo de gente bôa ao meu redor.
Amigos serão sempre amáveis... E eu tenho tantos...
Amigos, amores, namores, carinho que não se acaba.
E que bom...
Amigos são assim, são pra ser, e não acabar. Brincar sem parar, sem ter medo de caretice.
É como diz Oscar Wilde: "A vida é muito importante para ser levada a sério". Bem assim, prato do dia!

E é por isso e tantas outras que dizemos... TURMA OSCAR WILDE, QUESITO HARMONIA NOTA DEZ!!!

quarta-feira, novembro 19, 2008

Tudo junto.

Barulho. Ouço nesse instante todos as vozes possíveis saindo de dentro, aqui de dentro. Tensão. Tranqüilidade. Paixão. Impaciência. Respeito. Ansiedade. Ouço desde há muito tempo, mas agora é o momento da explosão. Medo. Vontade. Êxtase. Curiosidade. Grito. Tanto tempo em pouco tempo, e agora faltam minutos, horas, incontáveis séculos até. Agilidade. Inspiração. Fome. Dor de barriga. Expiração. Fogo. Arrepio. Tapa. Sede. Dor. É tudo junto, coisa difícil, complicação pra explicar, mas quando acontece. Acontece. Verdade. Fragilidade. Respiração. Pulsação. Sangue. É forte, muito, maior do que meu. Eu. Amarelo. Água. Contagem. Firmeza. Tudo se encaixa, quando não tem encaixe, quando no perceber, tudo junto é. Silêncio.

terça-feira, outubro 21, 2008

Sabe o que falta?

Um pouco de cor, muito amor, muitos risos perante o problema. Falta angústia de querer dizer eu te amo e não saber como. O querer, essa vontade forte, que acelera o coração como a ansiedade por um copo d'água depois de dias no deserto. Falta o friozinho na barriga no momento do beijo. Falta ter medo, medo de perder tudo o que há de tão doce e bonito em ter medo. Ah, mas quanto não aprendemos com tudo? Cada queda uma cicatriz, cada cicatriz uma história, cada história uma história, um aprendizado. Falta ânsia por algo novo, por conquistas, novos horizontes. Falta juventude para acreditar e maturidade para compreender. A paz e juízo na Lei. Faltam horas nos dias, para ser possível realizar-se em um minuto. Ar puro para respirar, silêncio para ouvir, mais tempo para reclamar. Não. O que falta é coragem para admitir o quanto não nos falta. Basta um olhar e não vai demorar a descobrir o que há de bonito em tudo isso. Que para dar um sorriso não é preciso muito. Que para acreditar não é preciso provas e sim confiança, sobretudo, em si mesmo. Tudo o que conquistamos não foi e não é "nada", pelo contrário, vale muito. Nossos esforços estão lá, nosso tempo, carinho e dedicação. Quer sorrir, sorria, quer chorar, chore. Mas faça de cada momento, não mais um, mas sim aquele, que sempre que você recordar, lágrimas de satisfação lhe virão aos olhos. Aproveite para descobrir tudo o que pode, faça o que estiver ao seu alcance e tente o que não estiver sem medo de errar. A dor de errar é mil vezes menor do que a de pensar que você poderia ter acertado caso tentasse. Então se tem algo que queira fazer... Basta se permitir...
Arrisque-se, nunca saberemos se não tentarmos.


Arrisque-se, nunca saberemos se não tentarmos.

domingo, outubro 19, 2008

Qual era mesmo a pergunta?

Porque a vida é agora, o ontem e o amanhã não importa, não podemos voltar para refazer coisas já terminadas nem ao menos saber como evitar o que está por vir. Mas sabemos que a conseqüência existe, que temos o direito de escolha para apostar no que achamos oportuno e também o tempo para decidirmos mudá-la. Certo ou errado? Será correto falar assim? Nunca ou para sempre? Mentiras? Céu ou inferno? Hipocresia. Escolhas? Há muito tempo essa palavra só existe como puro simbolismo. Quem tem escolhas? Você pode escolher não trabalhar? Você pode escolher viajar? Você pode escolher o que quer fazer para o resto da vida sem se preocupar se terá dinheiro o suficiente para alimentar sua família? Você pode escolher ser ateu sem que alguém te julgue, ou acreditar em Deus? Você pode escolher se vestir como quiser ou ser homosexual sem levantar preconceito? Você pode escolher viver com paz? Claro que pode. Não é questão de escolha? É fácil dizer para um amigo ou parente de alguém que se droga ou que faça qualquer coisa considerado de "má conduta": "Ele quis isso, ele escolheu esse caminho", mas eu pergunto "Quais oportunidades ele teve? Alguém lhe deu chance? Ele teve outro caminho a escolher? Como era a vida dessa pessoa? Que motivos ele teve para fazer isso?"
Faz um certo tempo, dois velhos moradores de rua, quase se mataram em frente o meu trabalho por que não queriam dividir o cigarro. Um homem bateu em uma grávida porque ela não sabia quem era o pai. Alguém morreu em uma lanchonete e as pessoa no ônibus riam "menos um". Isso não acontece só com moradores de rua ou pessoas pobres, acontece o tempo todo, em todo lugar e com qualquer um e nada disso é novidade para ninguém.
Escolha virou sinônimo de imposição, inimiga da conseqüência e de mãos dadas com o medo. Coisas são impostas a nós o tempo todo, querendo ou não, somos obrigados a fazer parte disso que chamam de sociedade. Muitas vezes nos rebelamos em uma coisa ou outra, mas nada além do que, por exemplo, um mero texto dissertativo de uma menina de 20 anos, com raiva e chateada com o caos acontecendo ao seu redor, um texto que não sairá das páginas de um blog, não com besteiras, mas com as SUAS besteiras pessoais que compartilha com quem queira ler. Mas o que mais? O que podemos fazer? Porque isso não basta!
Dizer que a vida é bela e vamos vivê-la não basta! Existem pessoas morrendo, pessoas que poderiam ser minha família, meus amigos, eu mesma, você.
Acredito que as coisas possam melhorar, e isso não é romantismo, é realidade.
É questão de oportunidade, não de escolha.

terça-feira, outubro 14, 2008

Caminhando

Tudo o que eu quero
É nada o que espero
Sei quanto peço
Não sei quanto impeço

Tudo o que consigo
É briga comigo
Pois tudo o que quero
É nada o que espero

Tudo confuso
Não sei se eu mudo
Se vou ou se fico
Não sei o que escuto

Tudo aprontado
Caminho em frente
E o que espero
Um caminho descalço

Nu de hipocrisia
De mentiras e falhas
Nu de desgraças
De morte e lágrimas

Esse mundo não é meu
Nem tão pouco o paraíso
Talvez fosse inferno
A falta de um abismo

Mais provável um Hades
Com corpos flutuantes
E moedas em seus olhos
Mais provável o improvável

Mas caminho nesse instante
O improvável é existente
Nas idéias de quem nomeia
As possibilidades são infinitas...
No caminho que caminho

segunda-feira, outubro 06, 2008

O Rei da brincadeira (ê José) O Rei da confusão (ê João)



José tem quase setenta anos, mora numa terra onde deixou-se perder e não se encontrar. João não tem moradia, não é de ninguém, nem sabe quem é.
José quer voltar para casa, neste momento está sentando em um banco, na estação de trem, cujo único som que ressoa, é sua respiração ofegante. Segura em suas mãos frágeis, com toda a força para não escapar-lhe, a carta de sua filha. João não sabe ler.
A carta que José tem nas mãos, foi postada há cinco anos, sua filha está viva, ainda que há cinco anos, ela ainda pode estar viva. A mulher de José o aguarda em outra estação. João não tem família.
José conseguiu o visto para fazer sua viagem, sua terra esteve em guerra. Após ser separado de sua família há dez anos, não tivera mais notícias. Agora, velho e cansado, tem apenas uma alternativa. João não tem escolhas.
A filha de José está do outro lado do seu destino, ele agora sabe que tem um neto. João não tinha nome.
José tem quase setenta anos, mora numa terra onde deixou-se perder e não mais poderia se encontrar. José conseguiu apenas um visto, pode ir para um destino. Está velho, cansado. Sua mulher o espera em uma estação, sua filha está viva, em outra estação. João não pode esperar.

José chorou. João sorriu.
José partiu. João brigou.
Escolheu João. João morreu.
José não encontrou. João não tinha família.
José chorou. João não mais existia...

segunda-feira, setembro 29, 2008

Tudo a seu tempo.

Ela permanece nua. Intacta, imóvel, encolhida.
Nem as flores, tão pouco folhas, nada... Custam a brotar.
Parece a mais sem-vergonha, mas está tão tímida.
Em suas mãos, nas pontas de seus mudos dedos, brotam a incerteza e a impaciência.
Acalme-se, tudo a seu tempo, perceba a diferença, aprenda com ela e não julgue, portanto, os iguais, pois cada um, em sua proporção é diferentemente igual ao outro. Fazem parte do mesmo ciclo, vestem-se com a mesma lógica, comunicam-se pelo mesmo idioma, mas possuem diferentes princípios. As possibilidade são inúmeras, e o ciclo apenas um: nascer, crescer, morrer.


És a última entre as primeiras, mas o mais doce fruto, és filho teu.


Roda viva - Roda sim

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Chico Buarque de Holanda

quarta-feira, setembro 03, 2008

Ma musique blue

Naquela rua mora uma menina
A menina dos grandes olhos
Morenos de diamente
Àquela rua ela vai todo dia
Brincar no asfalto
Descalça com origami
Eu pensei em dizer-lhe um verso
Uma poesia de alguma canção
Eu queria pegá-la no colo
Dar-lhe carinho e toda atenção
Naquela rua, naquele dia
Eu vi inundar um coração
Lágrima com corante cantante
de ma musique blue
de ma musique blue

sexta-feira, agosto 22, 2008

Coisas que faço.

Gente gente, de repente me bateu uma vontade de registrar tudo aqui no meu espaço. Registrar tudo como quando a gente tira uma foto bonita de um momento bonito que sempre será lembrado. Sim, essa é uma das coisas que sempre faço, registrar momentos. Como ainda não investi em uma câmera fotográfica invisto nas letras, que também é uma maneira bem gostosa de se fazer lembrar.
Outra coisa que faço é meter o olho no livro dos outros, acho que muita gente tem essa mania né, de querer ver o que as pessoas estão lendo.
Hum, mas o que gosto mesmo é de observar as pessoas e seus comportamentos, sou uma observadórica (tradução: pessoa com sérios problemas de admissão por parte de admitir que é bisbilhoteira e utiliza esse termo para amenizar a aproximação ao mal uso do olhar). Mas eu admito, adoro dar uma boa bisbilhotada. E eu vejo tantas coisas interessantes. Como esses dias no ônibus, tinha uma mulher sentada olhando as nuvens enquanto o ônibus chacoalhava, e ela estava sorrindo, assim, aquele sorriso bobo de quem está apaixonado.
Ah, tem um morador de rua perto do meu trabalho, sempre que o vejo ele está rodeado de madeira e pregos, construindo um violão. Passaram-se meses e eu sempre o via martelando, projetando, todo concentrado, e enfim o violão já estava pronto, faltavam só as cordas que ele ajeitava com alguns fios de arame. Mas nesses tempos que se passaram, eu o vi começando um novo violão. Fiquei intrigada, seria o mesmo ou outro? Bom, de todo modo, achei bonito todo aquele cuidado com o instrumento que tanto gosto.
Falando em moradores de rua, tenho boas histórias observatórias sobre eles. Tem uma imagem que nunca me esqueço, eu no ponto de ônibus e três pessoas a minha volta, um sujeito com jeito malandro de hip-hop curtindo um som, uma loura de vermelho passando seu batom com auxílio de um espelho de mão, uma senhora muito simpática cheia de compras e um morador de rua deitado na grama lendo jornal.
Eu poderia passar horas descrevendo coisas que aconteceram, mas não é bom me demorar, nesse escreve escreve já aconteceram mil e uma outras histórias. Vou ali observar.

Mais coisas que tenho feito.

4. Assistir e reassistir filmes.
Nos últimos tempos assisti alguns filmitos bem interessantes. No cinema "Do outro lado", que fala da capacidade que as pessoas tem de não se encontrarem por mais próximas que possam estar umas das outras. É, mais ou menos isso. Nesse eu chorei.
Um outro que eu assisti em casa foi "Na natureza selvagem", é um filme baseado na história do Christopher McCandless, que após concluir seus estudos abre mão de tudo o que tem e parte para uma aventura no Alasca. Esse me deu uma vontade incrível de viajar, colocar a mochila nas costas e ir pra algum lugar, qualquer lugar, desde que tenha natureza. Foi também o que me inspirou em uma das últimas postagens "Desacontecimentos".
Também assisti "Dogville", esse filme me deixou com raiva, muita raiva. Não porque eu não gostei, pelo contrário, adorei o filme. O cenário parece uma peça de teatro, as casas não tem paredes, só portas, e às vezes nem isso. A princípio tudo parece irreal, mas é engraçado como num cenário totalmente imaginário acontecem coisas que podemos julgar como realidade pura. A história se passa na década de 30, em plena depressão norte-americana, envolve a maldade e hipocrisia do ser humano, as máscaras que muitas vezes usamos perante a sociedade e para a sociedade. Mas é como Grace (personagem principal do filme) disse "o mundo será melhor sem dogville".
Não posso deixar de citar Piaf, o filme que conta a história da cantora francesa Edith Piaf. Disse "reassistir" porque apesar de ser a primeira vez que o assisti, repassei pelo menos cinco vezes algumas cenas. Lindo, lindo.
5. Observado a árvore da rua onde eu trabalho.
Ela fica bem de frente pra mim, da pra ver ela da sala onde eu fico. Na primavera ela estava florida, de flores amarelas. Estranho. Tenho a impressão que da outra vez eram flores roxas. Depois, no outono, as flores desapareceram e as folhas começaram a cair. Agora, no inverno, ela está nua com os galhos à mostra. É uma linda árvore. Posso ver os pássaros pousarem nela todos os dias.
6. Estudado os relacionamentos.
Pois é.
Na escola onde estudo, estamos selecionando alguns textos para a próxima montagem teatral. A princípio, pretendíamos montar uma peça inteira, um texto realista. Agora, depois de algumas seleções do Luís Fernando Veríssimo e do Gero Camilo, decidimos montar uma comédia com o tema "relacionamentos". Na verdade, primeiro definidos o tema e depois vieram os textos. Enfim. Posso dizer que nos próximos cinco meses os relacionamentos serão tema primordial na minha vida. E quem sabe eu continue meus estudos assim fundo fundo mesmo após a apresentação, porque quando se fala em relacionamentos, tudo pode acontecer.
7. Falado sobre mim.
Estranho.
Apesar que, quando a gente escreve, mesmo que seja história inventada com personagem criada e tudo e tal, tem coisa da gente, um pedacinho nosso que quem conhece não deixa de nos perceber.
Bom, quando eu precisar de um psicólogo vou mandar o endereço do meu blog para ele me ver.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Coisas que tenho feito.

1. Roer as unhas até não ter mais elas. Teoricamente isso teria um lado bom e um ruim. Até porque, de acordo com a teoria da polaridade, costuma-se dizer que tudo na vida tem um lado positivo e um negativo que, por sinal, é relativo, como prenuncia a própria teoria da relatividade. Enfim. O bom é que meu violão agradece, meus dedos apertam-se melhor às cordas, e o alicate de cortar unhas também, descansa lá em algum lugar sem eu precisar procurá-lo. Mas ainda assim, acho que a quantidade de bactérias misturando-se com a minha saliva é mais prejudicial, e nojento. Colocando na balança, melhor não roer unhas!
2. Comido muito chocolate! Ah, sobre isso tenho comentários a fazer.
Certa vez, conheci duas moças no banheiro de um bar, duas gaúchas. Enquanto eu aliviava minha bexiga elas discutiam seriamente um assunto que parecia mesmo ser muito importante. Eu abri a porta e fui lavar as mãos, quando ia finalmente sair, elas me interrogaram: "Sexo ou chocolate?" Eu fiz que não entendi. "Anda, responde". Eu respondi: "Os dois". E elas: "Tem que ser um. Escolha". Oras, porque não os dois? Pensei comigo. Enfim, elas pareciam mesmo muito precisadas da resposta. Então eu disse: "Sexo". Oh god, porquê eu estava naquele bar, naquele banheiro, naquele momento? É, isso explica a teoria do acaso, ou talvez se aproxime mais à teoria da conspiração, ou quem sabe a do caos e a de que TPM existe. Enfim. Mas não foi tão ruim, pelo contrário, foi uma experiência única, discutir sexo e chocolate com pessoas desconhecidas (e inconformadas) no banheiro de um bar. Digo inconformadas porque elas não se conformaram com a minha resposta. Vou explicar mais a fundo, o caso é delicado. As moças estavam acompanhadas de dois rapazes paulistanos, que no decorrer de uma conversa informal (do ponto de vista delas) fizeram a mesma pergunta a elas. E... Eles ficaram inconformados com o fato de elas preferirem chocolate. Sim, sim, é um caso de inconformabilidades. Foi então que, apavoradas e precisando de uma conversa íntima entre mulheres e talvez a opinião de uma terceira, elas resolveram ir ao banheiro discutir a fundo o assunto. E lá aguardaram até a água ir abaixo. O motivo da desaprovação por minha resposta foi o seguinte: "Sexo é bom, mas te deixa triste porque no dia seguinte o cara não liga pra você. Chocolate é melhor, porque você come quando quiser, e não tem que esperar ligação nenhuma." Aí, (des)enrolou-se todo um enrolar-se: "pense assim, existem teorias de que chocolate estraga a pele, pode provocar espinhas, o sexo rejuvenesce", "sim, mas por outro lado, chocolate libera substâncias que auxiliam na produção de endorfina, o que te deixa relativamente mais feliz, já o sexo, é bom naquele momento, no dia seguinte, deprimi", "sim, quer dizer, depende. Mas o chocolate pode engordar, sexo faz bem ao corpo", "deveria também fazer bem ao espírito"... E blah blah blah... Acreditem. Eu fiquei alguns minutos naquele banheiro. Acreditem.
3. Contado muitas histórias.
Sim sim, como esta que acabei de contar, mas, como tomou-me um bocado do tempo, preciso parar por um momento. Rimou.
Tem mil e outras coisas que eu tenho feito. Inclusive não ter tempo. Mas, para pelo menos dar o ar da graça, aqui venho. Aqui escrevo. Para pelo menos dar o ar da graça.
Bom restim de semana a todos!

Desacontecimentos

É engraçado como as coisas acontecem e desacontecem. Num instante tudo parece exato, logo mais o vento sopra para outros lados e a caminhada começa a tomar outros rumos, outras curvas. Pois é assim na má temática da vida, as coisas não costumam ser exatas, e ainda assim não deixam de ser matemática contada.
Outro dia eu percorria caminhos altos, subi montanhas e vi lindas paisagens, tentei alcançar a plenitude na tranqüila idade dos bem aventurados, mas o tempo fechou lá em cima e eu tive que procurar abrigo, tive que voltar a vida normal, ao tempo real. Não demorou muito pra perceber que não adiantaria fazer o mesmo caminho, que como os pedaços de pão de João e Maria, a natureza se encarregou de ir buscar. A chuva já me lavara, batia-me na cara, forte e com trovões ameaçadores. Tive medo. Muito medo. Tropecei em pedras, escorreguei lá de cima. A queda ia ser feia, ia ser. Mas antes que tivesse sido me lembrei de uma coisa. E embora encharcada, agora não só de água-chuva mas também de água-lágrima, me segurei na pedra, naquela que eu tinha escorregado. Segurei firme, pensando em tudo o que eu estava deixando para trás. Pensando em tudo o que eu amava ou que ainda não conhecia. Me lembrei de que não estava sozinha, nunca estive. E do quanto tudo é tão precioso na minha vida. Subi sorrindo. Sapateando. Subi contente. A chuva batia, mas era pra me lavar de toda sujeira daquela aventura. E quanto as pedras no meu caminho, é como diz o Pessoa "Guardo todas, um dia vou construir um castelo" porque felicidade é bôa, e melhor ainda quando compartilhada.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Amor

Ilusão. Seco. Desejo. Afastamento. Concreto. Saudade. Separação. Companhia. Medo. Tranqüilidade. Interesse. Sentimento. Claustrofobia. Sangue. Ciúme. Fome. Dor de barriga. Sinceridade. Hipocrisia. Falsidade. Conseqüência. Dia das mães. Consciência. Sonho. Dor. Mousse de Maracujá. Eu. Mulher. Verdade. Chocolate. Sexo. Sensação. Apaixonar-se. Solidão. Sede. Vinho. Noite. Vontade. Felicidade. Maldade. Coração. Tortura. Cores. Força. Vermelho. Amigo. Comida. Ânsia. Preguiça. Camisola. Lágrima. Paz. Emoção. Infinito. Mar. Confusão. Ruína. Corpo. Palavra. Leite condensado. Música. Homem. Amargo. Teatro. Poesia. Filhos. Dificuldade. Pedra. Perda. Escolha. Acreditar. Acreditava...

quarta-feira, agosto 06, 2008

Lembrança...


Entre os vestígios de sua imagem, ela dança o compasso dos desejos lançados ao vento... Aqueles, tantas vezes ensaiados na esperança da realização. Sem saber os segredos velados, flutua em suas vertigens, desmaia no vácuo do arrepender-se, do limitar-se. Improvisa um sorriso falado entregue ao mundo.
Para ela... nada além dos aplausos suntuosos da platéia ausente. Quando vagarosamente as cortinas se fecham, tudo tem de recomeçar... Fim do espetáculo! Fim do sonho! Até porque...

Toda história tem um fim, mas na vida...
cada fim é um começo.

terça-feira, agosto 05, 2008

Non, rien de rien



Não. Foi a última coisa que ela disse, e nada mais precisaria dizer para me fazer acreditar se um dia iria... Ninguém compreende, tão pouco ela, o porquê da repentina mudança de opinião. O porquê de querer, poder e não ter. Mas é entender de verbo passado, isso era ontem, "não" foi a última coisa que disse.
Se despediu e foi embora, não me disse se voltaria para ficar ou ao menos me fazer visitas, não me disse o que queria e nem para onde ia. Tentei entender o que ela queria, tentei fazer-lhe o gosto, tratei-a bem, confesso, tudo para arrancar-lhe o motivo. Não. Foi a última coisa que disse.
Ainda ontem me lembrei dela. Quando vi os teus olhos no espelho entendi tudo, ela nunca mais voltaria. Senti o gosto azedo da realidade, refluxo de ausência indeterminada, ela, pedaço meu, ausência minha... Para que voltar se nunca foi... Não. Ela me disse, foi a última coisa que ela disse, ainda ontem me lembrei dela... Ainda agora isso é passado... Je me fout du passe...

Não. EU disse.

sexta-feira, agosto 01, 2008

NaDa

Sem diálogos.
Sem rimas.
Sem espanto.
Sem bagunça.
Sem amor.
Sem dor.
Sem alegria.
Sem doces.
Sem agonia.
Mas estou com agonia.
Agoniada.
Não quero rima.
Isso não é NaDa.

...

Não ia dizer, não ia escrever, ia pensar, segurar aqui, bem dentro de mim, mas não quero nada, nada só meu, também não quero nada, que não seja só meu. Sim, não sei, talvez, quem sabe, tanto faz, agora, nunca mais, eu vou, eu já fiz, eu fiquei, eu comi, eu não fui, mas eu quis, você foi, eu não disse, cresci, aumentei, escrevi nada, nada com nada, nada de nada, o que tem o nada? To louca, to doida, sou assim, ia pensar, não ia escrever, mas disse, já foi, ta dito, escrito, terminado, amanhã eu me calo, ou não, eu corro, e não é, não foi, tudo bem, não queria, eu quis, conjuguei, mas NaDa.

quarta-feira, julho 30, 2008

A Morte Joga Xadrez

- Xeque.
- Assim não dá, você me distrai com essas histórias.
- Se você se distrai por tão pouco, que posso fazer eu?
- Sem essa. Toma.
- Você comeu minha rainha?
- Ah é? Não me diga.
- Xeque!
- O quê??? Ta brincando.
- Brincadeira nada, é jogo sério.
- Sério é o que vai acontecer com você quando terminarmos.
- Isso é alguma ameaça?

- Você sabe, nem preciso responder. Se eu pudesse...
- Não sei se você se lembra, mas quem vai é você! Pronto, me passa o cavalo.
- O quê??? Ah, mais essa.
- Concentra aí cumpadi, assim que quer ir pro céu? E pode deixar que as ameaças ficam por minha conta.
- Você não me disse nada sobre isso.
- Sobre o quê? Olha, ameaças no bom sentido...
- Sobre ir para o céu.
- Ok. Ganhou céu, perdeu inferno.
- E se eu quiser ficar na Terra?
- Sem chance.
- Eu pago, compro minha vida. Quanto você quer?
- Seu tempo acabou camarada.
- Não, deve ter outro jeito.
- Xeque!
- Ahhhh, você se aproveita!! Ta me sacaneando. Quer me ver no inferno não é mesmo?
- Se você fosse um pouquinho mais esperto nem se preocuparia com isso.
- O que disse?
- Não importa, continue.
- Ok. Então me diga, como é o inferno?
- Você não vai querer saber.
- Oras, se te pergunto...
- Esqueça, de mim não arranca NADA.
- Ok. O que você quer então? Eu lhe pago.
- Olha, por mais que eu esteja precisando - afinal não paguei a conta do hotel nas duas últimas vezes que estive aqui - não posso aceitar.
- E porquê?
- Questão de honra.
- Ah, qualé. Desde quando Morte precisa de honra.
- Desde que você está vivo. Depois que eu te levar é outra história.
- E como pretende fazer isso?
- Esqueça.
- Mas você nem se qu...
- Percebeu que se preocupa muito com como? Quando é mais importante rapaz.
- Agora quer me ensinar a viver?
- Não pode.
- É claro que não posso, não posso mais é suportar essa idéia de...
- Não infeliz, não pode fazer essa jogada, seu Rei está ameaçado.
- Ah claro, como não estaria. Ok, você venceu. Quando?
- Agora.
- O quê?
- Xeque mate!

sexta-feira, julho 18, 2008

Quero querendo


Quero voar no alto sobre o precipício
Me afogar de amor, de paz, de gente boa
Beber o sossego dos dias quentes de inverno
Inventar histórias reais, me vestir de fantasia
Quero me pintar de noite e dia, sem ter hora e nem onde terminar
Transpirar de alegria, sorrir escandalosamente, gritar, pular...
Mentir pra mentira a verdade (in)conseqüente
Beijar o beijo verdadeiro, quente que arrepia
Quero me emocionar com a novela da esquina
Bater palmas pro artista na rua
Criticar a censura, a desigualdade e a "não crítica"
Tomar banho quente, ouvir a cidade, me deitar na grama
Quero tanta coisa que não me caberia
Inundar-me a vontade de dias assim, anseio
Por parte de tanto, pedaços de cada parte
Grãos pequeninos de feliz ilusão
Quero nada que não me queira
Ou que me queira sem eu querer
Quero o verbo, o verso, o dia
O amigo, o vinho, o calafrio
Quero todo dia, poder querer desse jeito
Jeito manhoso, quietinho e fogoso
Quero sabendo que hoje, ah...
Hoje é só hoje, e eu quero.

quarta-feira, julho 16, 2008

Alguma coisa acontece no meu...

Clarice disse que não, que é bobagem de menina boba, coisa de criança ainda criança, disse que gente grande pensa diferente, gente grande talvez até sinta diferente. Ah, não me importo com o que Clarice diga, é falta do que fazer meter o bedelho onde não é chamada, e eu nem tinha pedido sua opinião. Ela insiste, insiste em dizer o quanto tudo isso é papo furado "Menina, vai caçar o que fazer, ficar de namorico no portão é coisa feia viu? Vai estudar menina". Namorico no portão? É, Clarice não entende nada!
Clarice não é minha mãe, nem minha vizinha, tão pouco uma amiga. Ah, deixe-me falar com Clarice, vou esclarecer-lhe a situação, será que ela me entenderia?
E porque a preocupação se não lhe devo satisfações?
É, não sei não, só sei que as coisas vão bem, vão assim assim, talvez talvez... Vão bem. Bem como estão. Clarice que se esclareça, pra mim as coisas estão bem clareadas, o que quero, quando quero...
Não quero nada.

terça-feira, junho 24, 2008

2 aninhos!!!



Queridos leitores,

Tenho que registrar esse momento, mesmo que passado. Pois, no dia 22 desse mês, dois dias atrás, esse meu espaço fez aniversário! É muito bom poder compartilhar com todos os pensamentos que vagam e escorregam aos dedos... e também observar as outras estórias e histórias contadas nos espaços, até de pessoas que eu não conheço e acabo por conhecer no jeito, nas formas, nas entrelinhas. É através daqui, das letras e dos contos que nos conhecemos, criamos um mundo real, universo de fantasia e imaginação, e assim acabamos por nos conhecer, nós outros e nós mesmo.
Não posso dizer que é poesia, conto, crônica ou redação. É tudo junto, separado, contado, rascunhado, enfim. Hoje vim para contar ao blog e aos visitantes mais um conto de ano, que bom, que bom.

Só passei para dizer a todos os maluculados... Um muito Obrigada!
Porque loucura minha gente, loucura é não se deixar ser louco...
Ótima semana a todos!
Amanda.

quarta-feira, junho 18, 2008

Acontece.


"Se esta rua, se esta rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes

Para o meu, para o meu amor passar..."




E passou, caminhou contente de sorriso aberto, bronco, rouco de gargalhada. Menina cantava, menino dançava, todos riam, brincavam, pulavam a amarelinha de giz azulado. Era uma só alegria, no asfalto, no dia do dia que foi, que não é ou será? Fosse minha...
Outro dia, brincou de ser quem não era, teve medo "suspeito esse sujeito", parecia muito com quem ele era, mas parecia. Mascarado de todos os jeitos, mão com luvas, corpo coberto, rosto pintado, olhar... Bem, o olhar... O olhar era o dele mesmo. Ladrilhar...
Lembrou-se da Ana quando ouviu a caixinha de música, lembrou-se do dia em a esquecera.
Esquecimento. Aquecimento. Apontamento. Ponto.
Passou, não aconteceu.
Acontece.

quarta-feira, junho 04, 2008

Monólogo em Tempo


Infelizes dos que crêem em mim. Acreditam ou tentam acreditar que comigo "tudo passa". Ah se eles soubessem, mas eles sabem, todos sabem, apenas insistem em acreditar. Insistência tola, mas compreensível. Afinal, é preciso crer! Seja no tempo, seja no mito, seja em si mesmo ou em qualquer outro motivo, mesmo que para isso motivo não haja. As pessoas teimam, é de sua natureza teimar. Mas será mesmo preciso? Elas teimam em precisar, necessitam, o tempo todo de um tempo, para tudo, mas para quê? Eu passo viu, e não volto não. Não é teimosia, é que a mim não me basta voltar, assim não teria razão meu existir. Mas eu volto, entenda o modo, porque voltar verbalmente nunca. Tem coisas que eu tempo não curo, se é que tempo cura alguma coisa.
Tem gente que passa a vida procurando algo, alguém, alguém de alguém... Tem gente que espera que esse algo, alguém ou não sei o quê simplesmente apareça... Mas tem um momento que essa gente se pergunta: "por quê?" "pra quê?" ou "pra quem?"... A vida é longa, as pessoas é que não sabem administrar cada uma, cada qual, o seu tempo. Sim, porque eu me fragmento, sou tantas coisas e ao mesmo tempo consigo ser nenhuma. Mas já me basta, parei por uns segundos, minutos, não sei mais eu, preciso correr, até o tempo tem mania de precisar, só aparências. Até mais ver Lembrança, passa em casa pra gente tomar um café mais tarde.

terça-feira, junho 03, 2008

Anonimato

- À quem escreves Eufredo?
- És de tua conta D. Benedita?
- És da conta de todos, queira saber!
- Pois bem, escrevo a alguém.
- Pois quem, hein?
- Alguém és teu nome. Alguém da Cunha Machado.
- Oras, não me venha com peripécias, sei muito bem à quem escreves.
- Então porque perguntas?
- Quero a confirmação.
- Mas se já tens tanta certeza.
- A confirmação.
- Então não há certeza alguma.
- Dê-me-a, ou me tiras do sério.
- Estás séria? Pois parece-me muito abatida. A senhora têm ido ao médico, não quero me intrometer, mas apenas acho que...
- Chega! Cala-te infeliz. Sei que escreves pra quêla bruaca da Rita Maria. Desse jeito comprometerá a todos nós. Dê-me a carta. Já.
- Como? Eu? Oras, e és de tua conta futriqueira. O que pretendes tu?
- Entregar-te ao Estado.
- A ele já pertenço.
- Não se faça de besta. És um tolo.
- Que seja.
- És louco? Nossas vidas estão em risco, e tu, comunica-se com aqueles...
- Loucura é não fazer nada diante de tanta injustiça, e saiba que, com ou sem isso, nossas vidas permanecem em risco, viver já é perigoso o bastante mesmo entre quatro paredes, e não há muros, paredes ou pontes que nos escondam. Somos livres D. Benedita, livres. Do próprio Deus o livre arbítrio dizemos ter. E que liberdade é essa, imposta e limitada, "escolha" deixou de existir há muito, somos obrigados a engolir sem vomitar, a sociedade és certa e errado quem vai contra ela, e todos se esquecem que o peixe também é responsável pelo curso do rio. Bem, "sejamos todos bons cidadãos". Oras, dê-me um motivo para não escrever, e eu o respeitarei se a mim, e a meus ideais, me convier.
- (...)

quarta-feira, maio 28, 2008

Ausência

Queridos leitores,

Não tenho tido tempo de visita-los em seus cantinhos especiais, e tão pouco para desenhar no meu. Mas asseguro, voltarei. As letras me fazem cócegas nas pontas dos dedos, querem sair, nascer e formar-se palavra escrita, dita, contada.
Bem, esse borbulho que aqui se encontra, em mim se encontra, e depois espero que aqui descanse.

Obrigada pela visita.
Ótima semana!

Amanda.

quinta-feira, maio 08, 2008

Sabe-não



A gente sabe...
A gente não esquece... Porque a gente vive, a gente sente, e gente erra, a gente repete e às vezes não muda.
Damos voltas na volta à "Lua", damos vida em qualquer estação que se faça, somos semente, broto descalço, alguém para amar.
A gente erra, a gente emudece.
Depende do erro, do que é um "erro", depende da falha, da noite e da escada, depende de tantas coisas, porque só depende da gente...
A gente sabe-não...
Sabe nem se depende. Querer é costume, hábito inseguro.
Insegurança é segura, segura tanto que prega os pés que não dá pra andar.
A gente pode, quando a gente quer a gente aprende. Mas tem coisas que não dá pra ser 'só'.
Tem coisa que 'só' a gente compreende, junto, a gente conta outra história.

sexta-feira, abril 11, 2008

Sou tua, Vida.


Vida, me leva pra junto de ti, me bota no colo, acaricia minha face, me enche de beijos. Me afastei de mim, fugi pra longe, bem longe do que eu entendia por "ser". Sou assim, sou não sei como, nem quando, mas sei que sou.
Ah Vida, põe-me nos teus braços e me conta tua história, escutarei tudo o que disseres, olharei pra ti com os olhos de uma criança, ficarei quieta e atenta, mas por favor... Deixa-me te ouvir.
Vida, me entenda, não sei como cheguei aqui, mas tu me trouxeste, tu me fez assim, não culpo-te, não! Eu te amo por me ensinar tudo o que sei, eu te amo por me mostrar tudo o que eu ainda não vi, eu te amo por tantas coisas e por tão pouco.
Ai Vida, dói-me as lágrimas por te amar. Choro a tua nascença, a tua virtude, dói-me a ausência de mim em ti, mas eu Preciso.
Abraça-me, aperta-me em teu peito como tua mulher, fala-me no ouvido tudo o que quiseres dizer, deixa-me viver-te em mim, sou tua, Vida, sou tua sempre.
Cada instante me é precioso, não jogarei ao tempo o tempo que tenho, tu és feita de escolhas, pequenos detalhes que fazem a diferença. E eu escolhi. Eu escolhi viver-te.

terça-feira, março 25, 2008

Idades, Idéias, Ideais...

Tudo na vida tem um "porquê", sabemos que sim, mas não sabemos o quê. Destino? Casualidade? Bobagens? Tudo pode ser e não ser, estar e sumir, tudo é mutável e se desfaz. Tudo é tão relativo e tão... Não sei. Constantemente nossa mente se enche de dúvidas, faz perguntas absurdas, mas tudo não é possível? O que não pode ser? Para 'ser', o primeiro passo é querer, o segundo é tentar, o terceiro... Bom, acho que cada um escreve os seus passos e deixa suas migalhas de pão da maneira que lhe é melhor. As migalhas são roubadas pelos pássaros, senhores do tempo, e não há volta. A gente anda em circulo, vai e volta, fica e foge, a gente tem medo, se esconde do escuro, abaixa na queda, a gente faz tudo pra gente e nos esquecemos da gente. Somos todos adultos aprendendo o ABC - Avistar, Buscar, Consolidar. Somos todos crianças vendo além do que é possível ver. E não sabemos por quê. Destino? Casualidade? Bobagens... A idade, as idéias, os ideais, são da gente, nos pertencem, e são só massinhas de modelar, as minhas são bem coloridas.

quinta-feira, março 13, 2008

Mulher

Mulher, pedaço de carne desejo pungente, par de pernas de seios e olhos. Mulher, da boca tua sai veneno, feitiço entregue aos homens pequenos, aos grandes homens, não te entregas, a esses já pertence. Mulher, crua certeza de puta pureza, sente na pele o gosto do gozo, deita-te na cama, soluça tua glória, teus pares de pernas de seios e olhos... Teus olhos, mulher, teus olhos janelas da alma...
Encanta teu jogo suspiro ardente, fascina semente que brotas da alma, teu descanso anda rente a tua essência cuja efêmera trilha compõe-te o verso. Mulher, caminha tua vida de mãos com o vento, teu ventre tua sina, teu corpo, tua grandeza, tua alma me chove, templo de fonte de sede. Bebo-te em mim... Bebo-te os risos, as lágrimas a pureza, roubo teu grito, abro tuas pernas muro passadiço, sou tudo e tanto em ti. Sopra-me do infinito, joga-me de tudo a todos, somos nós... Mulher.

terça-feira, março 04, 2008

Eu

Penso nas coisas simples, no porquê da vida ser assim, nas pessoas que amo, e tenho medo de perdê-las, e medo de não ter medo... Penso que pensando assim é mais difícil, fica tudo de uma cor só, e não vejo outros meios. Mas as possibilidades são infinitas, tal como o infinito da vida, então prefiro parar de pensar, prefiro correr de braços abertos e jogar-me do alto para não sei onde... O que virá amanhã não me importa, mas corro de braços abertos e me jogo nos braços do nada... Se algo mudará não importa... Eu corro e cada vez mais rápido, mais leve, mais não Eu... E canso... E respiro... Eu prefiro nunca parar de correr, porque assim sou livre, vôo junto aos pássaros, repouso nas costas das nuvens, fujo de toda pouca verdade que existe no mundo, da impureza e hostilidade, fico e fujo de mim mesma... Eu amo, eu sonho, eu sinto, eu ouço, eu beijo, eu brigo, eu bato, eu me desculpo, eu caio, eu choro, eu me levanto, eu não desisto, eu vivo.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

"Profitez de I'instant"

É só no que tenho pensado - aproveitar o momento. E dá pra incluir tantas coisas nesse simples pensar... Mas é uma idéia que a gente não pode deixar passar, ficar pensando no que poderia, no que seria, no que viria a acontecer... Ah, assim não vale, assim não é aproveitar. Après tout, a vida passa, corre com o menino dos sonhos dos olhos dourados, de mãos dadas com o tempo, que envelhece nosso I'instant e julga nossa alma, põe medo nas nossas vontades, provoca as nossas vertigens, e no fim das contas, somos nós mesmos... Très bien. Mas chega um momento em que nos perguntamos "Pourquoi? Et pourquoi pass?"
Fazer quelque chose de bonito, ainsi fortement beau... Porque sentir o momento e fazer o momento são coisas totalmente diferentes, mas que caminham de mãos dadas.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

O Espelho - Alberto Caeiro


O espelho reflete certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.

Goya - "Las majas"




Na mata.

Ela corria para ele como se seguisse seus passos, pois ele não parava, 'ele nunca pára', pensava ela. Não se importava, sabia o que estava fazendo e para onde estavam indo, sabia que era importante e o ouvia dizer "apenas não se esqueça de quem você é - você sabe..."
Mas a caminhada parecia infinita, um piscar de olhos e sempre a mesma cena, ela correndo e ele indo embora, ela criança e ele 'pai', ela brincando e ele caçando... Ela também lhe dizia "nunca solte a minha mão"... E ele: "sempre vou estar aqui, mas não se esqueça"
Sua voz calma e autoritária ressoava entre as árvores de onde ouvia-se apenas o cantarolar dos pássaros e o suspiro do vento. O lugar onde ele estava agora era vazio, deixou sua força e sensatez nas folhas pra que ela soubesse que ele não foi embora.
Desde então, ao fechar os olhos seus outros sentidos se aguçavam e ela podia ouvir, podia sentir o Pai na natureza, a natureza nela mesma, aos sons do vento, do mar, das folhas estalando, os grilos, os pássaros, a eternidade.

domingo, fevereiro 10, 2008

Conto não...

Tantas histórias pra contar, que fica difícil começar assim sem ser errado. Por isso a gente não começa, muitas opções ou poucas, nunca estamos contentes em começar. Ah, desculpe... Nunca estou.
A gente tem tanto pra fazer que acha que o tempo é pouco, enrola... enrosca... e fica nisso. Porque todo mundo pensa que tudo tem um fim, que o que é bom não é pra sempre, que pra sempre não existe. Por que então as pessoas dizem... pra sempre?
As coisas começam, acabam e começam. Como um ciclo sem fim, porque tudo na vida tem um fim, e pra cada fim existe um começo. Tem mil coisas que passam pela minha cabeça agora, e mil coisas que vão embora. Bom, vou começar por uma delas.... Depois eu conto.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Há VIDA!

Como surgiu a vida? Quem somos? De onde viemos e para onde vamos?
Acho que todos um dia se fazem essas perguntas, todas insaciáveis de desejo de saber que fazem parte de um conjunto de muitas coisas e ninguém sabe do quê. São partes de um todo dissipado em grande espaço em conseqüente busca do que pra onde, pra quem, ou pra o quê ninguém realmente sabe. Talvez bem lá no fundo, lá onde guarda-se a alma, a gente saiba. E saiba tão bem, tão claramente, que talvez por isso não aceitamos. Às vezes imagino que a resposta para tantas perguntas é tão óbvia e simples que logo me dou por vencida e sei que não é ou não pode ser assim, fácil. A vida é muito bonita para ser decifrada, e muito curta para perdemos o tempo tentando fazer isso. E se a vida é realmente tão breve, porque não contentar-se e viver? Fazer parte disso é muito mais do que existir, é sentir-se PARTE, e sentir-se parte está longe de ser apenas viver.
É lindo quando finalmente nascemos, quando despertamos para o que parecia apagado e sem muito sentido, quando compreendemos a dimensão do que somos, do milagre que somos, e de quanta vida existe em nós e para nós. Cada ser é único em si e único em conjunto, cada partícula, pedaço, metade, TUDO é um verdadeiro milagre, porque não há o que não seja vivo, mesmo nos objetos depositamos nosso carinho, para tudo há sentido e onde há sentido a VIDA nasce e renasce a cada segundo.

São assim.

- E se eu quiser ir embora?
- A porta é serventia da casa!
- E se eu não voltar mais?
- Lá vem você de novo.
- É você que me provoca, cheguei e você nem aí pra o que eu disse. Nesse caso, acho que não se importaria se não tivesse que me ouvir mais.
- Estou cansado, é todo dia a mesma história. Mas se for assim... Realmente não me importo.
- ...Não ...Não se importa?
- É você que está procurando.
- ...Não se importa?
- ...
- Então vá e que o diabo que te carregue, seu... monstro... Depois de tudo, de todo esse tempo... Seu puto ridículo imprestável... Como pode... Anhhn Me SOLTA!
- Você não vai à lugar nenhum.
- ME LARGA.
- Você sabe que não vou deixar.
- Você não presta.
- E você menos ainda.
- ... Vem cá...
- ...
- ...
- Então, o que vamos fazer hoje?

segunda-feira, janeiro 21, 2008

E quem é você?

Tudo me faz pensar em você
Os livros que leio, as saudades que tenho
De tudo o que ainda não passou por nós
De todos que ainda não conhecemos
E dos que o nosso encontro esperam
Tudo me faz pensar em talvez
Se um dia a gente não se ver
O que acontece com os sonhos?
E os desencantos dos dias passados?
De tantos a tanto amontoados
Que esperam, se entregam e não vêem
Mas tudo me faz pensar em você
Mesmos os desastrados pulos
E tropeços da vida em que caio
No caminho que é meu, e que é nosso
Acho que porque tudo enfim é você.

Óia que Ai de novo...

E de novo de tudo outra vez, porque das vezes que óia nós fomos, óia nós vamos viver pra lá de depois. E de depois de em diante, andamos juntos juntinhos bem dizer de mãos amarradas, apertadas uma na outra de frente das águas molhando os nós dos dedos dos pés. Óia que de novo nóis cai e de novo nóis vai de dizer um ai pára. Que pára que nada, se tiver que cair nóis cai e bem caído pra dizer um ai bem bonito que todo o mundo na roda há de ouvir. Ai de amor não dói não, só faz cócegas de dar risada, por isso é bão a gente dar gargalhada mesmo chamando do ai, mas óia que foi bão, a gente caiu e levantou de sopetão e mais forte e mais amante que nem de inventar história pra achar um Ai tão bom.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

...

Levantou-se do subto susto e acendeu as lamparinas ao seu alcance. Correu os olhos mata a dentro e nada. Fora um sonho? Não, ainda sentia uma presença. Alguém os vigiava na calada da noite esperando o momento oportuno para... para o quê? Ele não sabia. Mas alguém queria algo, ou alguém. Fechou os olhos apertados querendo fugir do medo que se assomara, era noite e estava frio. Os sons eram os grilhos, os estalidos da noite e os suspiros de seus amigos em sono profundo. Olhou para eles esperançoso de estarem acordados, mas nada. Dormiam e sonhavam.
Deitou-se e tentou fechar os olhos mais uma vez, mas ouviu um som que os fez arregalar-se no instante. O som ecoou noite a dentro e sumiu. O silêncio era aterrador, penetrava suas vísceras impedindo o seu sono. Um estalido e... ...
...
- Você não vai jantar?
- Estou escrevendo depois eu vou.

Nada de Novo

E também nada de velho. Contraditório.
Na realidade tudo é novo e tudo é velho, e até o nada é alguma coisa, pois se não fosse não seria nada. Enfim, duvidoso.
Tudo de novo nada passado. Suspeito.
Se repetirmos o ato já teria existido, se existido já teria passado e se passado não seria novo e tão pouco de novo. Pois se se repete o mesmo, não é o mesmo, ainda que repetido é outro, é novo. Confuso.
Basta dizer que é relativo, pois tudo na vida é relativo. Ainda pensava que a morte era certa, a única certeza de tantas dúvidas, mas até isso. Relativo.