segunda-feira, dezembro 31, 2007

"Feliz ANO Novo"

Hoje é o ponto e vírgula da vida cotidiana, é o final de uma etapa que recomeça amanhã. Ponto final é não, esse só no fim mesmo. A gente começa o ano planejando e construindo sonhos, procurando estrelas no céu e adivinhando segredos queridos...
O ano termina mais uma vez, e eu conto estrelas no céu, tenho uma caixinha de pandora e os segredos... Continuam segredos.
No final dessa etapa, desejo a todos um recomeço FELIZ, mais feliz do que o passado, porque na vida, a gente tem que sempre querer mais, mas não um querer só pra gente, é um querer pro mundo, pro mundo todo ser feliz.
"Tem horas em que, de repente, o mundo vira pequenininho, mas noutro de-repente ele já torna a ser demais de grande, outra vez. A gente deve de esperar o terceiro pensamento". (João Guimarães Rosa)

domingo, dezembro 16, 2007

Pensamento

A mente é um grande labirinto que se você explorar corre o risco de se perder e corre o risco de se encontrar... Vale a pena correr esse risco.

And...

O

Q
U
E

V
A
I

S
E
R
?

Hoje eu percebi uma coisa...

Não importa quanto tempo leve para agarrarmos uma chance, ela escapará e estará lá ao mesmo tempo. É como ouvir o vento, percebê-lo e não poder tocá-lo, mas você sabe que ele está lá assim como sempre estará, isso é o que consola e magoa.
Percebi, que como o vento, as coisas vão e voltam imperceptíveis num todo. E só nos damos conta que ela esteve ali, quando realmente acaba. Aí, queremos sentir novamente, mas a época das brisas se foi, é tempo de seca. É preciso esperar... Tudo tem um ciclo, o ciclo natural das coisas. Esperamos para sentir novamente e a percebemos quando... Acabou.
Não, não será mais assim. Isso acabou. Hoje eu renasci, como em todos os dias até hoje, eu vou Viver no MEU ciclo louco das coisas. Assim como eu sempre fiz, mas com novos ventos a meu favor.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Depende da gente...

Pra que o mundo seja feliz. Pra que as crianças estejam sempre sorrindo, e que as mães não fiquem tristes. Depende da gente, cuidar, cada um do seu jeito, cada um do seu modo, cuidar do nosso próprio mundo. O meu está colorido, com tinta transbordando, vou emprestar um pouco pr'os visinhos se pintarem e aproveitar para me pintar mais um pouco. Porque a vida minha gente, é feita de contos e poesia, e o que são os contos sem as letras coloridas e a poesia borrada de cinza?
Vamos pintar!!!

terça-feira, dezembro 04, 2007

Tradução: Tout le monde - (Carla Bruni)

Todo o mundo é uma pessoa engraçada
E todo o mundo tem a alma emaranhada
Todo mundo tem uma infância que ressoa
No fundo de um bolso esquecido
Todo mundo tem restos de sonhos
E cantos de vida devastados
Todo mundo procurou alguma coisa um dia
Mas todo mundo não a encontrou
Mas todo mundo não a encontrou

Seria preciso que todo mundo pedisse junto às autoridades
Uma lei contra toda nossa solidão
Que ninguém seja esquecido
E que ninguém seja esquecido

Todo mundo tem somente uma vida que passa
Mas todo mundo não se lembra disso
Eu vejo pessoas que a dobram e até mesmo a quebram
E vejo aqueles que nem mesmo a vêm
E vejo aqueles que nem mesmo a vêm

Seria preciso que todo mundo pedisse junto às autoridades
Uma lei contra toda nossa indiferença
Que ninguém seja esquecido
E que ninguém seja esquecido

Todo mundo é uma pessoa engraçada
E todo mundo tem a alma emaranhada
Todo mundo tem uma infância que ressoa
No fundo de uma hora esquecida
No fundo de uma hora esquecida

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Lê, se o inverso te propor
Outro verso pr'outro dia
Deixa que ele venha, mesmo depois
Que é outra via

Como não veio antes
Trouxe-lhe agora
Se não agora
Traria depois

Traria quando fosse a hora
Por isso Lê
Mesmo que ainda não seja agora

Fiquei de trazer-lhe o dia
E ainda é aurora
Amanhã, Lê, que é dia.

domingo, dezembro 02, 2007

Voa voa...

Sou feito de vento
de áspera delicadeza
que nasce rebento
vinga, brota, sou de faz de conta
Sou que sou alguém
fui de ninguém que ninguém é meu
mas amei o vento
o tempo que se fez despedaçar
só porque sou eu
quem eu fui, o vento
quem foi
Sou feito de vento
áspera sutileza
que devora sofrimentos e faz sorrir o tempo...

Expectativa

A constante expectativa que me assombra, é a culpa pelas coisas que faço e pelas que deixo de fazer. O mundo do desconhecido, o que cerca o espírito curioso das áreas inexploradas, me engole ao passo do que não sei pra onde. Guiada através dos instintos, dos desejos, escondido o véu da verdade... descubro o que é verdade pra mim. E ela permanece sob um 'talvez' ou 'quem sabe'.
A vida é curta demais para ser vivida esperando que ela termine, esperando que algo aconteça, esperando que ela mude, esperando esperando esperando.... E quando nada acontece nos desiludimos, e talvez, e quem sabe, voltamos para a cretina expectativa!
Cretinos somos nós - somos cegos, surdos, só não mudos. Para reclamar a boca cospe.
Cretinice é não viver, é não sentir o que realmente é viver. Se a vida é curta então façamos com que cada segundo seja eterno, cada sorriso lembrado e cada beijo um recomeço, porque começar é saber que o fim está longe e que poderemos fazer TUDO outra vez.

segunda-feira, novembro 26, 2007

A primeira fase

Quando nos conhecemos foi desejo recíproco, eu queria estar lá, bem pertinho e fazer parte daquele mundo onde tantos querem estar - apaixonados... E nada mais importava... A gente faz um montão de planos, namora namora e depois quer casar. Se não der certo, pedi divórcio. Tudo está tão fácil hoje em dia, mas muitos dizem: "difícil não é entrar e sim sair". Por isso temos que fazer a escolha certa! E nessa primeira fase é onde nos conhecemos melhor, ele faz perguntas e eu respondo, é bem uma seleção de gostos! Uma seleção não muito agradável pra falar a verdade. Sempre nela que eu empaco. É que ele é bem eclético, gosta de discutir sobre tudo, inclusive sobre números, mas confesso que minha área é a dos livros. Bem, mas é assim né. Tudo bem que tem as brigas, as coisas maravilhosas que a gente deixa de fazer, as noites mal dormidas de ansiedade, tive até momentos de stress e loucura depressiva, mas isso faz parte de qualquer relacionamento, sobretudo deste tipo, que fod... com a gente.
Foram anos de convivência, quer dizer, de camaradagem, duas tentativas de conciliação frustradas, mas agora, na terceira... Eu consegui! Assim espero, pois ainda faltam provas, ele não se manifestou, mas sabe quando a gente sente que tudo vai dar certo? Pois é... E assim foi a minha primeira fase da Fudest.

domingo, novembro 18, 2007

Ela sabe.

Ao fim de um primeiro tempo, é assim que seguimos. Terminando coisas e começando outras. Não parece poético? Patético. Talvez seja como me sinto.
Sugiro novos rumos, novas tacadas... Mas como? O primeiro tempo nem acabou. E será que acaba? Espero que não, por saber que não estou preparado. Espero que sim, por sentir desejo de ter a resposta e poder continuar.
Pude ver belas mulheres, beijar e amar todas. Pude sentir a loucura que há em tantos sentimentos, mas desconheço o apito para o qual segue o segundo tempo. Nada disso é comum a mim.
Pessoas me dizem: "é só viver!" Parece ser tão simples vendo por esse lado. Aliás, tudo depende de por qual ângulo você olha. Ah, só ela sabe o quanto sei de tudo isso.
O primeito tempo não acabou. É fato. Fato que me desmonta e me engole a cada segundo que se aproxima do que não sei o quê. O tempo, senhor de todas as felicidades, pára diante da minha, ou sou eu quem não o vejo passar? Não fica claro o que eu quero, o que sei, ou quem sou. O tempo passa e a cada passo tenho mais dúvidas sobre tudo. Até mesmo sobre o que estou fazendo aqui(?).
Às vezes, por questão de segundos, posso ouví-la, posso sentí-la. E eu sei que posso. São segundos de eternidade para mim. É muita vida por tão pouco tempo. E eu não entendo.
"As folhas secas quando caem, adubam a terra para que novas possam crescer"
O primeiro tempo ainda não acabou. E ela sabe.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Outra vez outra

Duas, nós, uma....
De tarde passou-me à lembrança, ruído do vento na rua, enquanto as folhas secas se iam... Essa lembrança se vinha.
Contado aos meninos... A eles conto tudo, mas deles sei nada, nem quem são eles, nem querem eles que eu saiba.
Ouvindo gotas no chão, soluços, espirros, sorrisos... Apenas calado, apenas seguindo, corria, corria, crescia... Calado falava das cores, que via piscar no sótão para os meninos, as crianças. Os olhos arregalados, claros com vida e vermelho, mas não tinha quem queria, não tinha esses meninos. Só eu, as cores, os sons... Eram os meninos.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Felicidade...

Ontem, o tema de uma redação me chamou a atenção: "O que é Felicidade para você?"
Foi difícil descrever, quer dizer, é difícil, pois ainda nem a fiz.
Não sei como, quando, quem, cuma que isso acontece... Mas é tão natural que dá medo de intitular, botar nome. Cada um a descreve de uma maneira.
Nesse momento sinto-me em puro êxtase... Transbordando de felicidade, porquê? Não sei. Acho que já acordei assim, feliz. Acho que já nasci assim.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Significado

Muitos já me perguntaram: "Qual o sentido de Ananita? Por que Solua?" E eu, como sempre, enrolava, dizia qualquer coisa, mudava de assunto, talvez nem eu mesma soubesse qual era.
Refletindo sobre a tal escolha, eu mesma perguntei-me: "Por que Ananita? Qual o significado?"
Bueno, pensei nas várias hipóteses: gosto de Ana, é o nome da minha bisavó, Ita é o apelido da minha madrinha, Anita foi o nome de uma boneca de infância e também de uma personagem que gosto bastante: Anita Garibaldi. Solua pode ser 'só com a Lua', 'Sol e Lua', 'só Lua', ou até, se escrito ao contrário um belo instrumento de sopro, e outras coisitas mais.
De todo o modo, foi por impulso, inspiração momentânea, eu precisa dar um NOME ao meu mundo, ou parte do que ele é, e fiquei feliz com o resultado. Hoje ele significa muito mais do que um mero substantivo, significa que os caminhos não acabam, que entre o céu e a Terra há tanto quanto há dentro de nós, dentro das Anas, Zelitas e Anitas que somos; significa que nascemos, crescemos e continuamos de mãos dadas com os nossos pais, acordados para o pôr-do-Sol, só para ver a Lua, e para nela sonhar.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Partido do guarda-chuva

Ah... Um dia livre! Um dia calmo, ventoso, bom dia DIA!
Talvez chova, talvez não, talvez forte, talvez fraco, talvez nem...
Certa vez falaram que as pessoas se dividem em dois tipos: as conservadoras e as liberais; as conservadoras são as que usam guarda-chuva e as liberais preferem sair sem ele, eu prefiro chamá-las de prevenidas e desprevinidas.
Bem, de qualquer modo, hoje será um BOM DIA!

PS: Eu trouxe guarda-chuva, mas sou bem "liberal".

sábado, setembro 29, 2007

É bem melhor quando já se sabe o fim

Sabe qual o fim? Seria bom se soubesse? Como pode saber?
Acho que é bem melhor imaginar como pode ser e fazer com que seja como imaginamos, não o fim... O fim pode ser novamente o começo de tudo, basta começar.
Abrir os olhos para o dia, sentir os cinco sentidos invadindo o sexto. A respiração em curtas pausas em busca de fôlego para a próxima palpitação. Folhas caídas ao chão, do fim de uma estação, abraçadas aos grãos secos fecundos em terra para semente, para nascer e amanhã, quem sabe cair novamente.
A vida é bem melhor quando já se sabe o fim, de planos e sonhos em anos, por sermos só nós grãos. Anos, meses, dias, agora. Como quiser, é plantar e colher. É ser feliz.

terça-feira, agosto 21, 2007

Ausência

Às vezes venho ao blog e tento uma, duas, três vezes e nada. Então apago, salvo rasuras, e as idéias vão acumulando. Formam-se pilhas e pilhas delas, aí esquentam e evaporam, e eu não volto. A ausência das palavras incomoda, mas a questão é o acúmulo delas. São tantos temas pedindo textos, tantas conversas pra serem contadas, idéias, lembranças, coisas minhas e das personagens criadas... E tudo fica no baú, esperando algo que eu não sei o que é ou alguém que eu não sei quem é. Tento agarrá-las e prendê-las em mim, inútil. Elas escorregam, fogem às gargalhadas.
E hoje agarrei essa idéia, fiz com ela me contasse o que agora conto a vocês.

quinta-feira, julho 26, 2007

Otacília

Penso na Tatá e a mordida me vem à cabeça, ou melhor, na bochecha. Eu estava lá pelos 6 anos sentada em frente da casa da Cecília quando ela apareceu, me abraçou, apertou, beijou como sempre fazia e me mordeu. Meus olhinhos se encheram de lágrima, ela percebeu e se desculpou, eu acho que não chorei, mas fiquei com vontade. Foi na época da escolinha, ela dava aula onde eu estudava, e na mesma época fomos num parque de diversões, depois da montanha russa aprendi a escolher, e escolhi que se um dia eu fosse em algum desses parques jamais eu iria na montanha russa, nunca mais fui.
Ela sempre carregava livros, pra cima e pra baixo, com suas saias longas. Ficava lá com a tia Maria, onde eu passei praticamente toda minha infância, e sempre me presenteava com livros de poesia e contos, livros que ainda habitam minha prateleira com orgulho. Ela é uma das grandes personagens influentes na minha história, está presente mesmo antes do começo e continuará até depois do fim, o último ponto não depende de mim.
Tatá, essa VEZ foi sua, é única mas não a única. Te amo muito titia fofucha!!!

quarta-feira, julho 18, 2007

Conversa no ônibus

- Seu Zelão, como vão as coisas pro senhor?
- Ô compadre Maneco, vai indo graças ao bom Deus, e com o senhor?
- Na graça do Senhor também. Agora deixa eu lhe conta uma coisa, o senhor nem imagina o que me assucedeu nesses dias. O senhor se alembra da Rita Maria, a Ritinha...
- Ah, a mulher do Seu Miro?
- A mesma, mas corrigindo... Ex-mulher, meu amigo, ex.
- Minha nossa, mas o que assucedeu-se com os dois?
- O senhor deve de se alembrar também daquele fulaninho que rondava pelas banda da casa dos dois, o tal que vivia por aqui em São Paulo, e foi lá pra visitar a família... Esqueci o nome do bendito.
- Eu me alembro sim, mas só de vista, rapaz bem aparentado.
- Pois é, eu podia jurar que a dona Ritinha tava é tendo um causo com ele...
- Minha nossa que é acusação muito grave.
- Pois é, mas eu que não ia afirmar tal coisa sem ter certeza. Pois perguntei pra Rita e...
- Ela confirmou. Que vergonha.
- Negou, ela negou tudinho de pé junto e ainda disse que amava Seu Miro.
- Pois então compadre Maneco, porque a certeza?
- Vai ouvindo... Uns meses depois, o fulano voltou pra São Paulo como era de prometido, não demorou muito e Ritinha decidiu passear por aqui também.
- Vixi, já to vendo.
- Ela soube que eu tava trabalhando aqui e veio atrás de mim pra saber se eu sabia de alguma coisa do fulano.
- E o senhor sabia?
- Mas claro que sabia, sou homem bem informado, sei de tudo que se assucede.
- Entendo, perguntei porque São Paulo é grande do tamanho do mundo e a gente nem sabe da gente mesmo quem dirá dos outros.
- Pois eu sabia e sabia de mais, e foi aí que ela me perguntou e eu tive que responder coitadinha.
- O quê?
- O que ela perguntou ou o que eu respondi?
- Uai, os dois homem.
- Ela perguntou do tal, se eu sabia por onde ele andava, e eu respondi. E foi aí que tive a confirmação.
- Mas respondeu o quê Seu Maneco?
- O homem bateu as botas, não durou nem muitos meses depois que voltou. Na hora que eu disse isso a mulher quase caiu pra trás de tanto desgosto, e me perguntou se foi morte matada porque ele parecia muito saudável e ela pensou que Seu Miro descobriu tudo e quis matar o rapaz, isso ela não falou não mas por certo de que é assim que ela pensou. Mas meu amigo...
- Quê?
- A mulher caiu pra trás mesmo foi depois que eu disse que foi morte morrida, morreu de Aids o desgramado, a bicha saiu xingando o rapaz e a família até a quinta geração. Que confirmação melhor que essa o senhor há de querer?
- É, que história hein. Pobre do senhor Miro, mas que bom que se livrou da cobra.
- Livrou nada, sabendo o sucedido a mulher voltou pra casa e o marido aceitou, nunca soube de nada o coitado.
- Minha nossa, que Deus olhe por ele. Então até qualquer dia desses Seu Maneco, valeu o papo.
- Até Seu Zelão, depois eu conto o resto, que o causo só começo, o senhor não se alembra que eu disse ex-mulher, ex?
- Então até outro dia compadre Maneco, até que já é meu ponto.

quinta-feira, julho 05, 2007

Conversa de bois

- Podemos pensar como o homem e como os bois. Mas é melhor não pensar como o homem...
- Por que é que tivemos de aprender a pensar?...
- É engraçado: podemos espiar os homens, os bois outros...
- Pior, pior... Começamos a olhar o medo... o medo grande... e a pressa... O medo é uma pressa que vem de todos os lados, uma pressa sem caminho... É ruim ser boi-de-carro. É ruim viver perto dos homens... As coisas ruins são do homem: tristeza, fome, calor - tudo, pensado, é pior...
João Guimarães Rosa

quarta-feira, junho 27, 2007

Mudamos de idéia ou são as idéias que nos mudam???

Já me perguntei isso várias vezes e cada vez mais, tenho a incerteza da resposta já esperada. Há momentos na vida que é preciso tomar outros rumos, buscar novos caminhos e optar por alguns desafios. Minha bengala que o diga! São fases não muito ruins mas de todo não muito boas, é que depende... Afinal tudo é relativo, já dizia um filósofo aí não sei das quantas. E outro fulano falou o contrário "não, devemos ter determinismo, é ou não é, e ponto final". Bom, ou os dois estão certos ou estão errados, dá na mesma. Aí continua-se na merda.
O negócio é viver por esse mundão afora como se ele tivesse dentro da gente, mas não significa que as perturbações vão junto com ele não... Elas ficam amoitadas só esperando o descanso da mente e aí quando a gente pensa que ta tudo na paz as bicha vem e morde que nem cobra quando quer dar o bote. Mas, veneno de-não-cobra pega só se a gente acha que cobra é. Por isso que eu penso, penso e quando to descansando penso de novo pras bicha sumi de tanto esperar. Mas tem hora que chegou a hora, e se não é cobra complicada é pedrada na certa. Aí danou-se, a pedra bate, faz um arrombo e com o tamanho do buraco as cobras aproveitam pra entrar. E eu repito, aí lascou-se de vez!!!! Caminho sem ida é caminho sem volta. Mas sempre tem um mas para ajudar na explicação de que nada é definitivo, até agora só a morte e olhe lá. As coisas boas são as novidades, as velhas também, porque depois da gente ficar tanto tempo sem lembrar, quando lembra vira novidade. O que é triste é ter que abdicar de coisas para dar lugar às coisas, entenda-se por coisas as coisas que quiserem entender. Mas, fazer o quê? Pra tudo dá-se o jeito!!! O importante é a vigília, a vigiada das idéias viajadas e o importantíssimo é não vigiar nada.

segunda-feira, junho 25, 2007

Um ano...

Como o tempo vai; dia 22 meu blog fez 1 aninho de existência. 1 é um número bonito, o número do início e das reflexões para o futuro, nesse número as coisas nascem. Esse dia é especial não só por isso, mas também por ser aniversário de um amor meu. Agradeço aos visitantes pela paciência da leitura, pela participação e amizade. Pois, "uma estória não é história se ninguém a escreve assim também não é se ninguém a lê." E para comemorar reescrevo a primeira minha postagem, feita com amor no blog para uma menina criança que amo muito - Bianca - minha sobrinha.

Um dia menina...

Um dia menina me chama na cama, da cama caio saio me levanto pro dia nascer depois de mim... Ainda assim menina confusa cabeça e bicuda se esconde por trás das constelações mais lúcidas do meu jardim. Que menina travessa de brinde de peito me dá um sossego saber dela enfim. Existe menina... brinca, pula, sacode pra gente não ser mais gente. Pra gente aprender a ser gente...

segunda-feira, maio 21, 2007

Para ela...

Quantas vezes corri até seu quarto atrás de uma blusa, uma bolsa, um abrigo.
Quantas outras gritei da janela querendo opinião, sugestão, tua palavra.
E as confidências, mimos e histórias que de passagem em passagem tiraram um sorriso ou um lamento nosso. Ainda tiram - dão. São anos de convivência, sei tanto sobre você quanto mim mesma. E assim, a cada dia uma descoberta.
Cresci acompanhando seus sonhos e até raptando alguns que carrego até hoje. Sempre prestando atenção no seu modo de falar, se vestir, as músicas que ouve, os livros que lê, até o gosto pelo francês eu peguei. Percebi que sempre tento me parecer com você, com vocês. Afinal, sou criança e preciso me espelhar em alguém não é?! E quantos bons exemplos eu tenho, que sorte a minha!!!
Ao teu lado, aprendi que não devemos desistir sem tentar, que devemos ser fortes e persistentes porque não é fácil, que a vida é um aquário pequenino com um peixinho colorido que devemos alimentar e que tenho sorte por ter você. É pra você que olho quando a escuridão me amedronta. Não deixe que essa luz se apague, eu não vou deixar!
Te amo Janzinha, você é muito especial pra mim!!!!!

PS: Atenção tias e tios no geral... Amo todos vocês e todos terão um espaço exclusivo no meu blog!!!! hehehehe

quinta-feira, maio 03, 2007

Falta cor...

Então, resolvi colorir um pouquinho com essa bela florzinha! Lembro de quando eu era pequena, adorava amarelo (ainda gosto). O amarelo tinha um papel muito importante na minha vida, desde das roupas que eu vestia, dos brinquedos... Até minha alimentação. No prato: arroz com sazon (pra dar um tom amarelinho), batata frita e ovo (detalhe importantíssimo: eu gostava da gema). Minha mãe até hoje me chama de amarelão, todos sempre me acharam um pouco anêmica apesar de eu nunca ter estado nessa circunstância. Eu tenho guardado um vestido que ganhei da minha tia Eva, quando estava nos meus 8 aninhos. Ele é alaranjado, mas eu prefiro dizer que é amarelo borrado. Mas são tantas coincidências... Meu signo, sagitário, é do elemento fogo. Meu nome, lembra a própria cor. Meu doce preferido só pode ser quindim. E a música The Beatles "Yellow Submarine"... Por que será que eu adoro queijo, milho, canja de galinha?
As cores podem ser, e são, grandes influências na nossa vida. E elas tem significados tão bonitos... Continuemos todos a "amar em elo".

domingo, abril 29, 2007

CarEta!

Ei menina! Chegue mais perto, até parece que tem medo. Não mordo, não machuco, apenas algumas cócegas, isso te anima. Abra os olhos minha linda, olhe bem adiante, o horizonte está aqui para ser vislumbrado, nós estamos aqui para... Para saber por que estamos. Corre, deixa teus cabelos soltos, prefiro eles assim, livres como você. Quando chegar, tente não me olhar daquele jeito, mas não tente muito. Continue não me dando bola e fingindo que não sentiu saudades, e por favor...
Fico um pouco perdido quando me pego pensando em você, então acho que pode imaginar, eu não acho nada. Talvez você saiba de todas essas coisas, como por exemplo, das vezes que fico te olhando enquanto você não olha, ou das palavras com os dedos que pra você podem não ter significado algum. Não me importo, acho que não poderia ser diferente. Mas os dias estão mais difíceis sem você, mais longos e até as pessoas parecem desenho de revista em quadrinho preto e branco. E aqui estamos nós, ou melhor, aqui estou eu. Queria não estar aqui. Será? Por que não?
Acho que te perdi, é estranho, eu nunca tive algo teu. Em uma coisa concordamos, penso eu, aquelas noites de olhares, risos e toques foram mágicas! Pena que elas nem existiram.
Vou te esperar, beijos.

sábado, abril 21, 2007

Pensamentos...

Assisto-me do alto da minha cama, dormindo sob a noite luanina. Queria não acreditar que existia, mas é difícil quando se deseja o que não é desejado. Como quando me levanto e repito pra mim mesma "mais um dia, mais um último..."
A cada dia de mais um dia, me sinto diferente, mas creio que não seja por efeito do amadurecimento que tantas vezes foi-me pedido. Minha infância não se foi, acho que a de ninguém vai. Mas não é como muitos dizem, que as lembranças são eternas. O tempo passa e com ele as lembranças envelhecem, até as da idade nova, principalmente essas. A cada dia sinto-me mais feliz em relembrar algo bom, e também triste, por fazer mais esforço e às vezes esquecer, pois todo detalhe é importante e faz diferença. Acho que por isso a sede de escrever; as letras, quando dispostas a se disporem, imortalizam os momentos vivenciados e desejados, bem como uma pintura, ou uma melodia - clássicos. O importante é não se afastar.
O Homem passa sua existência se questionando sobre ela, e depois de um certo tempo percebe que não importa o quanto ele pense sobre o assunto, ele vai continuar existindo. Alguns param bem aqui, contentando-se em acreditar, outros... Nascem.
Minhas idéias mudam o tempo todo, bem como o ponteiro do relógio no meu quarto. Talvez por ainda não ter me encontrado, talvez por nem estar me procurando. Acho que entendi porque tenho medo de coisas novas; elas envelhecem e vão embora, é a ordem das coisas naturais, mas de tudo não é a partida que machuca, e sim a chegada - o começo.
O grande segredo de tudo, é não ter segredos, mesmo que seja segredo não o tê-lo.

segunda-feira, abril 09, 2007

Agora inteira, ops... Quase.

hehehehe
Em que situação estive nesse feriado prolongado de páscoa! Hummmm... Muitos chocolates, muitas adulações, muito carinho das titias e do namorado e muita, mas MUITA dor na bunda! Pois é, acreditem ou não, mas eu fraturei o coxis. Bom, não foi exatamente o coxis, foi uma lesão no osso de ligação... Enfim, fiquei de bunda quebrada, não podia nem sentar. Ficava passeando pela casa e quando me cansava o jeito era deitar de bunda pra cima. Foi fod...
Hoje, não completamente curada, rio de toda essa situação, mas não desejo isso pra ninguém, hehehe
Imaginem só, eu na fila pra tirar raio-x, todos conversando e contando como tinham caído e quebrado pernas, braços, batido cabeça e eu ali, bem quietinha, até tentei me esconder mas não deu, um infeliz me perguntou e eu respondi, vocês conseguem adivinhar a reação? Riu, o desgraçado riu!!! Aquele dia foi terrível, eu de TPM, na fila há quase 2 horas, um puta calor infernal e com a bunda doendo! Porra, que situação!!
Eu nunquinha quebrei qualquer parte do corpo, um dia vou dizer pros meus filhos: "Corram, pulem, rolem, façam exercícios, subam em árvores (se elas existirem ainda, pelo menos no meu quintal, hehe) mas nunca, jamais caiam de bunda, a dor é terrível e o mal humor estressante!"

quarta-feira, abril 04, 2007

Que dia!!!!

Ual, esse dia daria um livro! Esse mês! Esse momento!!! Esse... Enfim.
Depois de tanto estresse resolvi sentar na cadeira (não que eu não estivesse sentada, hehe) e relaxar ao som de uma boa música (o barulho da impressora trabalhando) com uma leve brisa (dois ventiladores barulhentos) e uma paisagem estonteante (tinha tantas caixas e arquivos que fiquei confusa)! Quem sabe amanhã eu conto, hoje já me basta hoje. Estou cansada e preciso desabafar, e ninguém melhor pra ouvir do que "meu canto"!
Bye people...

segunda-feira, abril 02, 2007

Papai do céu...



Obrigado pelos meus brinquedos
Pelos meus sapatos
Pelo pão de cada dia
Por mais um dia de vida
Pela mamãe
Pelo papai
Minha irmã às vezes é chata, mas eu gosto dela também
Também adoro meus cachorros
E a pank, minha hamister
Ah, não posso esquecer dos peixinhos, eu ainda não dei nome à eles, eles são tão coloridos...
Obrigado pelo novo emprego do papai, ele sai cedo e chega tarde, e eu to sempre dormindo, mas eu sempre acordo quando ele me beija antes de sair.
A mamãe teve febre, mas não se preocupe, eu cuidei dela como o papai pediu, ela já está melhor.
Me desculpe pela briga da semana passada, fui egoísta em não deixar o Miguel brincar com meu carrinho.
Me desculpe também pela briga com a minha irmã, mas é que às vezes ela me tira do sério.
Bom, tem uma lista bem grande de desculpas aqui comigo, então me desculpe por tudo e... Pela minha preguiça em detalhar.
Annn, eu não entendo uma coisa... Sempre quando eu saio de casa, observo as outras pessoas, e não entendo porque algumas delas, muitas com crianças, ficam no chão, pedindo dinheiro pras outras, também não entendo porque as outras não ajudam aquelas pessoas. Papai disse que dar dinheiro é errado, porque a gente incentiva as pessoas a continuar pedindo. E que tem muita gente mentirosa que ganha dinheiro nas costas dos outros. Mas ele também disse que tem pessoas que passam fome e frio, e não tem casa. Aí eu fiquei mais confuso ainda, porque se ninguém ajuda, então como aquelas pessoas vão comer, e seus sapatos? Mamãe brigou com ele, e disse que era importante ajudar as pessoas que sentimos que precisam de ajuda. Para mim, todas aquelas pessoas precisavam de ajuda, mas eu não sei como fazer isso, é gente demais pro meu tamanho. Então, hoje o meu pedido é pra todas essas pessoas. Eu não preciso de tantos brinquedos, nem doces. Vou cuidar dos meus sapatos pra que eles durem e mamãe não tenha que comprar pares novos. Também não vou deixar comida no prato, e nem desperdiçar água. E por favor, que essas pessoas, possam ter sapatos!

Obrigada por me ouvir.
Amém,

Ariel.

sábado, março 24, 2007

Citando personagem

Sentada no banco da praça observava tudo o que por ali passava... Cachorros levando seus donos pra passear, um menino ensinando o pai a andar de bicicleta, a mulher de gravata atravessando a rua depois de um dia árduo de trabalho, dois gatos unidos pelo calor do sexo embaixo da árvore, o jardineiro arrancando as rosas e cavando buracos profundos no solo... E do nada, um passarinho morto, que caíra do ninho. De todos observados, foi o que encontrei mais sentido, se assim posso dizer. Acabou. Talvez para ele, talvez para mim. Então percebi... E eu? O que estava fazendo?
Diante de tanta futilidade, senti vontade de desaparecer, entrar num daqueles buracos que o jardineiro cavou. Não queria ficar mais ali, na contemplação estática dos outros, na comparação insignificante de mim mesma. Era apenas a menina do banco da praça. Sem ação. Sem certezas. Sem alguém.
Estava tão atordoada e perdida em meus pensamentos que só me dei conta que alguém dirigia-me a palavra quando fui lançada no vão da lembrança. Era o menino da bicicleta, devia estar nos seus quase 10 anos. Quase chorei quando ele me perguntou se eu tinha visto seu pai. Lembrou-me o filho que eu não tive. Respondi com toda a sinceridade da minha pobre alma, não sabia onde ele estava. O menino então, fixou seus grandes olhos negros em mim, como quem não acredita. Uma criança olhando-me daquela maneira doce e ao mesmo tempo incrédula... Não me contive, as lágrimas desceram retas pelo meu rosto, o que eu era? Agora uma mentirosa sentada no banco da praça. O menino me abraçou e eu caí quando ele me acariciando chamou-me de mãe.

quinta-feira, março 15, 2007

Hoje estou com uma vontade diferente...


Quero visitar exposições
Dançar até me cansar
Levar meus cachorros pra passear
Gritar com a minha irmã
Levar minha sobrinha ao parque
Olhar pro céu procurando passarinhos
Deitar na grama e tirar um cochilo
Beber cerveja, vinho, suco de maracujá
Me empanturrar de chocolate e salgadinho
Andar de bicicleta, patins e quem sabe cair pra gargalhar
Jogar bola com "meu mundo"
Tirar a roupa e nadar
Brincar de ser criança
Desejar minha infância
Visitar o Miguel (peixinho da Jan)
Falar besteira
Fazer cócegas
Girar sem parar
Me machucar pra dizer que passa
Sentar na Lua
Assistir Amelie
E imaginar o que há de diferente em tudo isso...

terça-feira, março 13, 2007

Valor

Aos minutos, às pessoas, aos queridos, aos imundos
Aos horários, às lembranças, aos meninos, à esperança
Aos cretinos, aos poetas, aos irmãos, aos fiéis
Aos círculos, às cores, aos dias, aos papéis
Ao inédito, ao velho, ao antes ou depois
Ao escândalo, o pavor, aos deuses, ao morador
Ao patético, ao sensato, à promessa, ao amor
Ao povo, o que aprove, ou que vinga com louvor
Às crianças, aos sorrisos, às desgraças, ao indeciso
Às ruas, ó ruínas, arruinadas pela vida
Às crises, inseticidas, aos remédios, aos meus vícios
Às formigas, às flores, aos medos, meus senhores
À eles muito, pouco, tanto quanto o outro em mim.

"MASCARAS" - de Mario Beneditti

"No me gustan las máscaras exóticas
ni siquiera me gustan las más caras
ni las máscaras sueltas ni las desprevenidas
ni las amordazadas ni las escandalosas

no me gustan ni nunca me gustaron
ni las del carnaval ni las de los tribunos
ni las de la verbena ni las del santoral
ni las de la apariencia ni las de la retórica

me gusta la indefensa gente que da la cara
y le ofrece al contiguo su mueca más sincera
y llora con su pobre cansancio imaginario
y mira con sus ojos de coraje o de miedo

me gustan las que sueñan sin careta
y no tienen pudor de sus tiernas arrugas
y si en la noche miran, miran con todo el cuerpo
y cuando besan, besan con sus labios de siempre..." (...)


P.S.: Marcolino, não resisti aos versos que conheci através do seu blog. Roubei-os, hehe

sexta-feira, março 09, 2007

...

"Comigo me desavim
Sou posto em todo perigo
Não posso viver comigo
Não posso fugir de mim"

Sá de Miranda

sexta-feira, março 02, 2007

Comunicado Importantíssimo

Caro leitor,

Os últimos quatro textos fazem parte de uma "série" sobre uma tal de Ana que estou procurando. Alguém a viu por aí? Para melhor entendimento, lê-se de trás para frente, isto é, de baixo para cima. Portanto comece pelo 1º - "Es muss sein" e termine (por enquanto) em "A fuga do Tempo".

Obrigada pela atenção e pela visita!

P.S.: A sua opinião é muito importante para nós. Doe-a.

quinta-feira, março 01, 2007

"A fuga do Tempo"

Ana procurava o relógio quando o tempo sumido assustou-a gritando - despertador! Desligou-o e viu: 23:35 hs. Precisava estar pronta, estar preparada. Arranjou-se na mala e tudo certo. Mas e a ansiedade?! Passava de lá para cá como ali e acolá... Subia na cama, deitava no chão, e a loucura, precisava dormir. Que nada, desde quando louco dorme?! Balançava um lado no outro, contava pontinhos no teto, cada um recebia um número e um nome: 24-Egberto. Sem falar nas conversas... Já que ninguém resolveu aparecer. Aliás, que tipo de pessoa ajusta o despertador para 23:35hs? Só podia ser louco! Foi cansando do tamanho, que demora essa vida. Desceu ao chão e pegou a carta. Ler precisava-não, já tava tudo gravado pronto no amanhã. Parou.
- Amanhã... Vai ser amanhã....
- O que tem amanhã?
- Eu to com pressa, não me pergunte. Por que me pergunta?
- Não caio nessa. Anda fala.
- Não consigo parar pra falar, amanhã é amanhã! Ai meu pai... Amanhã?!
- Você invade meu 'canto', com toda essa pressa, e espera sair daqui assim, como os outros?
- Sim... Amanhã...
- E quando é amanhã?
- Depois de hoje.
- E hoje?
- Depois de ontem.
- Ahhh... Por que essa pressa?
- Pra amanhã!
Escuro.
Ana procurava o relógio quando o tempo sumido assustou-a gritando - despertador! Desligou-o e viu: 23:35 hs.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

"Os outros somos nós"

Olhava adiante à procura de algo. Sentiu uma saudade... Talvez fosse um sonho, uma vontade desconhecida, não lembrada. De certo modo ela a via - Ana: com as mãos palpadas de cócegas, olhos inchados de susto, orelhas pregadas de surdo. Olhava adiante à procura de algo. Não poderia perder o tempo, a hora era precisa, não voltava - só ia. Foi rumo ao guarda-da-roupa, pediu-lhe licença e abriu-lhe a porta. Encontrada a mala, tirou-a pra rua e ajeitou-se-os-pertences. Do nada ouviu uma música, baixinha... Parada. Vinha de uma caixinha, deitada na penteadeira. Era a casa da bailarina, a que girava como que para esquecer seus medos, espantos, tormentos. Com uma saia arcada de rendas, e seu colam rosado de sede, pareceu-lhe menina criança da história, surgindo no alaranjado. Passou correndo, atravessou o quarto como que fuga de espantoso desespero. Parou num canto. Ficou muda.

- Não deveria ter medo por uma coisa tão bonita.
- Mas e se eu não conseguir? E se não dar certo?
- Não vai saber se nunca tentar.
- Dizer é fácil - como todos dizem - até eu.
- Importa o que você diz. (...)

Tormento. Encarou-se. Teve dúvida. E de novo tudo cinza...
Era saudade dela mesma.

"O inferno são os outros" - Sartre

Parou quando olhou pra resposta. Estava ali, de pé, parada a porta. Aproximou-se como que ia dizer, mas travou a língua da boca na esperança de antes ouvir. Pensava estar louca, por quê? Não deveria ter pensado no antes tudo? Ter programado... Ela sabia. Chegou a compor em sua mente o que poderia ocorrer. Mas preferiu fugir - era só uma hipótese - ainda estava pra acontecer, nada certo, nada profetizado. Olhou novamente pra porta, e ali ainda parada, sua meninice ocorreu-lhe no vão da memória. Sentiu-se tomada pelo vazio... O que tinha feito até agora? Qual era seu papel no palco-mudo? E ainda com a carta nas mãos, levantou-se e foi até ela. Reparou no bonito vestido, muito parecido com um que tivera na tal da infância, era xadrez alaranjado, com riscos finos - verde e vermelho - traçando as retas verticais e horizontais que formavam os quadrados. As cores misturavam-se transformando o ambiente em um novo mundo. Viu-se numa casinha de bonecas composta de "sonhos", e ainda contemplando toda a magia assustou-se - consigo.
- Papai me deu no Natal passado, eu gosto dele...
- Do seu pai?
- Também.
- Então... Do que você gosta?
- Do que você gosta...!
- (...)
Levantou-se do susto e num piscar de olhares tudo voltara como antes. Cinza, escuro, pequeno. Deitou a carta nas mãos e mais uma vez caminhou com os olhos sobre a tinta. Então, sem ter terminado, foi interrompida por uma gargalhada de quem se diverte. Virou-se e parada a janela avistou-se - senhora. De onde vinha toda aquela gente? Não se importava... Sua única preocupação a decisão que a esperava. Foi até a janela e olhou bem pra ela. INVASÃO.
- Os olhos são as janelas da alma... Quando se quer não se sabe, quando se sabe não vê. Mas se os fecha, ainda assim você me vê.
- O que faz aqui?
- (...) Me perdi. Vi a menina do medo crescer... Faz tanto tempo...
- Quem é você?
- (...) Com o pé no futuro sempre estive, ali pensei que fosse ficar... O resto do corpo se acostuma, fica pra trás e quando nos vemos... Ah, passou tanto tempo...
A voz pareceu, sumiu. Foi indo fina como os traços do vestido de Ana. A tristeza bateu a porta e tudo ficara escuro. Estava ela, parada, aflita - sozinha.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

"Es muss sein..." - Kundera

Ana desceu a escadaria e foi de encontro à porta. O mensageiro não se conteve com seu atrevimento a tomar-lhe a carta. Virou-se, foi embora. Nada mais importava... O que esperara em tantos dias agora estava em suas mãos. Rasgou o envelope entusiasmada, tremia deveras até o momento da leitura. Parecia descer por cada parte a ansiedade - ora parava na orelha e caia no dedão do pé, ora no olho ainda com a secreção matinal. Depois de correr com os olhos no papel, as pernas fracas escorregaram rumo ao chão como que resposta à fraqueza da alma. E agora? Como seria?
Ainda caída, desajeitada... Subiu ao alto da lembrança. Olhou pra trás quando criança, e a coragem apareceu. Afinal, era uma chance! Levantou do desespero, subiu pro quarto e ali parou. Ficou instantes a contemplar seu lugar - bagunçado e pequeno. Se alguém lhe perguntasse se ela era feliz, jogaria a culpa no 'quarto' e diria que ali sim. Sentou na penteadeira, levou um susto. Seus olhos a observavam como que nunca - antes. Diante daquele esboço, suas mãos se encontraram com mais duas do retrato. Faziam movimentos tristes e entusiasmados, como quem descobre algo muito importante - ela se viu. Através de um reflexo, quase que apagado, descobriu um ser mais ou menos inanimado. Não sabia o que fazer, ver, escolher. Encarou-se por momento, e perguntou-se: Quem é você?!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Beijo-não

Quer-me beijo amigo meu
Quer-me beije se quiser
Pois se queres dá no pé
Já tem boca beijo-eu

Já sem boca beijo leu
Letra a letra da história
Fica seca sem a tua
Continua na demora

Mas teu beijo, curandeiro
Dele esquivo sem demora
Fica aquele-que-não-foi

Pensa nele, nela - dois
E nela-minha-eu
Fica-sabe-não-é-teu

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Ansiedade

Há não muito tempo, uma certa vontade maior que qualquer outra coisa subia subia sem saber onde ia-dava. Era vontade de gritar, pular, rolar no chão, mostrar palavra, falar gesto, era vontade de tudo! O tudo que a vontade tinha era o nada que não queria que a tivesse. Mas tinha. Era olhar, imitar, criar, e fingir que era. Ou ao menos brincar de tentar.
No agora a vontade é dobrada. Palavra escapa, sulga, chega no pé do ouvido descalço. Olhos parecem não dormir, passam dia da noite sonhando. Eles gostam de sonhar. Viajam pelos mais belos campos cercados de bichos de prantos, e quando param pra observar algo de estranho, só piscam por desespero do cansaço, senão ficariam ali... Na contemplação do imaginário. E as pernas que sem esperar comando já saem rumo encontro do saber-não. Acho que isso explica porque fui atropelada tantas vezes (três!). Bom, o melhor é pensar-não na ansiedade de amanhã. Vamos conversar com a de hoje.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Na noite (do) ontem.

Quantas idéias!!! E a idéia de ter uma - imperava entre as mentes cercadas por ela. Questionamento, credibilidade, crenças, costumes - NADA. Tudo fora do dentro proposto da proporção do que o outro diz ser. Talvez a pergunta do que é "ser". Ou mesmo esquecimento do complexo deixado por tantos por dados na metafísica da memória - NADA. São ninguém. Completariedade do decisivo fardo alunático sacutório criados destas palavras. Do que pode ser ou não verdade dentro das possibilidades encaminhadas ao veredicto promissor do fim - NADA.
Quanta "quântica" quantica quantas quânticas???
E a sensação instintiva de ser o quanto aquele que quer ou ter o quanto pode ser. De entender o querer do possível prólogo oposto da mesma sensação. Da mesma tentação instigante de poder tornar-se poderia. O que pode ser - NADA?
"Só sei que nada sei."

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Pás na Terra

Parece querer dominar-te a ansiedade
Sobe corrente na alma
Valentia talvez, quem sabe
Nem sabe quando aquele dia
Noite do sábio sabia
Que nele encontrava a paz
Que por ele não quer seu cartaz
Só que seja posta a pá nas terras
E se trabalhe no interno tumulto
Aprenda-te a agradar sem quereres ser agradado
E compreenderá o quão é preciso, pra ti e pra eles
Segurar a pá
Deixa cavar, cavuca guardando lembrança doída
Alivia o pensar da consciência
Deixa passar o passo
Que no nosso encalço estás
Abre a janela e deixa-te espiar
Não temas só
Carregue a paz na pá
Enterre-la neles
Como semente ao germinar
Mas trata de cuidar
A flor não brota na terra pérfida
Não vinga se ao menos a sede saciar
Muita teoria atrofia a prática
O que é prática sem teoria?
Equilibra-te no cordão dos acordados
E segue com o passo calmo na busca de ter encontrado
O grão só é grão se só o grão for
É muito mais com irmãos
Colha-os na plantação que vingou
Distribua-os na terra errante
E cuida pra que cresça e germine em tantas Terras.

terça-feira, janeiro 30, 2007

O que é sonho???

Certa vez me perguntaram sobre os sonhos. Pensei tanta coisa que lembro perder idéia e procura-la ainda. Mas pegou-me a surpresa quando mudou sentido.
O que é o sonho?
Ah é... Quando a gente encosta a cabeça no travesseiro e dorme feito a criança. Ou, quando queremos muito uma coisa difícil de conseguir. Ou ainda, a brincadeira dos três desejos mágicos.
E como bom instrumento, o ponteiro continuou a rodar (continua), até um dia um certo amigo em seu modo dizer:
"Quando criança a gente sonha em ser de tudo. Mocinho e Bandido e Anônimo e Famoso... Que tal um Cantor ou Advogado? Acho que Padre! Ou um Cientista Louco. Atualmente vejo o mundo em que me encaixei. Reflito o que eu quero e o que dizem que é "meu". E percebo que hoje o meu maior sonho, É poder um dia finalmente ser Eu."
E então, algo aconteceu, percebi "ser eu", seguida resposta:
"É bonito ter sonhos, acreditar, ver o futuro e criar centenas de idéias na cabeça! A gente faz um montão de versões pra nossa vida, mas nem sempre, ao menos uma delas, acontece. Talvez seja um pedido pra que os sonhos continuem. Pra que a gente continue a agradecer, a pedir desculpas, a planejar, e a levantar quando tropeçamos nos próprios desejos - às vezes por querer demais. Ou talvez seja um sinal de que crescemos e mudamos de idéia, ou será que são as idéias que nos mudam?! É preciso sonhar, pra não deixar a criança apagada, têm muita gente "velha" no mundo. Muita gente que nem percebe quando os sonhos acontecem. E melhor que sonhar é ver o sonho realizado, para de novo sonhar!"
Poder sonhar é acreditar sinônimo de fé. Podemos, só não percebemos.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Olhos.

"Às vezes é preciso apagar a luz,
para que se dê valor aos olhos e enxergue o mundo."

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Trecho

Meu nome é Benedita, Maria Benedita da Cruz Pereira. Venho de longe lhes mostrar, um conto de meu lugar. Minha terra não tem palmeiras e tão pouco sabiás. Os sabiás que lá gorjeiam, não gorjeiam, pois estão cá, ali, aculá... Menos lá. Venho lá do sertão, da terra dos sonhos, das vontades e principalmente - da esperança dos meninos. Do menino sem o pai, do menino sem estudar, do menino desnutrido, na esperança de um lar. Da saudade dos que foram, tentar ganho n'outros ares, nas sementes que secaram por na terra não ter leite. E cá estou, e o que agora vou contar, não é piada, não é desgraça, é momento de chorar. Nessa terra, nessa vida, que seja sempre possível um menino poder sonhar - até porque, somos TODOS meninos.

terça-feira, janeiro 09, 2007

"O Fabuloso Destino de Amanda Pereira"

Amanda Pereira, aos seus 19 anos e 20 dias de vida comia satisfatoriamente um pãozinho com manteiga quando ocorreu-lhe um pensamento: "Por quê?" Depois de então, esse pensamento invadiu-a de tal modo que nem mesmo o pãozinho a salvou do naufrago. Foi bonito! Seus olhos brilhavam instintivamente a frente do computador enquanto refletia sobre tudo aquilo. "Por quê...?". Tudo então pareceu-lhe vago e oportuno. Foi como um raio que bateu-lhe a mente e sacudiu-lhe os sentidos tornando-a mais atenta.
Viu-se numa estrada, onde caminhava há um certo tempo, tudo normal. Até que deparou com uma outra. O mundo caiu, partiu-se em dois, o vento soprou mais forte e frio, era preciso decidir - agora - qual das duas tomar. Ao pensar, pareceu-lhe surgir mais e mais caminhos - uma encruzilhada! Pra todas que olhava pensava ganhar algo e..., perder também. Ficou com medo, não queria, por que tudo não poderia ficar como estava? E foi nesse momento que uma pedra bateu-lhe e cocoroco.
"Pára de reclamar e choramingar feito criança perdida no supermercado, aprenda a andar com suas pernas e tomar suas próprias decisões. Algumas delas muito difíceis - sim, mas ninguém disse que seria fácil, não é?! O que lhe falta é abrir os olhos ao senso de equilíbrio! Coloque na balança as vantagens e desvantagens da mudança. E têm mais, preferir a derrota prévia a dúvida da vitória é desacreditar em si mesmo. Calça teu sapato e esquece o mundo chato. Segue, segue menina. Olha. Tem muito lá fora pra abraçar, a vida não se resume em uma ou duas estradas, muitas escolhas ainda virão. Quanto a sua preocupação - carregue-as em seu coração, pois você estará no delas. Só é preciso não ter o que precisar."