segunda-feira, dezembro 21, 2009

Feliz 2010!

Quando o ano está chegando ao fim, nós prestamos contas com nós mesmos. Temos o hábito de olhar pra trás e analisar o que fizemos, o que deixamos de fazer, onde falhamos, o que conquistamos... Pensamos no futuro, o que queremos para o próximo ano, o que não queremos mais, os novos amigos que fizemos, os que não vimos com a freqüência que gostaríamos ou com nenhuma, os que não veremos, as reconciliações, as novas responsabilidades, os projetos, o ente querido que se foi, o novo membro da família, as feridas que marcaram, as desculpas que não pedimos, o lugar que ainda não conhecemos, quantas vezes não tivemos tempo para as pessoas importantes e quantas tivemos isso como desculpa, as visitas que fizemos, quantas vezes nos apaixonamos por diferentes pessoas ou pela mesma, o quanto choramos por alguém ou se não choramos, se estamos bem de saúde, se nos preocupamos com a saúde dos outros, se respeitamos as nossas diferenças, se aceitamos perder de vez em quando, o quanto egoístas nós fomos com os outros e com nós mesmos, o quanto aprendemos, o tempo que perdemos com bobagens, o tempo que não dedicamos às bobagens, o quanto nos esforçamos, o quanto comemoramos, o quanto vivemos.

Não importa o quanto o tempo passe, o importante é que ele seja bem aproveitado e que tenhamos boas lembranças quando refletirmos sobre isso.

Desejo a todos uma excelente passagem de ano! Com boas energias e muitas conquistas na vida!

Super beijo!

Amanda Pereira.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Zefini da crueldade

Amarre a língua antes de dirigir a palavra ao príncipe, porque ele não admiti que lhe falem. A menos que lhe tenha agrado, que lhe faça mimo. Trate-o com gentileza e ele também o tratará, seja ninguém e ele não te verá, diga o que pensa e ele te ouvirá, obviamente, se acaso for algo agradável. Do contrário amarre a língua, pois o príncipe é cruel. Pisa e pisa em cima, esmaga o corpo do (in)justo que ele o julga. Culpa-o por o julgar, mas tua cara não olha o espelho. Passa o tempo e os cruéis estão na prancha, indo rumo ao tubarão. A título de injustiça já basta o mundo todo comemorar, o fim da guerra, o fim do terrorismo, o fim do racismo, o fim do preconceito, basta, ainda não chegamos lá, 2012 e o fim dos tempos! Pudera! Esperar até lá para ver o que foi visto na virada do século. Depois do calendário Maia virá o Babuíno, e o Tertisço, e o Magma, até chegar ao asteróide que atingirá a Terra em 2021, foi prevista a localização? Talvez Estados Unidos, o mundo, ou o universo, gira por ali. Mas nada de coitadismo nem apelo melo dramático, não fale de ética, segurança, serviço social, pra quê pedir? Se não falam mesmo? Hoje é assim, sofreu virou Rei, mas basta inteligência, pois até o sofrimento pode ser articulado. Para todo fim existe um recomeço, conclui-se que para o fim não existe fim, nem a morte é o limite, pois prove que após a vida não existe outra. Se mate e volte para contar, ou, cale-se, amarre a língua na boca, o príncipe é cruel, e empurra os seus com a espada na mão. Fere com uma e apela com outra. Indignados seus soldados morrem, com honra, orgulho e sem paz, mas de que adiantou? Estão mortos, e morrendo outros estão, e de que adianta? O príncipe é cruel, e a crueldade princípio do homem.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Sabe de uma coisa?

Eu não sei de nada é não.
Só sei... que foi assim
E que se assim não tivesse sido
Não teria sido bom
Talvez também não teria sido mal
Ou então, nem teria sido
Quem sabe?
Eu não sei
O que sei
É o que o "ser" é agora
É livre
É mutável
É instável
Porém,
E aqui acentuo com veemência
É FELIZ!

EMBRIAGUEZ

Subi alguns degraus para chegar ao quarto
Deitei-me sobre ti quando a avistei
Tirei-lhe a roupa, mas já estavas nua
Vi o gozo em sua formosa pele
Dormia tranquila
Sem perceber-me
Quis matar-te
Apunhalar-te
Mas quando a vi pela segunda vez
Meu olhar turvo
Minha mente inconsciente
Só pensava em ti
E o ódio se desvencilhou de meus pensamentos
Eu corria descendo as suas escadas
As cômodas partes de seu corpo, sua casa
Quanta aflição, quando caí
Quis matar quem eu mesmo possuí.

PASSAGEIRO

Acostumei-me aos teus costumes
Conheci os teus segredos
Entreguei-me sem medo
Aos medos que pudessem de nós surgir
Critiquei meus atos
Guardei segredos que ainda guardo
Criei histórias me reinventando como queria
Enganando a sabedoria
Porque nunca entendi
De fato
Porque as coisas são passageiras
Porque o que antes sentia
Foi forte e intenso
Pareceu brincadeira
Quando passou o tempo

TARDE

Um dia
A gente entende
Que quantidade
Não é o mesmo que qualidade
Às vezes desgasta
A espera para concluir
Que ter
Não é o mesmo que ser dono
E também leva um certo tempo
Para aprender a gostar de si mesmo
Para ver que certas coisas
Não dependem somente da gente
E que a gente
Não tem que depender de certas coisas
Depois de aprendermos o que se deve valorizar
Percebemos o quanto momentos felizes e intensos
São raros
E às vezes esgotados
Nos damos conta de que não era preciso tanto sacrifício
Todo martírio pelo qual passamos em vão
Choramos mais do que sorrimos
Sofremos mais por atitudes nossas
Até percebermos que poderia ser diferente
E que na realidade
Ainda pode.

FALA

Fala de mim que fosse de tudo
Um pouco de cada, um bastante de muito
O mudo sorriso apagado que falo
Fale de mim, do retrato
Me calo
Mas ainda calado o ar me acontece
Recai o vazio o encanto formado
A prece emudece a pressa chegada
Mas ainda que mudo, eu falo.
Fala de mim como fosse outro
Do abraço que abraço na calada vi gente
Não diga que fala, não diga que grita
Sou mudo não surdo, afasta
Não diga
O tempo cuida que eu seja eu
Que palavra não dita não é palavra negada
Mesmo que esse Eu não saiba o que ser
A fala me diz ainda que esteja calada.

segunda-feira, novembro 23, 2009

CONVITE Espetáculo!

Caros leitores,

Chega ao fim mais um processo de aprendizado, estou me formando como atriz e gostaria de convidá-los para minha peça de formatura. Na verdade, todos nós sabemos que o aprendizado jamais termina, ele é constante e gradativo em toda e qualquer esquina da vida, pois estamos sempre aprendendo.

O espetáculo se chama "VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU", é do mesmo autor de "Hoje é dia de Maria, Carlos Alberto Soffredini.
A estreia é amanhã, dia 24/11, às 20h30 no Teatro Recriarte (Rua Fradique Coutinho, 994 - Vila Madalena). A peça ficará em cartaz às terças e quartas até 09/12. Faremos duas apresentações extra nos dias 16 e 18 (quarta e sexta) de dezembro, no mesmo horário, no mesmo local.





Conto com vocês!

Grande Beijo,
Amanda.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Nota: Numa noite em Canterville

Sexta-feira, 22 horas e 14 minutos, frio e neblina na cidade montanhosa de Canterville.

Existem montanhas neste lugar? Não sei, apenas achei que seria um bom nome, talvez Oscar Wilde tenha pensado algo parecido, talvez eu devesse pesquisar antes de usar... Enfim.

 
Louise está sentada em um balanço, não está sozinha, observe suas mãos suspensas... Espere, Louise está amarrada. Ela levanta o rosto, vira-se para o relógio, 22 e 16 min, "as horas aqui parecem se arrastar..."

Nota sobre Louise Parmor: formada em arquitetura, estudante de psicologia, 91 de quadril, 68 de cintura, 99 de busto, 58 kg de coxão duro, ruiva, 10 minutos de back history e 24 anos de idade.

Está escuro, já faz um tempo que Louise acordou. Apesar do frio, seu corpo transpira, por medo, por insegurança, por piedade. Tenta identificar o local, mas a escuridão é imensa e parece engolir cada curva de uma possível saída. Talvez seja um parque, uma praça, mas onde? Louise está em pânico. Não consegue gritar, seus braços doem, seu corpo trêmulo pede socorro, mas ninguém pode ouvir, ninguém vai ouvir, pois sua fala emudeceu, se entregou para o medo. Louise chora.
De repente um ruído e silêncio e susto.
De repente um estouro, um grito.
De repente outro grito, um gemido.
Louise está sangrando. Thomas acaba de chegar.

Nota sobre Thomas Philips: advogado, 1,82 de altura, louro, magro, viciado em chicletes de menta, alimentação a base de soja. Lê muito e é fissurado no jazz de Louis Armstrong. Comemora seus aniversários só desde o seu divórcio com Meg Philips. Faz 5 anos que ela morreu. Dica: nunca lhe ofereça alimento que contenha gordura-trans.

 Louise olha para Thomas enquanto ele guarda no bolso um pequeno revólver. Sua respiração torna-se mais ofegante a cada segundo, sua voz sai fina e quase inaudível para ela mesma, acabou. Não há saída. Thomas se aproxima e segura firme seus braços, Louise quase não os sente. Ele a observa, cuidadosamente, a toca, carinhosamente. As mãos de Thomas vão deslizando, caindo devagar pelo corpo de Louise, ela sente...

Espere.

 ...ela está com medo, não compreende. Thomas aperta seus braços contra seu rosto. As amarras não estão mais presas. Thomas quer acabar logo com isso, precisa terminar com o que começou. Tira do bolso de novo o revólver. Mira. Louise chora. Atira.

Paul está morto.

Nota sobre Paul Allison: Estudante de tecnologia e suporte digital avançado, 25 anos, ex-namorado de Louise Parmor. É programador e escreve contos policiais nas horas vagas.

Segunda nota sobre Thomas Philips: foi investigador no departamento de homicídios de Canterville até ser afastado do cargo e tornar-se advogado após o assassinato de Meg Philips, sua esposa. Após 5 anos de pesquisas, descobre pistas que condenam Paul Allison.

Segunda nota sobre Louise Parmor: Terminou seu relacionamento com Paul após desconfiar de sua genialidade. Pressionada por ele, se manteve calada até Thomas Philips lhe garantir segurança. Foi seqüestrada por Paul na mesma noite de seu encontro com Thomas, que a seguiu e garantiu sua segurança e justiça com a morte de Paul.


terça-feira, novembro 10, 2009

Peixinho bobo

Ah sim! Quantos peixes bonitos... Os dourados são os que mais chamam a atenção.
Olhe, existe um pequenino escondido entre eles... Demorou até que o visse, não é tão claro, não brilha tanto, nem é dourado. Mas visto que é diferente, é mais bonito. Pelo menos é o que eu acho.
Tem uma moça olhando o aquário. Ela fez sua escolha, vai levar um dourado. Um menino também pediu, e outro mais um. Assim foram indo e indo os peixinhos dourados. Restaram poucos, e eu ainda acho o 'peixinho bobo' o mais elegante.
É uma traição preferir o outro.
Não, preferência tem-se lá cada um a sua.

segunda-feira, novembro 09, 2009

São as palavras...

- A suprema das artes! A escrita!
- Existe supremacia na arte?
- Hierarquia até na lingüística!
- De fato, mas em absoluto supremo.
- Que argumento detém?
- E argumentar convém?
- Então se não a escrita, qual das artes elege à supremacia?
- A de dormir meu amigo.
- Oras... Desde quando dormir é arte?
- Desde que em meus sonhos existem imagens, música, dança e muitas ideias para a escrita e qualquer outra das artes.

Poesia

Sabiam que eu nunca gostei de poesia?
E, no entanto, escrevo-a.
Talvez não com tamanha primazia
Ora! Chega de rima!

Agora ocorre-me um fato
Eu nunca gostei das princesas,
Dos príncipes e seus cavalos.
Quem sabe do sapo.

Adorava as cantigas de roda
As histórias da avó
Brincar de pular corda
Esconde-esconde e dominó

E a rima se faz precisa
Não em harmonia perfeita
É a coisa da poesia
Sê metade, porém inteira.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Finito



Toda estrada leva a algum lugar, no caminho novas rotas, novas trilhas, novas descobertas, pois cada escolha tem sua particularidade e cada ser que a escolhe também. Caminhamos e convivemos com uma certeza única e igual para todos. Aprendemos crenças, questionamos razões, discutimos probabilidades, compartilhamos sentimentos, acreditamos em Deus, na evolução do homem, em Buda e na Mitologia Grega ao mesmo tempo, formamos silabas, aprendemos outros idiomas, novos costumes e tantas outras coisas até perceber que conhecemos o mundo, mas não o universo dentro de nós. Estamos em constante mutação, expostos a todo tipo de situação, vivemos aprendendo e fazendo releituras das coisas boas que passaram por nossas vidas e das que queremos esquecer, das que desejamos para o futuro e das que não voltarão mais... Renascemos a cada começo, nossa vida é infinita em possibilidades.
Vamos por ali ... onde brilham estrelas...

Quando

Quando ontem acordei
No susto dos raios
Segurava tua mão
Dedo por dedo
Que entrega maior a do medo?
Que entrega melhor?

Quando hoje despertei
Para um novo dia
Não tive vontade
De ir embora
Na verdade não tive nenhum dia
Na verdade não tive

Quando a noite chegar
Meus lábios vão te tocar
E no beijo vamos sorrir
Porque não importa quando
Importa que estaremos juntos
Estaremos...

sexta-feira, outubro 16, 2009

Eu, pequenininha.

Teve um dia que eu quis ser pequenininha.
Oras, mas eu sou!
Não. Eu quis ser menor ainda, de um tamanho que não sei dizer.
Tudo isso nesse dia. Eu queria ir diminuindo e diminuindo até sumir.
Mas aí, no mesmo dia, eu quis crescer. Ficar bem grande pra que pudesse caber tudo que eu sentia. Pra não deixar nenhum pedaço caído por aí.
Depois vi que o melhor foi eu ter ficado do meu tamanho, nem maior nem menor, na medida certa pra aceitar a dor sem guardar a mágoa, no ponto pra sorrir mais uma vez.
Aí chegou o outro dia, e eu não quis ser grande, porque não queria guardar nada pra mim. Eu não quis ser pequena porque queria enfrentar o meu medo sem fugir.
Chegou hoje, e apesar de eu ter (tido) todas essas vontades, sempre soube que aumentar ou diminuir não resolveria as minhas inquietações, mas, agora às vejo com outros olhos, de um ângulo lá de cima, e de um pequenininho ali embaixo.
Às vezes meus medos são tão grandes... E às vezes tão pequenos que não são mais medos, são migalhas minhas que a mamãe varre depois de toda a bagunça.

Fim

No fim da briga
Eu me sentei
Pra assistir a reconciliação

No fim do beijo
Eu abri os olhos
E vi outro beijo

No fim da peça
Eu quis ir embora
Antes que chegasse o fim

No fim de tudo
Eu chorei
Não lembro mais como acabou

Ou quando acaba.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Familiaridade

Me és familiar ou estranho o verbo?
Me és algo que incomoda, dilacera e
Espatifa em minha boca
Quando a ti me submeto

Me és prenúncio de perda
Afeto enganoso
Não, me és um qualquer
Ou mero adjetivo

Adentrai o soluço da caridade
Ouça o lamento único
Onde dizem "cala-te boca"
E depois ouça nunca mais

Me és inteiramente estranho
Quando de mim conheces
Apenas a boca
Enquanto eu... conheço-te todo o resto

quarta-feira, setembro 30, 2009

Repararam que estamos sempre esperando?

Esperando o ônibus da escola pensando na prova terrível de matemática
Esperando completar 18 anos para ser "responsável" ou pelo menos nos sentirmos assim
Esperando o próximo vestibular quando não passamos no primeiro
Esperando um bom emprego, com folga aos finais de semana e um salário razoável
Esperando o aumento de salário e as férias
Esperando encontrar alguém para amar
Esperando encontrar alguém que nos ame
Esperando ter escolhido a profissão certa
Esperando ter dinheiro para comprar uma casa, um carro
Esperando apenas ter dinheiro
Esperando o resultado da loteria acumulada
Esperando o ônibus para o trabalho
Esperando não chegar muito atrasado
Esperando conseguir pagar as contas no fim do mês
Esperando ser um bom pai, uma boa mãe, ou um bom filho
Esperando ter tempo para os amigos no final de semana
Esperando as festas de fim de ano e torcendo para que as semanas passem logo
Esperando que o ano não acabe tão depressa
Esperando alcançar metas e superar obstáculos
Esperando não ter que esperar tanto para ser feliz

Talvez você seja feliz e nem saiba disso por tanto esperar.

terça-feira, setembro 22, 2009

Quando eu era pequena...

Fui até a Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.
Antes de ir a Lua, construí um foguete, chamei meus amigos para me ajudar, mas no final optei por fazer isso sozinha. As peças de papelão eram pesadas, a tesoura mal cabia nas minhas pequeninas mãos. Meu foguete tinha o dobro da minha altura, se hoje eu o visse, só conseguiria vê-lo por fora sem poder entrar.
A decoração era simples, não tinha muitos recursos como tinta e minha mãe me proibia de usar muitas coisas, era desperdício ela dizia. Me contentei com o guache e algumas figurinhas de chiclete, fiz uma janela no alto para ver a Lua de dentro do foguete, para isso eu precisava subir em um banquinho.
Como eu era pequena, sabia que meu projeto de visitar a Lua era demorado, sabia que existia todo um planejamento, eu tinha que construir o foguete, reunir mantimentos e acessórios como casacos quentes e óculos escuros para colocar quando me aproximasse do sol, muita bolacha de chocolate, etc, etc, etc. Depois, deveria escrever uma carta de despedida para meus pais, porque se eu contasse pra eles que estava indo pra Lua, com certeza eles impediriam meus planos e eu continuaria a vendo só da janela do meu quarto.
Foi tão emocionante quando tudo ficou pronto, eu escrevi a carta aos meus pais, na verdade não sabia escrever, então fiz um desenho meu dentro do foguete levantando vôo, eu dava tchau para eles na Terra. Peguei cobertas e bolachas, deixei tudo planejado para partir quando anoitecesse. Construí meu foguete no quintal dos fundos, nada poderia dar errado.
Quando o sol foi se despedindo, eu entrei e tranquei bem a porta do compartimento, subi no banquinho para olhar pela janela e dei a partida nos meus botões improvisados com guache e os chicletes que mastiguei para pegar as figurinhas. Algo deu errado, meu foguete não saía do lugar. Fiquei muito triste, nunca poderia ver a Lua. Meu pai dizia que o que fazia com que os automóveis andassem era o combustível, talvez tenha sido esse o problema, com certeza faria meu foguete voar. Fui dormir decepcionada, guardei minhas coisas e rasguei a carta que tinha feito para meus pais. Fechei os olhos imaginando como seria lá na Lua.
Quando acordei fui até meu foguete, porque sonhei que passei por uma chuva de meteoros quando ia pousar na Lua. Meu foguete não estava mais lá no quintal, minha mãe disse que choveu e ele estava se desfazendo, teve que jogar fora. Então, eu tive a certeza de que estive lá. Estive na Lua e conheci muitos outros planetas.
Um dia me disseram que quem vê um coelho na Lua está apaixonado. Eu estive lá, mas não vi coelho nenhum.
Eu cresci. Me apaixonei. Compreendi.
A gente idealiza aquilo que não tem, pensando que talvez, não possa ter porque está longe. Quando na verdade, está tão perto e sem segredo, em qualquer lugar dentro de nós.
Ainda quando criança, eu sabia que para ir a Lua ou qualquer outro lugar, bastava querer e eu estava lá. A gente cresce e se esquece de muitas coisas, nos prendemos ao que nossos olhos podem ver e nossas mãos tocar, nos limitamos ao provável e ao possível.
Eu estive na Lua e conheci muitos planetas, muitos deles desconhecidos para mim e para toda a humanidade, que ainda permanece sem saber das suas existências, pois eu nunca contei para ninguém.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Voa Voa

Voa longe passarinho. Dizia a senhora sentada no banco.
De frente pro piano, uma caixa de recordações no colo e um sorriso dolorido de saudade no rosto, era o cenário que eu via. Estive lá, com ela, a papear. Ela com orgulho me mostrava fotos, me contava causos, e ria, ria muito, mas com uma felicidade comovente de doer. Ainda que os dentes escancarados improvisando um sorriso engraçado, seus olhos tristes não negavam essa dor. Essa dor que é do passado, das coisas que fez, ou das que deixou de fazer, das recordações que gostaria de ter, das outras que queria esquecer.
De repente uma nota no instrumento... Outra... Uma música. Que beleza. Eu não dizia nada, tive até a impressão de não estar lá. Mas ela me disse: Poderia ter sido tudo diferente, as escolhas não mudam os caminhos, mas sim as pessoas porque cabe a elas escolherem. E por isso, nada poderia ser diferente, porque fui eu quem quis assim. É a vida. E eu gosto muito de como ela é.
Voa longe passarinho, mas voa com sorriso no rosto, um sorriso de satisfação.

Mais uma. Amada.

Quando ela entrou no salão
Todos pararam pra ver
Ver tuas pernas, teus seios,
Teu rebolado faceiro
Teus olhos escuros brilhavam
Não.
Eu só queria um beijo

Tentei segurar sua mão
Ela não compreendeu
Tantas promessas perdidas
Flores, jóias e idas
Teus olhos escuros choravam
Não.
Eu só queria um beijo

sexta-feira, setembro 04, 2009

A musicalidade entre nós

Quando o silêncio é rompido, é como se as pessoas ao redor não o notasse mais. Ele não mais existe. Naquele momento, de alguma forma o som as toca interiormente. Aliás, é isso que faz a música, toca para tocar as pessoas. Elas ouvem a música e sentem a vibração que impulsiona o corpo, e o corpo se move, mesmo que inconscientemente dança. E enfim, músico, música, pessoas... Tudo em harmonia se transforma e se comunica como "milagre". O milagre do som. E quando encontramos alguém, que dança no mesmo ritmo, que pulsa na mesma melodia, nos tornamos compositores, compomos nosso próprio som, sendo nosso de nós dois, e não de um único instrumento. É o milagre.
O milagre do amor.

terça-feira, setembro 01, 2009

Cor


Hoje me sinto assim
Não sei se é bom ou ruim
São lindas cores
Lindas flores
Mas o que eu queria mesmo
Era só uma cor pra mim.

Olha a tradição aí minha gente!

Chegou outro dia
Com rosas coloridas
Beijou a mão da moça
Lhe disse poesias

A moça tão ingênua
Logo se apaixonou
Entregou-se à folia
E então ele a amou

No baile de carnaval
Cantarolavam à sua paixão
E era tanta alegria
Dedilhada em um violão
E era tanta folia
Dedicada a emoção

Mas outro dia
Aconteceu a tradição
A moça sem alegria
Chorou no centro do salão

E nesse mesmo dia
Inundou seu coração
A lágrima surgia
A moça não quis mais ele não

E era tanta euforia
Risada de um batalhão
E era tanta folia
A moça não quis mais ele não.

.

O repetir e repetir desgasta
O dizer desgasta
O não dizer desgasta

Onde estão as palavras que compensam o desgaste?

A ausência sufoca
A presença sufoca
A presença não presente desgasta

A verdade é que nunca estamos satisfeitos.
Eu estou.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Intenso


Pareço não estar aqui
Estar ali, aculá
Em qualquer lugar que não aqui
Estou em matéria
Mas minha mente passeia
O olhar, longe, entrega
Não tento disfarçar
Não pensei em tentar
Estava ali, aculá
Em qualquer lugar que não lá
Não naquele momento
Naquele minuto
Onde se estendia o silêncio
E era só silêncio
Mas não lá, onde estava
Era mudo aqui, onde ouvia
Lá, era outro lugar
Um lugar não melhor que aqui
Junto de ti
Um lugar de imagens irreais
Não aqui onde posso tocar-te
Lá, eu senti o intenso e foi bonito
Aqui, eu sou a própria intensidade e é real.

terça-feira, agosto 25, 2009

Gaia

Os trompetes anunciam a chegada
É a boca do vento que grita
E carrega nas costas as folhas
Que resistem quase em briga
Não conseguem prender-se ao solo
Não são como as raízes
Voam sempre contra a vontade
Carregadas não sabem pra onde
Perdidas não sabem porquê
Tem inveja das grandes mães
Que ventos não podem arrancar
Não sabem elas que essas raízes
Às invejam por poderem voar

Os trombones anunciam a ida
Lá se vai mais uma Estação

segunda-feira, agosto 24, 2009

Um medo que não é meu.

Às vezes temos tanto medo de que uma coisa acabe
Que não percebemos que com isso
Antecipamos a dor que talvez não teria existido
Meros mortais, é o que somos
E se tudo morre então porque passar o tempo pensando no fim?
Mas quem disse que conseguimos controlar sentimentos?
Talvez isso não seja possível
Mas por outro lado
Não podemos permitir que eles nos controlem
De qualquer forma
Eu prefiro viver intensamente em pouco tempo
Do que muito tempo
Sem verdadeira intensidade
No final, só nos resta ir embora
E isso é só um pequeno detalhe...

Que deveria ser contado pouquíssimas vezes
Ou quem sabe, nenhuma.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Insônia


Fez tanto frio essa noite
Chovia e ventava muito
Acordei diversas vezes para olhar o relógio
Meia-noite, duas horas, quinze para as quatro...
Me encolhi no canto da cama
Agarrada ao travesseiro
Teu cheiro está nos meus lençóis
Está no meu quarto inteiro
Na verdade não sei se dormi.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Despiu-se à insanidade

No caminho que caminha ele segue inventando estradas, pontes, ruas, trilhas. Não se sabe do que sabe, se é sábio ou bicho do mato. Que caminho que caminhas senhor o teu retrato? Aquele que via na noite o dia, nada disse à respeito seu sujeito. Lembrou caminho onde encontrou os outros, famintos, acrescidos de pouca fé e muita crença. Quis despir-se da insanidade trajada de muro.
Um alto, duro, véu de tortura semelhante subiu-lhe as costas. Era o vento, soprando forte a embalar-te, como que tenda balançando no varal. Soprou tanto que desprendeu... Saiu voando a insana vontade. Deslizou e caiu sob a arvore da rua estreita. Era alta com galhos secos, e a única daquela rua. Que tormenta sentiu no vácuo. Era escuro pequeno e fraco. Arrepiou-se de nada adiantar, até o menino da calçada descalço que brincava vir correndo lhe salvar. Puxou que puxou, fez rasgo, doeu. Ele não sabia, não se meteu. Foi pra casa com o menino, serviu toalha do avô, do sobrinho. Foi posto à mesa na hora da janta e depois batido e esmurrado na beira do rio. Bateram-lhe tanto que velho ficou, foi servir ao rodo chefe do banheiro. Bom, alguma utilidade ele viveu. Muita!

Caminho das águas

Andava despreocupado, a caminho na trilha. O sol esculpia o dia com raios alaranjados esparramados sobre os corpos celestes. As flores eram "as flores". Emanavam um perfume exuberante tanto quanto a beleza que as possuía. Sem falar no verde que o cercava a cada dia. Era como se a caminhada o evitasse pra que não lhe desse nada, nem mostrasse. O oposto. Continuou seguindo, às vezes cansava e escolhia uma pedra qualquer para conversar. Elas contavam-lhe histórias incríveis de outros que por ali passavam, e amontoavam-se nelas, como que camas mucamas da noite. Depois do 'descanso e desabafo' correu rumo ao som que chamava. Era barulho da cachoeira tombando no rio adentro pro mar. Desceu, despiu-se, eita água fria! Seus grandes olhos verdes, procuravam na imensidão o "tão" de tudo aquilo. Não demorou a encontrar. Mergulhou como fez várias vezes, e desejou lá sempre ficar. Relutou contra maré, bateu, fez pirraça. Do nada adiantou uma gargalhada. Ria de chorar... Não sabia medo. Suas lágrimas confundiam-se com as gotas doces do riacho. No início eram poucas, pequeninas sem dar gosto. Mas eram limpas, puras e brilhavam no seu rosto. E quando caía, respingava até o mar parar de puxar. Deixou a água. Seus olhos agora vermelhos carregavam o menino do medo que, talvez, conheceu naquele dia. Descobriu uma ferida próxima ao peito, perto, no coração. Abraçou-a envolvente na esperança da cura, doía toda aquela beleza, que simpatia menina criança. Como podia com tanto agrado, ser intocável... Não poderia. Deu as costas na solidão escura do vão. Sumiu.

terça-feira, agosto 11, 2009

Quem explica?

Estive a refletir sobre a incomunicabilidade das palavras
Sobre as coisas que desejamos dizer um ao outro
E as que sem pensar acabamos dizendo
Nós conseguimos fazer das coisas simples as mais belas
Momentos raros os inesquecíveis
E raros não por serem poucos
Mas por serem cada um imensamente belo e diferente do outro
A beleza reside na diferença das coisas
Nos impactos que elas nos causam
No afrodisíaco sabor dos teus abraços
No teu beijo em todas as horas
Como o mar que me acolhe vestido de lua
Já explicaram os astros, os deuses
Os fenômenos da natureza
Já explicaram Deus, em tantas diferentes línguas
Embora todas digam a mesma coisa
Mas quem explica o amor?
Quem conhece sabe do que falo
Mas não sabe como explicar
Depois de um tempo, quando provamos do sentimento
E acreditamos que não há nada que possa ser mais intenso
E ao mesmo tempo desesperador
Então supomos que somos capazes de compreender
Que não existe nada maior ou além do que isso
E mais uma vez nos enganamos, quando então...
Entendemos que para amar não há limites
Não há receita, nem convite
Não há você e eu
Somos nós, e tão simplesmente isso
É um dos sentimos mais complexos que se pode ter
O mais bonito, o mais temível
Quem explica?

quinta-feira, agosto 06, 2009

La difficulté

Não quero que leiam e me vejam nas palavras que escrevo, não é fácil contornar o que sou, não falar meus atos, minhas aventuras, o que penso. Estou pensando que talvez seja impossível, para mim, impossível que se possa escrever sem deixar pedaços meus. Sem questionar os meus defeitos, minhas próprias dúvidas e receios. Escolher palavras nunca foi meu dom, e não sei se isso se aprende com o tempo, com os escorregões.
Estou escrevendo fora daqui, em outras páginas para depois publicar, assim espero. Mas não escrevo fora de mim, tento, mas não consigo. Talvez ainda não tenha compreendido como isso se dê, sei que não é errado, mas é uma vontade minha, uma vontade que não consigo controlar, não posso. É a minha dificuldade.
Às vezes, quando tudo parece ir bem, saio do controle deslizando entre as linhas, mas não é algo que se apaga e reinicia, vai ficando rabiscado. Talvez por isso eu goste tanto das letras, a gente erra e apaga, e eterniza. Na vida a gente torna eterno qualquer monossílaba, é uma verdadeira obra prima, onde fazemos dos erros e imperfeições, nosso mundo.

quarta-feira, agosto 05, 2009

Infinito Particular - Marisa Monte

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

terça-feira, agosto 04, 2009

Bem Bom

Tá tudo bem bom
Bom demais de bem
Tá tudo bom meu bem
Bem demais de bom

Bom, bem meu
Muito bem
Muito bom
É o amor, meu bem

segunda-feira, julho 20, 2009

Escorregou

Senti o vaso escorregar das minhas mãos
As coisas sairam do controle
Mas acredito que ele não se quebrou
Não o suficiente para que não conseguisse colocá-lo de volta
Em seu lugar
Mas o bastante para me machucar.
Ainda agora olhei para ele
Não me parece o mesmo
Talvez porque o tenha visto com os olhos de depois
Mas não é sempre assim?

Pelo menos não tem sido
Não até ontem.
Não até agora.
Também não será depois.

Não tem sido assim...

terça-feira, julho 14, 2009

É sentir, não ter sentido.

Porque pensei em poesia
Outra coisa poderia
E com rima
Simetria
Inda logo
Apagaria.

Poesia é coisa boa
Onde acham nada a toa
Escolhe as rimas
Testa as letras
Imaginação para cada
Zanzar de idéias
Acentuado "não" quando se trata
Do verbo sentir, pois para poetizar
A gente sente sem ter sentido precisar.

Obrigada.

É bom ter amigos.
É bom compartilhar dos nossos anseios e angústias com pessoas que nos compreendem.
É bom saber que elas estão ali para nos ouvir e para falar não só o que queremos escutar, mas o que outros não teriam coragem de dizer.
É bom poder retribuir todo o carinho quando eles também precisam de nós.
É bom saber que estão comigo e que vocês sabem que estou com vocês.
E estou aqui para dizer, obrigada! Por tudo.

Coisas minhas

Me sinto tão corajosa pra fazer certas coisas, me entrego por inteiro naquilo que verdadeiramente acredito, mas às vezes, mesmo toda essa credibilidade contesto com medo de que algo não saia como espero. Então penso que não sei o que irá acontecer, mas que devo tentar se assim desejo saber. Eu mudei.
Amadureci muitas idéias engavetadas, reciclei outras jogadas no cesto de lixo, adicionei novas palavras ao meu vocabulário, novas pessoas em minha vida. Aprendi a gostar de outros gostos e a pensar no futuro, agora tenho botas para o inverno e mostro as pernas no verão, faço planos para os estudos e não tenho medo do escuro, já faz um tempo que parei de roer minhas unhas, agora as mantenho pintadinhas e até o vermelho que achava vulgar eu experimentei. Certas preocupações acabaram, mas outras tomam lugar em meu mundo, sinto necessidades por coisas que não considerava tão importantes, tenho outras preocupações, outras limitações. Sempre pensei muito antes de tomar qualquer decisão, isso não mudou.
Às vezes sinto uma estranha saudade, de lembrar das coisas boas, de momentos significativos com pessoas especiais, de parar diante do espelho e ter aquela conversa, de chorar ou sorrir sozinha sem que para isso precise ter um motivo, de andar por aí prestando atenção em nada desatenta de tudo, de sentir dentro de mim essa infinita vontade de não sei o que...
Tenho meus medos e meus segredos.
Tenho as minhas saudades e confissões.
Tenho minhas dúvidas e minhas certezas.
Tenho meu amor, e penso que não preciso ter mais nada.
Amadureci para as responsabilidades, mas não quero deixar de ser criança na maturidade.

segunda-feira, julho 13, 2009

De olhos bem abertos.

Inda ouço os bons conselhos, ainda que não saiba quem os diga. Se não vejo é por livre e espontânea inexistente escolha. Talvez porque não queira. Assim prefiro. Há quem tape meus ouvidos, ou cubra meus olhos. E também, quem abra portas. Minhas mãos estão girando a maçaneta. Há quem se preocupe com isso, e pense que realmente aconteça. Mas não sabe. Não há o que saber quando se ama. Apenas preocupar-se e isso compreendo. Mas apenas isso.
Tracei objetivo e caminho em direção a ele. Vou adiante sem esquivar-me das gotas com o guarda-chuva na mala. Sei que vou me molhar. Então que seja por inteiro. Vou adoecer. Mas não será até a morte. Assim espero. Não vou escorregar, pois não tenho pressa. Tenho coragem o bastante para admitir que tenho medo. Tenho um caminho a percorrer e não pretendo voltar. Creio que será difícil. Mas nunca estive só. Não estamos. Meus olhos estão abertos, atentos a qualquer pedregulho. Meu corpo todo conversa e canta feliz quando ouço, o que naquele momento me faz chorar. É a felicidade que não procurei. Como o sol que aquece o espírito andarilho, da alma ofegante que em meu corpo habita, com sede, com fome, de vida.
Fecho os olhos quando bem cansados precisam cessar o sono.
Fecho os olhos rapidamente e logo os abro quando eventualmente desejam piscar.
Fecho os olhos quando deito na grama diante do sol que me faz imaginação.
Fecho os olhos desejando logo abrí-los. Sem querer perder nenhum segundo do milagre constante, atentando a todos os sentidos, olhos, boca, nariz, mãos... Se os fechasse agora, nesse instante e assim não pudesse mais abrí-los, os fecharia com a certeza de que se não pude ver ou viver tudo o que sonhei, vi e vivi tudo com a intensidade dos meus sonhos, e eles são reais.

segunda-feira, julho 06, 2009

Canção pra te fazer ninar

Dorme, dorme minha pequena
Pois não tarda a clarear
Deixa aqui o teu suspiro
No meu colo a te ninar

Dorme, dorme pequenina
Não é hora de acordar
E contigo eu respiro
Não precisa mais chorar

Porta

Bateram na porta
Não abri
Tive medo de ver
Medo de ouvir
Me sinto feliz
O rapaz anunciou
A moça ao seu lado
Calada continuou
A porta se abriu
A moça saiu
A porta fechou
Em outra ela entrou.

terça-feira, junho 30, 2009

Desprevenindo

Sabe que nunca gostei de planejar?
Sempre preferi o improviso
Aquele que se resolve na hora
Vamos viajar?
Bota mala nas costas
Pra onde?
Não importa. Vamos.
Não sei se isso vem de trauma
Algum acontecimento que não me recordo
Não me lembro de ter sido sempre assim
A gente não é sempre a mesma coisa
Sempre é muito tempo.
Talvez algum plano não tenha dado certo.
Mas se foi isso que aconteceu
Então agora entendo,
Que algumas coisas não dão certo para que outras dêem
E às vezes é melhor do que esperávamos.
Gosto do improviso
De me lançar por inteiro nas coisas que faço
Quando faço o que gosto
Quando estou com quem gosto
Porque quando isso não acontece
Parece que falta algo
Um pedaço deixado em algum lugar
Que não alcanço
Talvez porque não tente alcançar
Talvez porque eu não queira tentar.
Estou me desprevenindo,
Não quero estar preparada para o não
Ou para o sim.
Sei o que gostaria que acontecesse amanhã
Mas nem sempre acontece aquilo que queremos.
Qualquer surpresa é bem vinda
Quero estar assim, como estou agora
Leve.
Desprevenida de qualquer acontecimento
Porque as surpresas na vida
Não são surpresa quando estamos preparados.
Mas a gente nunca é o mesmo.
Nunca é muito tempo.
Sabe que hoje penso diferente?
Estou planejando!

quarta-feira, junho 24, 2009

Só um lembrete de Quintana...

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

Mário Quintana

segunda-feira, junho 22, 2009

Feliz Aniversário!

Hoje, 22 de junho de 2009, meu espaço faz 3 anos! E eu estou aqui, apenas para dizer.

Feliz aniversário!

sexta-feira, junho 19, 2009

Vai dormir

Menina acorda desse pesadelo, é um filme, um sonho, conto de fadas, qualquer outra coisa mas não pesadelo... Não pesadelo...
Vira-se, remexe-se dum lado a outro. Da ponta a outra. Nada, os olhos não fecham. Não fecham. Não fecham. Obedecem apenas a vontade, ingrata. Querer o que não é possível. Mas quem disse que não? E não fecham. E se apertam com raiva, com qualquer coisa de angústia. Qualquer coisa de falta.
Menina, vai dormir... Dorme que esse pesadelo acaba, vai passar, amanhã vai passar, a vontade vai passar, amanhã vai passar... Vai dormir...
........
Não consigo, sinto sua falta...

quarta-feira, junho 17, 2009

Eu não me lembro.

Dizem que o que é verdadeiramente importante para nós, dificilmente esquecemos.
Eu ouvi algo verdadeiramente importante essa noite.
Amanheci com a certeza da importância, mas com a dúvida do que realmente era.
Porém, lembro-me do rosto do homem que me falava.
Acho que o vi com os ouvidos, enquanto meus olhos dormiam.

segunda-feira, junho 15, 2009

A lenda de Kricktá


A lenda de Kricktá, conhecida por ancestrais indígenas, deixou de ser contada há muito tempo. Kricktá era como o povo Tsammane chamava a Lua, deusa das índias Amazonas.
As Amazonas viviam nas montanhas, longe das tribos de Kaios, o rei sol. Essas tribos eram dominadas pelos homens, os grandes guerreiros que na antiguidade maltrataram e humilharam as mulheres de Kaios, que após muitas tentativas conseguiram fugir para as montanhas, onde aprenderam a sobreviver e mais tarde ficaram conhecidas como as belas guerreiras Amazonas.
Todos os anos as Amazonas escolhiam guerreiros de outras tribos e os seqüestravam para a festa de Kricktá, era o ritual sagrado dos herdeiros Tsammane. As belas mulheres após o coito mergulhavam no rio onde repousava Kricktá, a grande Lua, e de lá retiravam a Muiraquitã entregue a seus guerreiros. Estes homens eram encontrados dopados próximos a suas tribos, alguns não conseguiam lembrar nada, outros lembravam-se apenas de ver muitas mulheres bonitas juntas, mas todos traziam no pescoço o amuleto da Muiraquitã, que era sagrado. Os guerreiros acreditavam ser presente dos deuses, então, o homem que carregava uma Muiraquitã no pescoço era considerado um protegido dos deuses.
As Amazonas engravidavam na festa de Kricktá, se a criança fosse mulher, era batizada e crescia sob os mandamentos das Amazonas, se fosse homem era mandada para sacrifício no solo do deus Kaios. Essas guerreiras não permitiam ser vistas, se alguma tribo se aproximasse elas mudavam-se ou atacavam o local, raptando as meninas e não deixando sobreviventes. Se alguma Amazonas quebrasse alguma regra, era expulsa ou morta, pois era importante que ninguém soubesse que essas mulheres existiam, e se soubessem, ninguém poderia encontrá-las.
Durante muito tempo conseguiram se esconder, até que os guerreiros de Kaios as encontraram seguindo os rastros dos sacrifícios. Lutaram e durante a batalha encontraram as Muiraquitãs, e ao entenderem o que acontecia quando um dos seus desaparecia, deixaram vivas as crianças, que eram filhas também suas. Elas cresceram e casaram-se com seus filhos, que mais tarde formariam a tribo de Tsammane, herdeira de Kaios e Kricktá, o deus Sol e a deusa Lua.

terça-feira, junho 09, 2009

200

Duzentas poesias, contos, coisas minhas
Duzentas conclusões, devaneios, comentários
Duzentas aflições, insistências, comunhões
Duzentas brigas, intrigas, repetições
É o número contado dos meus contos poemados
Aqui escritos, aqui lidos e comentados

.

E pensar que esse meu espaço, meu diário, fará 3 anos em alguns dias e hoje completa 200 poesias... Um tesouro único, que todos têm. Se não poemas, então fotos, cartas, pedras, amigos... A nossa vida é toda poesia. Muitas vezes com as dificuldades deixamos que o pincel caia, suje nossa arte e destrua o que pensávamos construir. Chorando não nos damos conta de que apenas borramos mais a tela, e que se parássemos e observássemos por instantes, por outros ângulos, talvez aquela pincelada na verdade teria feito a diferença, teria sido o brilho teu pra sua obra inacabada.
Não deixe que os erros sejam apenas borrões, a beleza da vida está em transformar erros em arte.
Como diz Constantin Stanislavski:
"Ame a arte em você e não você na arte..."

quinta-feira, maio 28, 2009

PALAVRAS VELADAS

Queridos leitores,

É com imensa satisfação que convido vocês para o lançamento do livro PALAVRAS VELADAS, que reúne poemas de vários autores, inclusive meus.
Participei de uma seleção e meus poemas foram aprovados. O livro foi organizado com base no seguinte critério: registrar a atualização do mais velho propósito da poesia, que é dizer tudo (o amor, a morte, a esperança, a revolta, a sensualidade).

Mais informações sobre o evento no site http://www.andross.com.br/eventos.htm
O livro está disponível para compra/reserva no site da Livraria Cultura
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2800327&sid=2019527771152062561340253&k5=51FBCC3&uid=

Gostaria de agradecê-los, escrever é como atuar, não existe razão se não há troca.

Beijos e abraços!

Amanda Pereira

sexta-feira, maio 22, 2009

A noite

Ei, deixe a porta do quarto entreaberta quando esperar por mim
Tranque-a assim que eu entrar
Deixe aceso o abajur, com aquela luz azul
Pra iluminar o espaço, assim posso te ver dormir
Posso te ver sonhar
Ei, não se esqueça de me ninar
Me embalar nos teus braços, me cobrir de beijos
E rir comigo à nossa felicidade
Não se importe se eu te acordar
Falando, rindo ou te empurrando...
Depois eu volto a te ninar
Eu volto a te ninar.

quarta-feira, maio 20, 2009

À Francesa - Marina Lima

Meu amor se você for embora
Sabe lá o que será de mim
Passeando pelo mundo a fora
Na cidade que não tem mais fim
Hora dando fora hora bola
Uma irresponsável pobre de mim
Se eu te peço para ficar ou não
Meu amor eu lhe juro
Que não quero deixá-lo na mão
E nem sozinho no escuro
Mas os momentos felizes
Não estão escondidos
Nem no passado e nem no futuro
Meu amor não vai haver tristeza
Nada além de fim de tarde a mais
Mas depois as luzes todas acesas
Paraísos artificiais
E se você saísse à francesa eu viajaria muito muito mais

terça-feira, maio 19, 2009

sexta-feira, maio 15, 2009

"Em pedaços"

"Quando pegamos apenas migalhas de felicidade, apenas restos, e logo os perdemos, como se dá comigo, pouco a pouco vamos nos tornando duros e maus..." diz Macha, personagem de "As Três Irmãs" (Anton Tchekhov - 1901).
.
Eu avistei um vaso, ele quebrou-se
Eu reuni seus cacos
Juntei-os todos, pus no bolso, não
Joguei-os fora, deixei na rua
Eu fui embora
.
"Enquanto esperamos... É preciso viver, é preciso trabalhar. Somente trabalhar." diz Irina, irmã de Macha.
.
Foi o que eu quis, ir embora
Machuquei os dedos
Cortei-me em segredo
Mas todos sabem
Que era só o medo
.
"Minhas queridas irmãs, nossa vida ainda não terminou. Viveremos" diz Olga, a outra irmã.
.
Meu medo calou-me a boca
Naquele momento
Respirei o ar que sumira
E cuspi as palavras no vaso
Nos restos... Do vaso
Minhas mãos trêmulas
Ergueram os pedaços
Juntei-os todos, pus no bolso, sim
Cortei-me
Soltei na mesa e os reconstruí
Destruir para construir
Pedaço por pedaço
Pedaço por...
.
"De que vale a pena se esforçar se tudo é em vão?" diz Irina.
.
Não importa quantos sejam
Não importa quanto tempo leve
Nem quantas feridas cause
Me importa terminar...
.
O vazio persiste dentro daqueles que não compreendem o espaço
É preciso conhecer-se para completar-se.
Despir-se às máscaras do improvável
Não é fácil, é doloroso.
É preciso cair, quebrar-se em pedaços
Reunir-se em si e compreender o outro
O que hoje são apenas cacos
Amanhã poderá ser um belo mosaico
De possibilidades infinitas... De possibilidades...
.
E assim diz Sartre: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você."

segunda-feira, maio 11, 2009

Para uma ética de convivência

A não comunicação entre as partes fora muitas vezes discutida como causa de desestruturação, seja entre amigos, familiares, desconhecidos, conhecidos...
Existe um manual para o bom relacionamento entre as pessoas? Como evitar as brigas, as discussões desnecessárias, tantas vezes por bobagens, tantas vezes incompreensíveis?
O motivo disso tudo é claro, um mesmo problema é visto por várias ou, ainda que duas pessoas, de maneira diferente. Cada um posiciona-se de uma maneira perante um fato ocorrido, ainda que exista concordância, alguém, em algum momento discordará, pelo simples fato de que somos criados com valores herdados de uma população, em uma casa, com uma família, a nossa sociedade. Recebemos informações e somos estimulados a aceitá-las, para manter a "ordem" e estimular seu desenvolvimento. Onde nos dizem o tempo todo o que é certo e errado, ético ou não, onde existe julgamento, injustiça e preconceito.
O que leva dois adultos a discutirem assuntos sem solução? Ambos sabem onde se encaixa o problema, sabem que não vale a pena... Ainda assim, brigam feito galo disputando quem grita mais alto. E quando alguém tem razão, outros teimam em aceitar, buscam meios de encontrar falhas naquilo dito, mas não se preocupam em avançar com novas propostas de solução. Mas também, como julgar quem tem razão?
Essas desavenças são presentes em todos ambientes, acontecem no trabalho, em casa, nos estudos, acontecem entre pessoas, onde há pessoas. E existe solução?
Bom, quando alguém a encontrar por favor me avise, mas enquanto não, acredito que ouvir mais, respirar fundo e buscar compreender antes de qualquer coisa, são de grande ajuda, pelo menos tem sido para mim, ainda que às vezes aconteçam escorregões.

sábado, maio 09, 2009

Ponto final

Conto-lhe um... dois, três, mil... mas UM é o bastante.
É o que já conheces, mas não enxergas.
Serás miope? Ou sofres de cegueira crônica?
Os versos muito dizem, para aqueles que quiserem deles tirar algo
Contradizem a vontade dos que querem diferente
Tens vontade de que acabe? Não dê certo como ocorreu-lhe?
Pois continue assim, se mordendo, rindo, debochando
Continue perdendo o tempo, se lamentando
Poste a réplica, se explicando
Encontre um meio para dizer o contrário
Saiba, é inegável, sei, e não sinto nada
Tenha raiva até seus últimos dias
Deseje sua morte por uma vida sem alegria
O tempo demora a passar? Ou passa depressa em tua vida?
Não culpe, não julgue, não se meta
Lamente-se apenas por lamentar-se e deixar que esse tempo passe
Sem histórias, sem vida...
Conto-lhe um... dois, três, mil... mas UM é o bastante.
É ponto final.

terça-feira, maio 05, 2009

Ali, meu lugar...


Ah como seria bom se
Ali, bem ali naquele lugar eu
Estivesse a vontade para não ouvir não
Escutar, fechar os olhos e também não ver não
Ver o que se passa o que se
Ouve, tanto barulho por nada
Houve tanto barulho por nada
Mas ali, bem ali naquele lugar ouço
O barulho do meu travesseiro que
Conversa com meu peito apertado sobre a
Cama, ingrata noite com pesadelos e
Dores nos ouvidos, nos olhos das lágrimas
O barulho incomoda, o silêncio... Era apenas silêncio...
E ali, bem ali eu desejava presença de falas, não
Mais o silêncio, não mais solidão e só não estava
Conversei com as paredes, a porta e a janela, fiz
Barulho com as falas, as conversas solitárias
Conversei e briguei até lembrar o sono nos olhos e
A saudade dos sonhos... Bateu-me o medo da realidade e
Começaram os pesadelos
Acabou sem nenhum bom dia... Bem ali, ali...

quarta-feira, abril 29, 2009

Das confissões inconfessáveis

É verdade que todos temos segredos, é verdade que todos omitimos verdades.
Como se julga a mentira? Deve-se julgar? Quando e como, então?
As desculpas são muitas, como por exemplo, não mentir para não magoar, deixar esquecer, deixar passar... Ou simplesmente, deixar de comunicar. Oras, não é mentir, é apenas omitir!
Por vezes se é descoberto algo, o omissor como ingênuo e possuidor das melhores intenções diz claramente: "Não disse antes porque você nunca perguntou", ou... "Pretendia contar, mas sabe como é, o tempo foi passando, acabei esquecendo".
O que julgar por isso tudo? Talvez omitir seja o mesmo que mentir, ou tenha a mesma condição mas em graus de afetação diferente. De todo modo, é natural que as pessoas mintam, omitam, enfim... Quando sentem seu patrimônio ou algo querido ameaçado, às vezes por falhas que elas mesmas cometem, e principalmente por isso, acabam por omitir.
A mentira vem após a tentativa falha da omissão, pois se não revelada após a pergunta do ser (considerado pelos mentirosos) "opressor", sua verdadeira resposta será manipulada de forma às modificações e aperfeiçoamentos em virtude da situação, parecendo uma outra versão, mais saudável para a verdade inconveniente. Algumas pessoas se dão bem no ramo das mentiras, às vezes são tão bons que passam a acreditar elas mesmas no caso inventado que acabaram de criar, outras já não levam muito jeito e se entregam antes mesmo de começar a tentar. Mas há também os que variam, são bons com alguns tipos específicos e péssimos em outros. Eu creio que depende do ouvinte, existem pessoas que captam, tem o faro pra detectar mentiras, não é uma regra e nem sempre estão certas. Dizem que são essas pessoas as peritas em detectar mentiras, que são melhores ainda em inventar uma ! Não sei, nada comprovado científica ou astrológicamente.
Enfim, devaneios e mais devaneios sobre confissões inconfessáveis.

Personalidades

Qual o nome dele? Quantos anos tem? Qual a sua história? Será que tem filhos, talvez netos...
São perguntas que me faço sobre o sujeito sentado na calçada. Hoje pela manhã ouvi alguém o cumprimentar por Zé, pois bem, é este agora seu nome, Zé, o Zé do Asfalto.
Esse sujeito intrigante é morador das ruas, está todos os dias na rua onde trabalho, fica horas sentado na calçada, observando os carros, mudo, não fala com ninguém, mas todos parecem falar com ele, e ele sorri em retribuição. Ele carrega com ele um radinho com fone no ouvido, fica concentrado observando a movimentação e ouvindo... Hum.. Também gostaria de saber o que ele ouve, mas pela paz em seu rosto e o brilho nos olhinhos talvez ouça Beethoven ou Chopin...
Ontem quando ia embora vi Maria decifrar palavras cruzadas, os quadrados estavam todos em branco e Maria fazia cara de dúvida e dificuldade segurando a caneta. Não sei se é este teu nome, mas é este nome que se parece com ela. Nunca falei com Maria, apenas retribuo o "Bom dia" que ela diz quando me vê. Maria tem mania de papel, adora os livros, os discos de vinil... Ela carrega um saco com alguns deles, entre eles percebi o Rei Roberto Carlos, as duplas Chitãosinho e Xororó e Zezé de Camargo e Luciano, e ainda um bem antigo da Mara Maravilha, mas havia outros. Às vezes Maria fica tempos e tempos olhando pra eles, imagino que deve saber decor as rugas dos artistas que aparecem nos discos, e deve sonhar em poder ouví-los um dia.
Ela tem um livro de anatomia... Fica lendo as letrinhas miúdas que vão dos pés a cabeça, se interessa principalmente pela parte da cabeça, ou talvez leve mais tempo lá porque é um membro menor com mais nomes e funções do que os outros...

Maria e Zé do Asfalto habitam a mesma rua, não conversam com ninguém e sorriem para todos. Eles também não conversam entre si...

quinta-feira, abril 23, 2009

Conto dos Astros


Quando eu era pequena me disseram que cada pessoa tinha sua estrela, que lá estava o brilho do nosso olhar, e que era para o céu que deveria olhar quando estivesse triste.
Eu logo encontrei a minha, tímida, um pouco afastada das outras, com o brilho meio apagado... Ela era diferente.
Todos os dias ao chegar do colégio eu subia as escadas e ia me sentar no murinho da varanda pra ver minha estrela. Passei a conversar com ela, contar meus medos, minhas travessuras, meus gostos. Quando estava nublado eu não conseguia vê-la, tampouco quando tinham tantas e tantas... Mas ainda assim, eu conversava com ela.
Mais tarde me disseram que se tivéssemos pedidos muito complicados era bom pedir pra Lua, ela era grande e ficava longe, ouvia os pedidos quando lá estava e depois sumia pra levar os tantos recados pro Deus dos astros. Mas a ela, só poderiam ser feito três, com tanta gente na Terra, não era possível carregar tantos pedidos. Eu gastei minha cota no primeiro dia, fiz os três pedidos numa tacada só. Se foram realizados? Todos. Eu pensava que ela tinha esquecido meus pedidos, e repetia todos os dias quando ia falar com a minha estrela. Repeti durante anos, até compreender que dependia de mim torná-los possíveis.
Também me disseram pra fazer um pedido quando visse um cometa, que quando chove é Deus torcendo as nuvens, quando venta fecho os olhos e toco as árvores... E quem nunca viu um coelho na Lua? Ele está lá, e eu estou apaixonada!
A primeira vez que vi o mar, vi também quantos olhares brilhavam sobre as águas... Eram tantas estrelas, tanta imensidão que a minha vontade foi mergulhar. Era como se todo o céu estivesse ali... perto de mim, ali, onde eu pudesse alcançar.
Essa noite verei minha estrela, tenho mil e uma coisas para contar...

sexta-feira, abril 17, 2009

É assim... É amor...

Eu te amo o quanto não cabe apenas em dizer
Não cabe nas palavras
Nos verbos
Nos gestos
Não cabe na letra
Não cabe nos versos
Cabe apenas em nós.

E você sabe, que bom que sabe
Que eu te amo
E que isso não tem tamanho...

quinta-feira, abril 16, 2009

Testamento

O que me ocorre é que o mundo pode acabar.


As pessoas tranqüilamente seguem suas vidas, com suas rotinas, seus estudos, suas tarefas, seus romances. Seguem o vício que a sociedade empreguina, ouvem buzinas no trânsito, vêem poluição, mortes, acidentes, guerra, fome, injustiça... e suas vidas seguem tranqüilas.
Do escritório para os estudos, dos estudos para casa, da casa para o escritório. Se isso mudar, só muda a ordem. Quando não, tira-se os estudos e bota-se um lazer com a família (Televisão).
Horas na frente de um computador, um horário a ser cumprido no trabalho, reclamações, solicitações, discussões e tudo é tão... normal. A normalidade me entristece, mas é fundamental para minha loucura.
Figuras estranhas, aquelas que andam falando sozinhas pelas ruas, mal vestidas, contando causos aos seus amigos invisíveis, ou apenas observando o movimento alheio, como se tudo fizesse parte de outro planeta, um planeta onde elas são isoladas e não vistas, mas estão ali, fazem coisas como se os outros não as vissem... Essas pessoas, para mim, tornam-se cada vez mais alvo de minhas especulações. São para elas que olho quando me ponho a caminhar, para a mulher que lê atentamente as letrinhas miúdas num livro de anatomia, para o homem sentado em um monte de lixo lendo o jornal da manhã, para o violonista colocando as cordas no seu violão recém pronto, feito por ele mesmo com restos de madeira, para o senhor de idade deitado na calçado esperando dar 18 horas para buscar a sua marmita.
É tanto que o homem tem para acrescentar ao homem. Não fazê-lo seria egoísmo, e não quero amargurar com uma idéia não realizada. As idéias tomam conta dos sonhos e elaboram os projetos de vida, o tempo passa, as dificuldades aumentam e as idéias secam por não serem regadas. As pessoas desacreditam delas mesmas e arranjam tantas desculpas para justificar qualquer coisa que as ponham em risco. Viver já é um risco, não permitir-se às conquistas é aceitar a derrota, é dizer não aos sonhos, aos desejos.
O que me ocorre é que o mundo pode acabar, e o que terei feito até lá?
Não tudo o que queria, mas nunca tudo o que pude. Fui além, quebrei barreiras, instituí valores, amei a vida, tive amigos, dois cachorros e vários gatos, eduquei um rato, joguei baralho, fiz arroz, dancei, atuei, fiz amor, amei, amo... Nós sempre podemos mais do que imaginamos que podemos. Poder está além do que se pensa. Muito deixamos de fazer com o medo de não conseguir, mas se não tentarmos...
O medo mantém os pés no chão, mas às vezes, é preciso voar.

"Lugares Proibidos" - Nossos lugares, meu e seu.

Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já
Mande um buquê de rosas, rosa ou salmão
Versos e beijos e o seu nome no cartão
Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que eu não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem datas
Chega mais cedo amor
Eu finjo que eu não esperava
Eu gosto da falta quando falta mais juízo em nós
E de telefone, se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já

Helena Elis

terça-feira, abril 07, 2009

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A diferença do ontem pro hoje é que ontem eu me importava com hoje, mas hoje eu me importo com o que vem depois.

segunda-feira, abril 06, 2009

"Dor de Cotovelo"


O ciúme dói nos cotovelos
Na raiz dos cabelos
Gela a sóla dos pés
Faz os músculos ficarem moles
E o estômago vão e sem fome
Dói da flor da pele ao pó do osso
Rói do coccix até o pescoço
Acende uma luz branca em seu umbigo
Você ama o inimigo
E se torna inimigo do amor
O ciúme dói do leito à margem
Dói pra fora da paísagem
Arde ao sol do fim do dia
Corre pelas veias da ramagem
Atravessa a voz e a melodia

Caetano Veloso

sexta-feira, março 20, 2009

...

Ontem eu tentei ver nas nuvens formas conhecidas como costumo achar, mas vi apenas, formas de nuvens a desfazer-se com o vento. Já era noite e a lua não clareava a abóbada celestial. Meus pés cansados, meu sono inútil e a Brigite que começa a apertar-me as entranhas, já me faziam ânsia da ausência da casa minha. E na minha companhia, um amigo para acalmar os males anímicos e contar os defeitos do mundo na constante preguiça alheia.
Debates filosóficos sobre a risada das focas, histórias da pulga e sua forte resistência ao dominar o sono, palavras de Caeiro, sobre enxergar nas cousas a diferença daquilo que havia sido antes. Porque o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto. E entre tanto, a discussão da felicidade, das correntes que nos prendem ao mundo capitalista e infame, da (in)segurança constante nos homens que não saberiam sem ela viver, e falar disso como pássaros, cantando felizes em suas gaiolas, ah, pobres pássaros! Que não conhecem da felicidade o tamanho céu que lá fora espera, com suas garras sim, seus predadores e medo, mas com toda a liberdade impagável. E ainda os amores mal compreendidos, inseguros deles próprios. A escassez de coragem, do salto ou mergulho dos corações solitários, que vivem o martírio de um relacionamento sem troca, alheio do sentimento verdadeiro, da comunhão entre ambos, ligados apenas pela aceitação um do outro.

"Amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor." (Maiakovsk)

E hoje eu entendo o verdadeiro valor da troca.

quarta-feira, março 18, 2009

Momento anti-romântico.

Às vezes acontece. E isso se reflete nos textos, o que sentimos, o que pensamos, mas nem sempre o que verdadeiramente acontece. Estou numa fase um tanto quanto "anti-romântica" como têem percebido nos últimos textos, mas, nunca estive tão apaixonada. Isso porque eu sou assim! Não sou das mais românticas dessa geração, bem, estou longe de ser. E porque a vontade de escrever sobre isso? Hum. Algo me inquieta. E excepcionalmente hoje.
Falemos de romantismo, do amor, das convenções, das trocas, do respirar o mesmo ar, de trocar suor, unir os corpos, bem, aí já fomos parar na questão: "Sexo ou Chocolate?"
Eu continuo com os dois.

Papéis trocados.

- Bem, depende de a quê você se refere.
- Mas como assim se você sabe muito bem ao que me refiro?! Ontem, quando estava sozinha, você..
- Ah sim! Ontem. Mas querido por que tanto ciúmes, precisa confiar mais em mim.
- Ah então você confirma! Eu nem disse nada e você já está me dando as respostas!
- Mas você acabou de me dizer, sobre ontem, e não, eu não estava sozinha.
- Viu... Ah, não estava? É claro que não estava, eu sei disso muito bem, estava na reunião do conselho, cercada por tantos e tantas...
- Eu estava com o Paulo.
- O quê?! Mas e a reunião? E seus deveres lá, suas obrigações?
- O Paulo participou da reunião e depois fomos tomar um café.
- E você me diz isso assim, com tanta naturalidade? O que quer que eu pense?
- Que eu tenha beijado Paulo.
- Beijou?
- Beijei.
- ............E você diz que eu preciso confiar mais em você? E agora, simplesmente, secamente, me diz isso. E por que o Paulo?
- Bem, recaídas acontecem.
- E eu? Onde fico nessa história toda? Significo algo pra você?
- Eu te amo.

quinta-feira, março 12, 2009

Nem tudo é o que parece ser.

Você se lembra de quando nós nos conhecemos, quando entre tantos trocamos olhares, assim, sem a intenção de algo permanente... Sem a idéia de que um dia nossos lábios dançariam aquela música, nossos corpos se uniriam naquele calor momentâneo. Aquele calor, presságio de um comprometimento mútuo de nós dois. Sim, e eu te sussurrava palavras doces, de vontade, você me arrepiava com toda aquela improvisação espontânea do teu suor.. Ah! Escorriam pequenas gotas por todo teu corpo e eu me apaixonei quando nos provamos um ao outro. Quando num momento mágico nossos lábios se encontraram entrei em êxtase, a primeiro instante, tomei-te em mim com receio, era algo novo, algo que nunca havia sentido. E as pessoas apostavam na gente, sim, até hoje! Diziam que nós combinávamos, e então sempre nos encontrávamos, e cada instante era como no começo, e eu me apaixonei. Me apaixonei perdidamente, e você não faz idéia do quanto foi difícil quando descobri que nem tudo é o que parece ser. Que nós nos prendemos a pequenos detalhes, detalhes de nós mesmos e das circunstâncias e de todo um processo que envolve o mundo, mútuo e comprometedor... O tempo passou, eu deixei de te ver, foi preciso, pois dizem que quando amamos devemos nos sentir nas nuvens, não que eu não sentisse, não, não era isso, mas meu vício por você aumentou a ponto de eu não poder mais deixar-te, queria ir onde estava, seguir teus passos, provar-te a todo instante, tocar-te, tomar-te em mim! Oh, e quando compreendi que isso não seria mais possível, que muitos já estavam contra nós, que desejavam nossa separação, oh! Você não sabe a dor que isso me causou, mas fui forte, agüentei nossa distância, superei a saudades e nunca deixei de pensar em você, nunca. Agora, livre novamente, venho pedir-te... Volta pra mim... Volta que não mais suporto essa separação, sei que é amor, nunca tive tanta certeza! É como nos grandes romances e como dizem os poetas... Amor só é bom se doer. Ai! Vem aqui...

- Ô Eliseu... Pára de conversar com a cerveja... Tava engraçado, mas já deu né?!!!

quarta-feira, março 11, 2009

Hoje. Excepcionalmente Hoje.

Nada me chama atenção. Nada me convém contar. Escrever. Apostar. Porque hoje. Excepcionalmente hoje. Estou cansado. Tenho as pernas condoídas da corrida na madrugada. Ontem. Quando corria. De um dia para o outro. Corria pensando em. Excepcionalmente nada. Pensando em porquê eu deveria estar pensando em algo. E naquele momento. Excepcionalmente naquele momento. Eu percebi que isso seria impossível. Pois eu havia tentado tirar conclusões. Mas por quê? Que tolice! Por quê temos essa mania. Excepcionalmente essa. De repetição. De querer e buscar significado pra tudo. De querer respostas. De querer compreender o universo. De saber como se faz o mundo. De imaginar que para cada grão DEVE existir uma explicação. Ah! Eu estou inapto para tal façanha. Condoído das idéias. Da pressão interior da alma. Mas como. Se nem ao menos a certeza de uma alma eu tenho? Ah! Mas hoje. Excepcionalmente hoje. Eu não acredito em Deus! Mas eu li Alberto Caeiro. E se Deus é as flores e as árvores. E os mares e sol e o luar. Então eu acredito! E hoje! Excepcionalmente hoje. Acredito em tantas coisas. E. Tudo. Inclusive o Nada. Me chamam atenção.

segunda-feira, março 02, 2009

Especial pra mim...


É acordar com o sol batendo no rosto e saber que tenho mais um dia pela frente
É conseguir pegar o ônibus no meu horário, mesmo que tenha que correr pra isso
É distinguir sons como o cantar de um pássaro entre os prédios da cidade cinza
É encontrar formas interessantes cada vez que olho pro céu
É ter muitas dúvidas sabendo que não tenho resposta pra maioria delas
É sorrir sozinha quando me lembro de algo engraçado ou bonito
É me emocionar todas às vezes que assisto Amèlie Poulain
É comer frango com as mãos e me lambuzar de manga
É tomar banho de chuva sabendo que a sombrinha está na bolsa
É olhar fotos antigas com pessoas queridas e lugares sempre lembrados
É ter um animal preferido, e adorar todos os outros
É visitar amigos, abraçar queridos, amar amores
É não reter as lágrimas, e deixar que elas passem
É desejar estar com você em todos esses momentos.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Ele não era qualquer cachorro.


Na madrugada de hoje, exatamente às 01h33, o Luguer se foi.
Ele não era qualquer cachorro, na verdade, ele era um cão muito mais chato do que os poodle normalmente são, mas, nós nunca o esqueceremos.
Foi-se depois de tanto tempo de hora extra, nessa terra, nessa vida sofrida, nesse país quente.... E como ele sofria, com aquela pelugem desnecessária sobre seu coro velho. E depois de não mais conseguir beber água sem derrubar o baldinho, ou comer sem espalhar vestígios de alimentos por todos os lados, ou não ter forças para subir no sofá e na cama, rendendo-se à algumas almofadinhas e uma cama para gatos, ele teve a sua paz, e superou tudo com muito orgulho e auto-estima, tenho certeza que ele só não suportou o fato de não mais conseguir levantar as patas para urinar, isso foi a gota d'água, a pior humilhação na vida de um dog, que levou-o a tal estado de depressão que nenhum cão jamais tivera, e pensar que nem suculentas fatias gordas de filé mignon o satisfizeram, aiai... Bom, isso talvez porque o seu olfato e paladar já não estivessem mais tão apurados. Mas, nós nunca o esqueceremos.
Nos seus aniversários, 8 de dezembro, sempre fazíamos surpresas, com ossinhos, bolinhas e coisas para ele destruir, mas o tempo foi passando, passando, passando... E essa data sendo tida como outra qualquer, acabaram os ossinhos, as brincadeiras, e também os dentes de sua boca... Ah, mas vejamos por um lado positivo, ele era um cão sagitariano, o que prova que o seu otimismo e força de vontade contribuiu muito pra sua permanência tão permanente na Terra. Ah, nós nunca o esqueceremos.

Este cão, tão pouco compreendido pela raça humana (sobretudo por mim), ficará marcado em nossas memórias, como não somente o cão que sobreviveu a atropelamentos, quedas e tantos anos, mas sim, como o cão cativante (apesar de mimado) e fiel companheiro.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Leve



Sinto o arrepio da felicidade acariciar meu corpo
Risos rondam, o entusiasmo aflora
E por que isso?
Às vezes, e na maioria delas
Não precisamos de muitos motivos para estar feliz
Felicidade é condição de estar e não de ser
E quando entendemos isso
Compreendemos que para "ser" é só preciso "estar"
Estou feliz, sou feliz como nunca
Porque hoje é diferente de ontem
Como o amanhã será diferente de hoje
E por isso, procuro aproveitar da melhor maneira
Cada minuto que posso sorrir
Lembrar que existem pessoas especiais em minha vida
Que nossa história, particular, somos nós que compomos
Que tornei-me desde então, quando nascida
Maestria da minha própria orquestra
E a minha sinfonia preferida
É a leveza que posso ouvir, sentir e tocar
Quando apenas fecho os olhos
Ou quando sei que estou amando...

Peixe Dourado

O improvável será pautado
Sua descoberta uma unanimidade
Sua recaída, nenhuma virtude
Mas era provável que acontecesse
Como no aquário com tantos peixes
Como no mundo com tantas mulheres
O improvável tornou-se prova
Da incredulidade, da boa moça
Boa? Pouco provável
Mas que digníssima tua cintura
Que exuberância teus olhos claros
Tua pele branca macia ronda os sonhos
O improvável já foi provado
Com cores, com bocas, com todo paladar
Da má consciência humana
Da falta de caráter que julgam que tenha
Que julgam e abusam
O improvável tomou-se à mágoa
A boa moça ficou só...
Observando seus peixes dourados.

Naquela noite, naquele dia...

Não disse tudo o que precisava ter dito
Não disse um terço do que precisava ser dito
Mas palavras me faltaram quando as lágrimas vieram à tona
E por mais que eu soubesse que era preciso
Não conseguiria ter te dito nada
Ainda tentei outros meios nos dias seguintes
Por infortúnio meu, não consegui nada
E até compreender que nada mais poderia ser feito
Que o melhor era deixar as coisas se resolverem por si só
Não desisti de te dizer.
Eu já senti raiva, muita raiva
Não tive a oportunidade de te dizer
Ou melhor, não soube aproveitá-la
Te agradecer por todo o tempo...
Que foi importante pra mim
E que eu aprendi muito
Que hoje é parte da minha história
E que eu te desejo o melhor..

(.)

Ei José, tu queres ir?
Por que se prende a mim?
Deixa-me livre também, deixa-me livre para amar alguém.
Ei José, não me olhe assim...
Eu sempre soube, eu sempre esperei o dia que você fosse partir
Mas olha, não estou triste não
E deixe as minhas lágrimas
Não quero que isso estrague a minha felicidade.
Quero levar comigo boas lembranças
Quero lembrar das risadas que demos juntos
Não quero saber de futuras brigas
Não te culpo José, não te culpo por nada
E sim, te amo.
Mas vá embora, e me deixe te amar assim
Da maneira que te conheci
Não estrague isso José
Não estrague isso....

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Teus segredos

Eu conheço os teus segredos, os teus medos
Sei de coisas que você nem imagina que eu saiba
Somos cúmplice, somos amigos
Nos conhecemos muito e não sabemos nada um do outro

Mas eu conheço os teus segredos, os teus medos
Posso ouvir de longe o acelerar do seu coração
Sinto o cheiro quando teu suor é frio
Quando de alguma forma, você tem medo que eu saiba algo

E eu conheço os teus segredos, os teus medos
Sei tudo em mínimos detalhes mínimos
Porque eu te conheço, talvez mais do que você mesmo
Talvez mais do que eu pense que o conheça

Só porque eu conheço os teus segredos, os teus medos
Não veja isso como um jogo, como é mania sua fazer
Não procure formas de se esquivar do que é inevitável
Não tema revelar

Os teus segredos, os teus medos
As coisas acontecem como devem acontecer
Acontecem como escolhemos que aconteça
Acontecem quando menos esperamos

Eu sei dos teus segredos, dos teus medos
Sei tanto sobre você quanto você sabe sobre mim
E também sabemos que a vida é muito complicada
E que na verdade, quem a complica somos nós

E talvez por isso...
Eu não conheça os teus segredos, nem os teus medos.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

O que fez de bom no fim de semana.

Bom, acordei no sábado exatamente às 09h32 e saí em seguida pra encontrar os amigos.
Já havia deixado a mochila pronta na sexta-feira, fomos escalar o pico de Caracas Jersey, antes encontramos todo o pessoal da equipe de 'salvamento', era uma aventura perigosa e arriscada, nós precisaríamos de pelo menos 5 só na equipe médica, o problema não estava na escalada e sim, na quantidade de pizza que havíamos ingerido na noite anterior.
Éramos ao todo 7, um grupo com quatro homens e três mulheres, eu estava entre elas, a mais nova e mais atentada a fazer coisas... ahn.. um tanto quanto desnecessárias, do tipo, provocar uma avalanche de sacos de lixo com o suposto grito do Tarzan. Mas ok, sobrevivemos...
Passamos o dia perdendo calorias escalando morros, nos esquivando do lixo e correndo de um ser ainda não identificado, ele vinha em direção contrária a nossa, e havia uma foice em suas mãos, sim, dessas tipo da morte, foi aterrorizante, entendemos aquilo como um sinal divino e decidimos que a escalada deveria terminar por enquanto. Bom, já era noite, quase domingo, armamos o acampamento e fomos dormir para seguir viagem na manhã seguinte.
À noite, só podíamos ouvir o barulho dos grilos, o coaxar dos sapos e a atividade no bordel da esquina, estávamos acampando no quintal de uma senhora, muito generosa por sinal, tão generosa que nos lembrou o terrível seqüestro de João e Maria, e foi quando decidimos que seria mais seguro ir embora sem agradecer.
Na manhã seguinte estavam todos muito dispostos, a ir embora. Todos fedidos, suados, cansados e famintos... Sem ter o que comer e beber, fomos procurar um estabelecimento próximo e com possível probabilidade de segurança na ingestão de alimentos, não adiantou, acabamos parando no Bob's. Após a refeição, decidimos que o melhor seria voltar pra casa, para descansar e seguir a rotina na segunda-feira, e foi o que fizemos.
Cheguei em casa na tarde de domingo às 15h52, fui cochilar. Quando acordei me dei conta de que ainda era sábado e o relógio marcava 09h32 da manhã.
Bom, mas então, no final de semana eu...

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Ma blue..

Pode fazer cinza, vermelho quente
O dia
A noite
Pode ventania, frio, suor
Na rua
Na cama
Pode ser triste, chuvoso, neblina
Ser um instante
Um beijo
Uma saudade
E quando a primavera passar
O verão secar os corpos
Provocar distanciamento
O outono vem
Ma blue
O outono vem
E depois.. Quando as pétalas caírem
Quando as árvores estiverem nuas
Nossos corpos estarão entrelaçados
Acobertando o frio
Um abraço
O medo é inevitável
Mas vale o seu peso
Vale o tempo, reconhecer o ciclo
Pode fazer cinza, vermelho quente
Mas eu vou preferir você ma blue..
Porque é de você que eu gosto
E quando sentir que o vento é forte
Que é pouco segura a confiança
Eu vou cantar para você
ma musique blue

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Eu não me importo.

Leia TUDO o que quiser
Invada minha privacidade
Meu cantinho particular
Meus segredos, minhas loucuras
Sinta-se a vontade!
Saiba de TUDO da minha vida
Saiba se amo, se me decepciono
Saiba se sorrio, se choro, se grito
Mas mais do que tudo
Saiba que não sabe de NADA!

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Mensageiro

Não ficas atrás do muro
Bisbilhotando as cousas acontecerem
Nunca diga Nunca
Nunca diga Sempre
Às suas perdas
Aos seus ganhos, desenganos..
És coragem falha
A idéia de morte
És coragem tola
Não ter coragem
Abra os olhos e veja o mundo
Infinito de cousas belas
Belas mulheres, belas belezas
Infinito de simplicidade na
Amizade, e do eu que vos fala
Olhe ao seu redor e simplesmente veja
Quanta vida há nos arredores
És tua vida
Por que desperdiçá-la?
Por que arrepender-se?
De que tu te arrependes?
És parte de um todo que acontece
És integrante parte importante
Do mundo em que vives
Não seja tolo em deixá-la passar
Agarra teu tempo, teu manto
Agarra com força teu pranto
Canta um choro, uma poesia
Canta o encanto de mais um dia
E continua, continua...

terça-feira, janeiro 27, 2009

Si l'amour en supposant


Aimer et d'être aimé.. Não tem preço.
...
Poderia passar horas pensando no que dizer, em como escrever, porque cada palavra, cada gesto, cada mínimo detalhe é importantíssimo diante desse sentimento tão.. Apaixonante.
Uma pessoa poderia ter tudo e não o ter, isso é pura contradição, não existe como ter tudo sem ele presente, não existe o que o substitua. Não existe palavra que o descreva.
Dizer Eu Te Amo é fácil, difícil é transmitir o verdadeiro significado dessas palavras.
E quando os olhos sorriem, o coração acelera.. Quando a saudade aperta, o corpo grita pedindo um abraço, um beijo, a presença... A alma flutua... Chega a ser angustiante pensar que pode acabar.. E quando o sentir é verdadeiro, quando não se mede o discurso das palavras e já se está tão envolvido que parece que algo no mundo não se encaixa, que você já não teme o próprio medo da perda por ter valido tão a pena.. E Quando nada mais parece triste, e talvez a única tristeza seja a de perceber que esse sentimento intenso não acontece sem ela, ah.. E quando acontece, quando nos damos conta de que estamos amando...
Poderia passar horas, meses, escrever um livro, mas palavra alguma expressaria essa sensação.
Porque amar e ser amado não tem preço...
Te amar e saber que você me ama não tem preço..

Estrelando Armandinho Souza em "A Gota d'água"

Exatamente. Porque eu não estréio, eu Estrélo!!!
Quando eu vim pra Terra, Deus me disse "Desce e arrasa!".. Ah, por falar em Deus, em uma das minhas encarnações fui irmão do brother JC, pois é.. Aconteceu que a minha mãe Maria depois de dar à luz ao menino Gésus ficou grávida do meu pai José, aconteceu também que o Dan Brown tinha uma richa com meu tatataravô e não quis mencionar essa parte "importantérrima" no Código da Vinci.. Aiai, mas enfim, isso não vem ao caso.
Ah sim, agora a gota d'água! LITERALMENTE a GOTA D'ÁGUA!!!
Ontem, dia 26 de janeiro de 2009, por volta das 20h00, noite transitórica e chuvosa na capital paulista... Já disse que fui aluno do Gorki? Cara eu devia escrever um livro, uma auto-biografia! Muitas pessoas já me disseram isso, mas é como eu digo, não daria certo, poxa, se eu tivesse que escrever um livro sobre a minha vida, só de índice seria 20 páginas, introdução e agradecimentos então, vixi, contando que eu ia começar pela era medieválica antes de JC.. seriam aí umas.. hum.. Ah, isso não vem ao caso. Mas, enfim.
Putz e o livro, cara.. Teria que ser um livro pra cada ANO! E cada livro chegaria a pelo menos 892 páginas... Enfim, isso não vem ao caso. O assunto era???
Ah sim, madrugada de ontem, opa, noite de ontem.. A chuvosa São Paulo, e eu lá, prostrado em frente ao ônibus que o maldito motorista deixou estacionado sem permitir que os passageiros subissem. E a chuva acontecia.. Cara, já falei que o Noé era meu padrinho? Puta meu, não foi só a família dele que foi não, eu também estava lá, foi irado velho, tem coisas que não dá pra esquecer.. Ah, mas isso não vem ao caso.
Então, tava lá, na chuva, aí o moto chegou e liberou o busu pra gente subir, ufa né... Mas tinha uma puta fila.. Imensa, logo vi que não ia ter banco pra mim né. Meu, eu tava na fila do Paredão pra ser fuzilado em 1958, mas tipo, o Che me conhecia, era meu brother e já tinha pegado a minha irmã, aí ele me liberou, fumamos uns e relembramos os bons tempos e tals.. haha.. Ai ai, bom, mas isso não vem ao caso né.. Então gente. Aí... Entrei no busão quase meia hora depois, e MILAGRE.. Uma única poltrona livre, cara, logo pensei "po Deus, quando cê disse que eu ia arrasar num tava brincando não hein, puta cara de sorte velho"... Meu, sentei e me veio uma iluminação. Cara, dessa eu não sabia, tinha sido Henrique V, matei bastante gente, mas não me vanglorio disso, todos podem ser perdoados né, imagina se eu tivesse sido só celebridade? Nem todo mundo é perfeito. Mas paguei, quando eu fui Alexandre O Grande, não tive a melhor das mortes, mas enfim, isso não vem ao caso.
Então gente, sentei, me senti a vontis, relaxei e quando não.. Cai uma gota na minha calça, coloquei a blusa no joelho, e aí cai uma gota na minha blusa, botei a mochila no colo.. Cara, isso me fez lembrar quando eu dei as dicas pro Chico das composições pro Gota D'Água, foi irado.. Mas enfim, não vem ao caso. Aí me injuriei né, porra, entro no busu pra sair da chuva, tudo lotado e uma cadeira me esperando, e justamente onde sento tem uma goteira??? Caralhoooo velho, aí tive um Dejavu, putz, vocês devem me conhecer, eu tava no filme com a Penélope Cruz manja? Ah, enfim... Tive um Dejavu, vi que uma gota caía na minha cabeça.. Cara me fudi.. Puta brother, lembrei de quando eu tava no quarto com a Julieta e o pai dela entrou e me deu um tiro na cara. É isso mesmo, Shakespeare se inspirou em mim pra história dele, ele só resolveu prolongar um pouquinho mais o meu fim, mas isso não vem ao caso.. Então.. Eu me fudi porque eu tive o Dejavu e tals, e na hora olhei pra cima pra ver se ia acontecer mesmo, a porra da GOTA caiu... Nem tudo é perfeito né Deus.
Bom, mas veja pelo lado positivo, serviu de inspiração pra eu criar esse texto!
Hahahaha... Já falei que fui aluno do Felipe Souza? Cara, o cara conhece mais gente do que eu!!! Não sei, mas talvez ele tenha sido o próprio Cristo!